24 de fevereiro de 2025
BANCO CENTRAL • atualizado em 30/01/2025 às 14:55

Presidente do BC não pode dar cavalo de pau em mar revolto, diz Lula ao defender Galípolo

Afirmando que não esperava milagres do novo presidente do Banco Central, presidente enfatizou que a missão é ter inflação e juros mais baixos
Presidente da República falou sobre alta nos juros e equilíbrio fiscal - Foto: José Cruz / Agência Brasil
Presidente da República falou sobre alta nos juros e equilíbrio fiscal - Foto: José Cruz / Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse fez a defesa da autonomia do novo presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo em entrevista coletiva no final da manhã desta quinta-feira (30). O presidente afirmou que não se surpreendeu com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido o ritmo até então registrado de alta de juros, elevando a taxa em um ponto percentual para 13,25% ao ano. Galípolo foi indicado pelo governo Lula.

“Uma pessoa que já tem a experiência de lidar com o Banco Central, como eu tenho, tem consciência de que, num país com o tamanho do Brasil, com a responsabilidade do Brasil, o presidente do Banco Central não pode dar um cavalo de pau no mar revolto, sabe, de uma hora para outra”, afirmou.

Segundo o presidente, a necessidade de subida de juros “já estava praticamente demarcada pelo outro presidente [do Banco Central, Roberto Campos Neto]. O Galípolo fez aquilo que ele entendeu que deveria fazer. Nós temos consciência de que é preciso ter paciência. Eu tenho confiança nisso,” completou Lula.

Durante a coletiva, o presidente disse ter “100% de confiança” no trabalho do novo presidente do BC. “E tenho certeza de que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele faça”, afirmou.

Missão e inflação e juros mais baixos, sinalizou Lula

“Nós, como governo, temos que cumprir a nossa parte. A sociedade cumpre a parte dela e o companheiro Galípolo cumpre a função que ele tem, que é de coordenar a política monetária brasileira e entregar para nós, dentro do possível, a inflação mais baixa e o juro mais baixo possível. É isso que vai acontecer. Eu já esperava por isso, não é nenhuma surpresa pra mim.”

Autonomia

Além disso, o presidente disse ainda que, em seu governo, o presidente do BC terá “autonomia de verdade”. “O [ex-presidente do Banco Central Henrique] Meirelles já teve, durante oito anos. Não foi um dia, foram oito anos”, lembrou, ao se referir ao período em que o goiano Henrique Meirelles assumiu a política monetária, entre 2003 e 2011.

Segundo o presidente, o recado dado por ele para Galípolo foi: “’Você vai ter autonomia. Faça o que for necessário fazer. O que eu quero que você saiba é que o povo e o Brasil esperam que a taxa de juros seja, dentro do possível, controlada’. Para que a gente possa ter mais investimento e mais desenvolvimento sustentável, gerar mais empregos e gerar mais distribuição de riqueza nesse país”.

“Eu não esperava milagre. Eu esperava que as coisas acontecessem da maneira que ele [Galípolo] entendeu que devem acontecer”, concluiu Lula.

Rombo fiscal

Lula negou que haja desequilíbrio ou rombo fiscal na gestão dele. “Rombo fiscal houve no governo anterior”, respondeu ao ser questionado a respeito. Ele destacou que se não tivessem ocorrido as enchentes no Rio Grande do Sul no ano passado, o país registraria o oposto, um superavit.


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