23 de dezembro de 2024
Publicado em • atualizado em 26/07/2021 às 20:30

Pensando em outras formas de financiar o transporte coletivo, Rogério Cruz quer acabar com tarifa fixa

(Foto: Fernando Leite/Prefeitura de Goiânia)
(Foto: Fernando Leite/Prefeitura de Goiânia)

O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos) quer ‘resolver o problema’ do transporte coletivo e pretende apresentar em breve um novo modelo que remodelará o sistema para a região metropolitana. A ideia do republicano é acabar com a tarifa fixa que hoje está congelada em R$ 4,30, além de criar novas fontes de receitas para que as empresas possam tocar a operação sem dificuldades.

Prometida para ser apresentada à população em junho, a proposta é mais melindrosa porque não depende apenas do republicano. Afinal de contas, envolvem outras cidades. “Eu não posso pensar sozinho nesse modelo de sistema. Eu tenho que pensar na região metropolitana. Se eu for pensar sozinho, eu posso fazer e criar um sistema único para Goiânia, mas estarei atrapalhando e impedindo que o povo da Região Metropolitana de chegarem até Goiânia”, pondera. 

A ideia é implantar preços dinâmicos e atrair de volta o passageiro que aos poucos foi abandonando o serviço. “Hoje, o cidadão sai de Bela Vista para Goiânia paga 4,30 e o cidadão sai da Praça Cívica para a Praça do Trabalhador também paga 4,30. É muito injusto. É mais fácil ele pagar um Uber. Eu quero dar condições das pessoas utilizarem o transporte público, sendo assim, o modelo do transporte público deverá ser diferenciado e atraente, ao ponto de eu poder deixar o meu carro num estacionamento e poder seguir no transporte público sem ter problema.” 

Com o novo sistema, Cruz quer impor mais transparência ao transporte e as empresas que tem a concessão do serviço. “Hoje, por exemplo, se você me perguntar quantos passageiros usaram o transporte público eu não sei. Se você perguntar ao governador ele também não sabe. Por isso o pessoal costuma dizer que hoje temos uma caixa-preta que ninguém tem acesso. É essa a dificuldade que temos em dizer como podemos avaliar o transporte público ou como podemos alterar a qualidade do transporte público. Não sabemos como mudar a qualidade porque não sabemos o que entra e o que sai. Com o novo sistema, não. É diferente, porque nós teremos acesso, além de tudo isso, teremos condições de novos fundos que serão criados para tratarmos o transporte público”, pontua.

Para auxiliar a redução da tarifa, Rogério Cruz quer criar outras formas de financiar a passagem. O republicano cita um exemplo. “Através de estacionamentos no centro da cidade. É um sonho, desejo e vamos fazer isso: estacionamentos verticais, qualquer capital hoje tem isso. Goiânia só tem um e é o mais antigo de todos. Isso faremos em todos os pontos da cidade”. 

Ele pretende usar a Castelo Branco / Mutirão como centro de estacionamentos verticais na cidade. “Iremos transformar a Castelo Branco em um grande ponto primordial do agronegócio que será a agrovia. Pretendemos criar ali estacionamentos verticais com salas de espera, os empresários não vão precisar ficar rodando com carro, ele pode comprar pelo celular e a empresa deixar lá. São essas as condições que queremos dar para as pessoas quando chegarem a Goiânia.”

Abacaxi do transporte coletivo

Um dia após ser diplomado para o mandato, Rogério Cruz viu o transporte coletivo de Goiânia parar. ‘Colapsadas’ as empresas pediam socorro financeiro frente a crise do coronavírus e desligaram as chaves dos veículos deixando os passageiros plantados nos pontos de ônibus da Região Metropolitana da capital. Seu antecessor, o prefeito Iris Rezende (MDB) resumiu o problema: era um abacaxi que precisava ser resolvido e que acabaria nas mãos do próximo gestor.

Naquele contexto tumultuado, Rogério Cruz se jogou no debate. Pegou o telefone e ligou para o presidente do Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo da Região Metropolitana de Goiânia (SET) e foi em busca da solução. “Eu me propus a resolver o problema. Não poderia resolver naquele momento porque não tinha tomado posse, mas ao tomar posse disse a ele que queria ajudar a resolver o problema”, relembra. 

Após muita discussão o imbróglio foi resolvido e o Plano Emergencial para Socorro Financeiro as empresas finalmente acertado. “Eu aceitei pagar os 41%, o governador também aceitou pagar os 41% que era referente às cidades da Região Metropolitana com exceção a Canedo e Aparecida. Eu entrei com a minha parte, Aparecida com 9,28% e Canedo com aproximadamente 8%. Ficaram pendentes mas a Justiça entrou e mandou pagar. Eles já acertaram essa semana, agora estão livres com essa questão. As empresas estão aliviadas, não tem o que reclamar, concluí.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.