31 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 16/07/2021 às 17:39

Projeto do PT em Goiás é fortalecer candidatura nacional de Lula: “É inadmissível que o Brasil continue nesse fiasco”, afirma Kátia Maria

A presidente do PT, Katia Maria (Foto: Thaís Dutra/Arquivo DG)
A presidente do PT, Katia Maria (Foto: Thaís Dutra/Arquivo DG)

A presidente do PT em Goiás, Katia Maria não tem dúvidas que o Brasil vive um ‘fiasco’ sob a condução do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Nada pode ser mais desastroso que a gestão federal no combate à pandemia e por isso a legenda em Goiás quer somar catapultar dando musculatura no estado para a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições em 2022. Para isso, o partido pode abrir mão de um nome ao Palácio das Esmeraldas, algo que não acontecia desde 2010. 

“Queremos garantir o máximo de apoio à nossa candidatura nacional, é inadmissível que o Brasil continue nesse fiasco, colocando a vida do povo brasileiro. Mais de 530 mil pessoas mortas, a maioria delas, por irresponsabilidade de um presidente que sabe o que está fazendo, porque entrou para fazer negociata, entrou junto com milicianos e nós não precisamos permitir que o Brasil continue vivendo nesse atoleiro”, destaca Katia em entrevista ao Diário de Goiás.

Isso não significa, no entanto, que o partido não trabalhe uma alternativa para o governo do Estado. “Nós estamos preparados para apresentar o nosso projeto para Goiás. Lançamos no dia 16 de junho o plano de reconstrução e transformação do Brasil. Vamos debruçar neste segundo semestre da nossa proposta para o estado de Goiás, o PT sempre teve aí sua facilidade em se colocar nesse tabuleiro político e estamos pronto para isso de novo”, explica.

Na avaliação de Maria, quem paga a conta é o povo brasileiro. “É o povo brasileiro que está tendo o prejuízo, muitos com a vida, outros passando fome, só enquanto estamos falando aqui nessa entrevista 20 milhões de pessoas não tem o que comer hoje. 116 milhões não tem comida suficiente. 15% de desempregados, a crise que estamos vivendo a nível nacional é muito grave”, argumenta.

Seja como for, ainda é cedo para estabelecer um nome do partido ao governo, se este for o caminho. “Estamos dialogando o nosso projeto e estamos avançando na medida que vai ampliando o debate a gente vai definindo os nomes, mas o PT sempre teve facilidade. Eu fui candidata a governadora nas eleições passadas, estou à disposição do partido novamente e temos outros nomes que também podem representar bem o nosso partido. À medida que vai avançando o debate, a gente vai também avançando as alternativas de nomes”, pondera.

Antipetismo no estado

Katia reconhece que o PT em Goiás tem lá sua alta rejeição muito por conta do eleitorado predominante conservador. Mesmo assim, avalia que é possível quebrar essa barreira e convencer o eleitor que o partido irá tirar o Brasil desse lamaçal. “O estado é conservador, vem muito da base da agropecuária e do agronegócio. Mas temos dialogado, porque queremos ouvir todos os segmentos da sociedade, indiferente de ser de esquerda ou de centro, estamos buscando dialogar com o setor produtivo, temos estado bastante sintonizados com os micro e pequenos empresários que na verdade é quem movimenta mesmo a economia, gera emprego e tem tido muito pouco apoio tanto do governo do Estado como do Federal”, pontua.

Ela apela para a memória do comerciante para as gestões petistas. “Nós temos o que mostrar: nos governos Lula e Dilma, tanto o pequeno, o médio, o grande, o agronegócio ganharam muito porque foram governos que distribuíram renda, que colocaram o país como a quinta potência e nós temos condições de fazer isso de novo. Eu tenho conversado, apesar de ser um estado bastante conservador, eu ouço também, muitos relatos de pessoas, inclusive do agronegócio, que na época do Lula e da Dilma, a vida estava melhor, os negócios estavam mais fáceis.”

Caiadismo contra o povo

Se o governo federal faz uma má gestão contra a pandemia, Katia pondera que Caiado tem feito uma administração ‘contra o povo’ com reformas no serviço público estadual e em intervenções na Universidade Estadual de Goiás (UEG). “Não é um governo diferente do Bolsonaro, muito pelo contrário, os dois são alinhados não apenas no discurso mas sobretudo nas ações. Se nós pegarmos os projetos que o Bolsonaro aprova a nível federal, aqui em Goiás, alguns são mais prejudiciais ao povo que o Caiado conseguiu aprovar. Nós podemos pegar o trato dele com os servidores públicos, o desmonte das Universidades Estaduais, a UEG… O Caiado de forma bastante autoritária, fazendo um desmonte do ensino superior estadual, assim como o Bolsonaro tenta fazer nas Universidades e Institutos Federais”, pontua.

Apesar de não ser negacionista como Bolsonaro, Caiado não fez uma gestão efetiva quanto à pandemia. Ela questiona os programas adotados pelo Estado durante o período mais acentuado da pandemia, onde os decretos estaduais impuseram o fechamento do comércio e restrição na circulação de pessoas. “Não tem uma política efetiva que pudesse enfrentar a pandemia e possa garantir de forma estratégica o enfrentamento da crise sanitária que nós vivemos além da crise econômica, porque os empresários têm muito pouco apoio do governo do Estado, as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade, menos apoio ainda e o governo só com propaganda. Estamos vendo a propaganda dos programas de assistência social, mas  para o ano que vem, a fome não espera, quem tem fome tem pressa, a pessoa precisa comer hoje. E você ter cesta como grande programa social, é muito pouco, porque as pessoas precisam pagar energia, água, comprar remédio, pagar aluguel, a transferência de renda seria uma ação mais efetiva e acertada, coisa que o Ronaldo Caiado não fez”, destacou.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.