07 de agosto de 2024
Cidades

Leilão de imóveis para construção do novo cemitério de Bela Vista tem lance único concretizado

Dos quatro imóveis colocados à venda, apenas o prédio do antigo Hospital Dr. Jean Saba Matrak, considerado o mais valioso, recebeu lance, no valor de R$ 3,5 milhões
O processo foi colocado em execução pela atual prefeita da cidade, Nárcia Kelly. Foto: Reprodução.
O processo foi colocado em execução pela atual prefeita da cidade, Nárcia Kelly. Foto: Reprodução.

Apenas um dos quatro imóveis colocados à venda pela Prefeitura de Bela Vista de Goiás, para a construção do novo Cemitério Municipal, teve negociação concretizada em leilão finalizado nesta segunda-feira (27). Considerado o mais valioso dentre os prédios colocados à disposição, o edifício, onde funcionava o Hospital Dr. Jean Saba Matrak, foi arrematado pelo valor de R$ 3,5 milhões, por um único lance, feito pela Souza Moraes Empreendimentos Imobiliários Ltda.

De acordo com a Prefeitura, o valor será utilizado para a aquisição de uma área de 90 mil m2 e o início das obras de construção do novo cemitério. Conforme o Executivo municipal, o atual cemitério da cidade possui vida útil estimada até “meados do próximo ano”.

Críticas

Embora o projeto tenha sido aprovado pela Câmara dos Vereadores, em 2023, adversários da atual prefeita do município, Nárcia Kelly (PP), criticam a venda do imóvel, sobretudo por se tratar de algo feito em seu último dos oito anos de gestão. Os políticos ressaltam, ainda, que o imóvel poderia ser útil para outras prioridades da cidade, como Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou outros órgãos que hoje funcionam em locais alugados.

“Na verdade, estranhamente, não se sabe porque fazer a venda desses imóveis tão importantes para o município no último ano [do mandato]. São imóveis bem centralizados. A prefeitura paga aluguel de outros prédios, e está fazendo essa venda nesse momento”, questionou o ex-prefeito de Bela Vista (tendo Nárcia como vice) e pré-candidato ao pleito municipal, Eurípedes José do Carmo.

A defesa foi para a aquisição de outras áreas ou mesmo a reforma da atual unidade. “A Prefeitura tem diversos imóveis na cidade, que, inclusive, está pagando aluguel de diversos imóveis e está desfazendo de alguns imóveis importantíssimos, tradicionais da cidade, em pontos importantes da cidade. Eu não sei o porquê disso. A gente imagina que a Prefeitura tem condição – se realmente há necessidade, e eu creio que há necessidade sim – de construir esse Cemitério, de construir inclusive com recursos próprios”, salientou, em entrevista ao Diário de Goiás.

Também em entrevista a este portal, o ex-prefeito e pré-candidato ao Executivo municipal de Bela Vista de Goiás, Marcos Teles (PT), destacou que a venda de imóveis públicos deveria ser a última alternativa a ser tomada por uma gestão. De acordo com o político, existem outras possibilidades, mais viáveis, para solucionar o problema. 

“Na minha gestão, que era uma situação muito mais difícil que está hoje, nós fizemos uma ampliação no atual cemitério sem vender nenhum imóvel, nenhuma agulha do patrimônio público. Então eu penso que falta um pouco mais de gestão para resolver essa situação”, frisou.

A venda dos imóveis é apoiada apenas pelo pré-candidato apoiado pela prefeita, o presidente da Câmara Municipal, Dione do Cará (PP). Segundo o político, as críticas feitas ao processo não passam de “politicagem”.

“Tem gente querendo tirar proveito. Quem faz é criticado e quem não faz, critica. Acredito que essa frase é verdadeira. Na política, o que dói na gente às vezes é ver pessoas que não querem ajudar. Só querem tumultuar, criticar, não apontam soluções. São grupos políticos querendo manipular as pessoas, tirar proveito”, ponderou.

Falhas no processo

O leilão dos imóveis não tem o respaldo nem mesmo do vice-prefeito de Bela Vista, Juliano Moreira (PRD). Na última quarta-feira (22), o político, que também é pré-candidato à Prefeitura sem o apoio de Nárcia, apontou falhas no processo, que seria a realização de consulta popular

“Fico sem entender porque os 11 vereadores votaram a favor de uma lei permitindo a venda, mas uma lei que contém vícios”, apontou o vice-prefeito. Segundo ele, o Plano Diretor e a Lei Orgânica do Município de Bela Vista exigiriam a realização de três audiências públicas para que a população de Bela Vista pudesse se posicionar favorável ou contrária à venda. Tais audiências, entretanto, não aconteceram. 

Em nota enviada pela Assessoria de Imprensa da prefeitura de Bela Vista, a chefe da Procuradoria Municipal, Daniella Cunha, informou, porém, que não existe na Lei Orgânica, no Plano Diretor nem na lei federal, “nada que obrigue a realização de audiências públicas antes da venda de imóveis”.


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