07 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 08/11/2021 às 12:31

Transporte coletivo: Reformulação passa por bilhete único e tarifas dinâmicas, mas depende de mudança na legislação

Reformulação no transporte coletivo passa por mudança na legislação estadual (Foto: Leoiran/DG)
Reformulação no transporte coletivo passa por mudança na legislação estadual (Foto: Leoiran/DG)


Prometida para o meio do ano e sem previsão de ser apresentada, a reestruturação no transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia terá como principal pilar mexer no preço que o passageiro paga criando um sistema que possibilite a implementação de uma tarifa variável de acordo com trechos e demanda e o lançamento do bilhete único que integre todos os modais públicos existentes na RMG. 

O debate caminha com a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) discutindo junto ao Estado e Prefeitura de Goiânia um Projeto de Lei (PL) que vai permitir uma nova modelagem do sistema na Região Metropolitana. A ideia é que a proposta possa ser aprovada pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) dentro dos próximos meses, talvez ainda em 2021.

LEIA TAMBÉM: Pensando em outras formas de financiar o transporte coletivo, Rogério Cruz quer acabar com tarifa fixa

O presidente da CMTC, Tarcísio Abreu, recebeu a reportagem do Diário de Goiás na sede da companhia e explicou que a remodelação consiste, principalmente, na política tarifária. “Sistemas que funcionam muito bem, como os de Brasília e São Paulo, têm tarifa de remuneração e outra pública-social”, conta. “O que a gente teria, seria uma linha de produtos com benefícios. O bilhete único seria uma das medidas. O cliente poderia se integrar em qualquer local, não precisaria estar num terminal. Isso é liberdade e agilidade. Busca-se uma flexibilização tarifária que dá poder para o usuário decidir a forma, o horário e o jeito que ele quer fazer a viagem”, detalhou. 

Linha de produtos que dê liberdade e poder ao usuário no transporte coletivo

Presidente da CMTC, Tarcisio Abreu concede entrevista ao repórter Domingos Ketelbey (Foto: CMTC)

“Quando eu faço essa integração que eu chamo de espacial, que eu posso me conectar à Praça Cívica e lá eu pego um novo ônibus sem pagar a tarifa com o mesmo bilhete eu dou liberdade e agilidade. Dou uma condição que hoje o passageiro não tem. Tudo isso eu posso dar ao cliente, mas hoje eu preciso dessa reestruturação”, pontua. “Estamos começando com o Pix, hoje a nossa bilhetagem é uma das mais modernas do país”, crava, garantindo que com a reformulação no transporte coletivo, será possível ofertar outros métodos de pagamento como por cartões de débito ou crédito.

“É isso que estamos buscando, essa flexibilização tarifária que dê uma linha de produtos para que dêmos ao usuário essa liberdade. Brinco que é dar poder ao usuário. Se o usuário percorrer uma distância pequena, dentro do seu bairro, que seja usando o transporte coletivo. Dar condição ao trabalhador que sai do trabalho e quer fazer uma compra numa padaria ou açougue que ele vê um preço diferente, ele pode parar desce, faz a compra dele e dentro de um período de tempo, ele volte ao transporte sem ter que pagar uma nova tarifa”, exemplifica.

LEIA TAMBÉM: Prefeitos devem se unir por uma mudança ‘definitiva’ no transporte coletivo, afirma presidente da AGM

A flexibilização do transporte coletivo atenderia todos os 19 municípios atendidos pela Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC). Por isso, destaca o presidente, deve haver aporte. “A questão da tarifa flexível precisa de investimento”, pontua. “O Estado é responsável pelos 16 municípios menores (da RMTC)”, lembra Abreu.

Certo é que o sistema de transporte coletivo precisa de uma mudança urgente, avalia Abreu. “O transporte público de Goiânia precisa de uma transformação. Exige uma nova remodelagem e eu acho que essa é a grande missão, é remodelar o sistema atual. Ele precisa de mudanças radicais”, pondera. “Novo investimento em ônibus, ao usuário para que ele tenha flexibilidade”, pondera.

NÃO DEIXE DE LER: Degradado, Eixo Anhanguera clama por investimento no transporte e urbanismo

Discussão avançada

Com uma perda acumulada de quase 80% nos passageiros do transporte coletivo ao longo dos últimos dois anos e meio, Abreu avalia que uma reformulação poderia ser um atrativo para que o cliente que abandonou o sistema possa retornar a utilizá-lo. 

De acordo com a CMTC, há um diálogo avançado entre os responsáveis pelo projeto de lei. As discussões começaram há algum tempo e a redação do PL está sendo elaborada pelo corpo técnico dos secretariados das administrações da capital e estadual. “Isso está muito adiantado. Já fizemos quatro reuniões. O prefeito Rogério Cruz e o governador Ronaldo Caiado sentaram, discutiram. O secretariado debate e está concluindo esse documento”, afirmou.

O projeto de lei complementar propõe alterar a lei de 1999 que criou a CMTC e a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC). O texto também atribuiu as respectivas responsabilidades pelo sistema de transporte coletivo da Grande Goiânia.

A partir do momento que houver autorização legislativa, a CMTC passa a operacionalizar o novo modelo. “Aí organizamos o novo sistema, com funcionamento de linhas. Também uma CMTC reestruturada, com poder metropolitano, que possa organizar todo o processo”, destaca.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.