Se teve programa melhor transmitido pela TV aberta em 2021 e esse não é The Masked Singer Brasil eu desconheço. Era o que o brasileiro precisava para dar um ânimo na semana e em especial, nas noites de terça-feira, sempre carente de um bom entretenimento. Na próxima terça-feira (19/10) quando será exibido a final do programa, descobriremos o campeão, mas o principal desejo do telespectador é saber mesmo quem está por trás da máscara. Por isso, existe toda uma áurea em torno daquele malfadado personagem eliminado.
Com um ano e sete meses de pandemia decretada acompanhada de tantas notícias pesadas no noticiários, o que o brasileiro precisava era terminar um dia, assistindo um entretenimento despretensioso que levasse nada a lugar algum e The Masked Singer Brasil entrega exatamente isso ao telespectador, além claro, de descobrir cidadãos inimagináveis cantando por trás de uma fantasia esdruxulamente bem feita.
Quem imaginaria que você imaginaria o pé-de-anjo, ídolo corintiano e um dos maiores jogadores do futebol brasileiro, Marcelinho Carioca cantando Essa Tal Liberdade, do Só Pra Contrariar, por trás de uma fantasia de Coqueiro? Sua eliminação no The Masked Singer Brasil, além de ter sido precipitada, foi injusta em minha humilde opinião, mas só não mais que a de Marrone, como Boi-bumbá.
No The Masked Singer Brasil, Marrone mostrou um lado que muitos não conheciam e provou porque é imprescindível para que Bruno faça sucesso como dupla. Por trás do Boi-bumbá, Marrone foi gigante e explorou um repertório versátil durante sua trajetória no programa. Incrível vê-lo cantar “Borbulhas de Amor”, do Fágner. Merecia ter ficado mais tempo e só não continuou porque teve uma batalha injusta contra Gata Espelhada, uma das finalistas do programa.
Fora das fantasias e de cara limpa, Ivete Sangalo também segurou bem a onda em apresentar. Começou um tanto insegura, mas foi ganhando confiança e apresenta a atração tão bem que não à toa, já é cogitada ocupar outras faixas de horários mais nobres na própria Globo a partir de 2022.
Além claro, da inovação em torno dos programas de auditório com jurados. Formatos com calouros e jovens talentos em busca da fama já caíram no marasmo da massificação, tanto é que o melhor episódio de The Voice Brasil é sempre o final quando acaba.
O time de jurados do The Masked Singer Brasil foi um ponto que acabou ficando meio existir por existir e sem muito pé nem cabeça. Tirando Simone, Taís Araújo, Rodrigo Lombardi e Eduardo Sterblitch soltam os nomes dos candidatos a estarem por trás da máscara de forma aleatória e sem muito nexo. Claro, Sterblitch trás uma áurea divertidíssima para o show e isso vale a pena.
Com o fim do The Masked Singer Brasil, as noites de terças irão ficar órfãs de um programa despretensiosamente interessante e que faça valer a pena ficar acordado, afinal, é um saco receber o spoiler no outro dia quando se lê as manchetes nas redes sociais.
Domingos Ketelbey
Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.