Comemorado nesta sexta-feira (15/10) o dia do professor deveria ser uma data que representasse o reconhecimento de uma classe que é a base do conhecimento de todos os adultos. A realidade, no entanto, é de desvalorização social, retrocesso econômico, além de ataques à liberdade de ensino. Para completar, o ambiente insalubre que a pandemia da Covid-19 expôs os trabalhadores dá contornos de insegurança sanitária. Essa é a avaliação do presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro-GO), Raílton Nascimento.
Em forte reflexão e desabafo sobre o Dia do Professor, que pode ser lido na íntegra clicando aqui, Raílton Nascimento clama: “Sou professor/a e exijo respeito!”. Ele cita o relatório da Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado em setembro de 2021 para demonstrar a desvalorização salarial que a categoria vem sofrendo. “Os salários dos/das professores/as brasileiros/as no início da carreira são menores do que os de professores/as em países vizinhos como México, Colômbia e Chile. O piso salarial daqueles/as que laboram nas séries finais do ensino fundamental, por exemplo, é o menor entre os 40 países pesquisados.”
Patrulhamento ideológico
Railton avalia que não adianta dar parabéns ao dia do professor, se o patrulhamento ideológico é latente e aumentou vertiginosamente com a exposição da categoria às aulas remotas durante a pandemia. “São incontáveis os casos de invasão à sala de aula online por estranhos, pais ou funcionários das instituições de ensino, para protagonizar atos grosseiros de patrulhamento ideológico”, destacou.
Tal patrulhamento, não colabora ao mesmo tempo que promove ainda mais retrocesso para a categoria que aos poucos vê muitos de seus professores ficando pelo caminho na profissão. “Os casos de assédio moral, de pressão desmedida sobre uma categoria já mal remunerada, em muitos casos sem reajuste salarial e sem convenção de trabalho ou acordo coletivo, têm levado muitos a desistirem da profissão, o que aumenta ainda mais o déficit social de professores/as”, pondera sobre a categoria no Dia do Professor.
Sem incentivo financeiro e à própria carreira, Railton indaga: “Qual sociedade terá qualquer perspectiva de futura sem professores/as valorizados, bem remunerados, com incentivo à sua carreira e formação?”
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Dia do Professor: Nada a ser comemorado?
Questionado pelo Diário de Goiás se no Dia do Professor de 2021 não havia nada a ser comemorado, Railton destaca. “Apesar de todos os pesares, de nesse período da pandemia o professor e a professora terem segurado nas costas, com suporte tecnológico própria, muitas vezes até tendo seu direito de imagem lesado, os professores são apaixonados na nossa profissão. É uma profissão encantadora”.
“Os professores e as professoras são apaixonados no que fazem e eu acredito que cada um de nós hoje, comemora a oportunidade de formar tantas pessoas, levar conhecimento numa época de negacionismo, formar cidadãos e cidadãs. Formar o pensamento crítico, politizar as pessoas. Bem diferente do que se pensa que o professor é um doutrinador. O professor forma a cidadania tendo em vista a diversidade do pensamento político, ideológico, religioso e filosófico do pais como determina a Constituição. Comemoramos hoje a dignidade dessa linda profissão que forma todas as profissões”, completa.