Candidata ao Senado quer corrigir desigualdades regionais, aliar a política de crescimento a um eixo de desenvolvimento e criar mecanismos para equacionar o acesso às riquezas aqui produzidas
O estabelecimento de mecanismos para equacionar o acesso às riquezas produzidas em Goiás é pauta prioritária para Marina Sant’Anna (PT), que concorre a uma cadeira no Senado Federal. A preocupação da candidata, única mulher no Centro-Oeste a disputar a vaga, em relação ao eixo de desenvolvimento local é validada por constatações como a do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que mostra que, se, por lado, houve aumento de renda no Estado, por outro, houve piora em indicadores sociais, como o acesso à cobertura previdenciária, que tem reduzido ao longo dos anos e hoje já é 10% menor que a média brasileira.
Outro exemplo, é o fato de Goiânia ser a cidade mais economicamente desigual da América Latina, conforme aponta o índice Geni. Na capital goiana, 20% dos mais pobres detém apenas 3,34% da riqueza, enquanto os mais ricos têm 63,06% dela. A vigência de uma política de estado pautada no crescimento e não no desenvolvimento é fonte primeira desse cenário de desigualdade. Em Goiás, segundo índice Gini, 3% da população vive em situação de extrema pobreza, apesar de nos últimos anos Goiás ter crescido acima da média nacional, de ser a nona economia brasileira e de participar com 2,7%, ou R$ 133 bilhões, da formação do Produto Interno Bruto (PIB).
“Goiás é um Estado com crescimento econômico significativo, chega a quase 3% do PIB. Os recursos entram a partir da agropecuária e da agroindústria, especialmente, mas também pelo serviço, comércio e outras áreas. Tem um grande rendimento, mas não tem distribuição. A riqueza é concentrada”, avalia Marina Sant’Anna. Mesmo com queda de 0,3% na concentração de renda, a menor redução do país entre 1996 e 2007, Goiás ainda registra altas desigualdades territorial na distribuição de renda.
O índice é baixo também no que tange a participação na geração de riqueza. O reduzido número de nove municípios, ou seja, 3,66% do total do Estado, responde pela maior parte do Produto Interno Bruto (PIB). Isso quer dizer que 96,34% dos municípios goianos, 237 deles, encontram-se fora do eixo do desenvolvimento. Vazio econômico que impacta, sobretudo, nas regiões nordeste, oeste e norte de Goiás. Para Marina, são cenários que tornam urgentes a projeção de novos rumos, repensar o modelo de crescimento, redefinir políticas e articular intervenções para fazer de Goiás um Estado, de fato, desenvolvido.
Diferenças – Segundo a pesquisa A Desigualdade da Renda no Território Brasileiro, feita pelo Ipea, entre 1996 e 2007 a região Centro-Oeste teve o segundo pior desempenho nacional na redução de desigualdades, com taxa de queda de apenas 1,2%. Em termos comparativos, no Nordeste, o recuo foi de 4,8% no mesmo período. Antagonicamente, a região Centro-Oeste foi a que mais cresceu neste mesmo recorte temporal, atingindo alta de 5,3% ao ano.
“Se a riqueza é concentrada, nós precisamos ter um eixo de desenvolvimento. O que nós temos atualmente em Goiás não é desenvolvimento, é crescimento econômico, que são coisas muito diferentes”, pondera a candidata ao Senado.
Para ela, Goiás precisa de um novo ciclo. Tanto, que o estudo Situação Social nos Estados feitos pelo Ipea, mostrou ainda que, entre 2001 e 2009 houve aumento de 35,3% na renda familiar per capita dos goianos. O crescimento permitiu que valor, que passou de R$ 465,2 para R$ 629, atingisse a média nacional, apesar de continuar aquém da média no Centro-Oeste. “O Brasil vive uma passagem de um ciclo de desenvolvimento para outro. Goiás também precisa dessa mudança. Isso exige de nós, que atuamos na vida pública, esforço muito maior para achar respostas que ainda não foram encontradas. Nós temos questões econômica, sociais e civilizatórias urgentes”, acrescenta. Marina Sant’Anna avalia que crescimento econômico precisa estar vinculado à distribuição de renda e correção das desigualdades.
“Goiás precisa de uma mudança de visão sobre o tema desenvolvimento, precisa de um projeto que incorpore uma porção de acessos. A gente quer que Goiás mude para melhor, inclusive havendo uma alteração profunda do que nós temos hoje”, finaliza.
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