22 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 06/08/2020 às 20:57

Nando Reis, Guilherme Arantes e uma canção para alegrar bebês

Guilherme Arantes, autor e Nando Reis, interprete de 'Lindo Balão Azul' (Foto: Mais Brasil/FB)
Guilherme Arantes, autor e Nando Reis, interprete de 'Lindo Balão Azul' (Foto: Mais Brasil/FB)

Esqueça por uma fração de tempo o desastroso cenário político que vivenciamos. Também desligue sua mente sobre os números exponenciais do coronavírus no Brasil. Neste momento, eu quero falar sobre Nando Reis, Guilherme Arantes e canções que acalmam filhos, ou uma em especial.

Me recordo de ir à dois shows do ex-titã. Um inclusive, em 2012, no velho (saudades) Festival de Internacional de Cinema Ambiental (FICA). Reunidos com mais outras 20 mil pessoas estava eu lá, cantando “estranho é gostar tanto do seu all star azull” que “combina com o meu preto de cano alto” e “pra você guardei o amor que nunca soube dar”, além de outras menos romantiquinhas. Pulei cantando “O mundo é bão, Sebastião…” entre um outro arsenal mais contagiante. Nostalgia.

Guilherme Arantes é outro cara peculiar. Dispensa comentários e influencia gerações. Na primeira live que organizou neste período de pandemia teve fôlego para tocar por quase cinco horas. Tocando todas as músicas num teclado dentro de um quarto na sua casa. Sem banda e outras firulas. Live raiz.

Entre “Planeta Água”, “Amanhã” uma de suas canções mais marcantes é “Lindo Balão Azul” para o programa infantil Pirlimpimpim da Rede Globo. “Pegar carona nessa cauda de cometa, ver a Via-Láctea, estrada tão bonita” é um dos trechos mais chicletes para as criancinhas. Dizem que muitos quarentões tiveram seu primeiro contato com a MPB por meio do Arantes. Nostalgia.

Há 10 anos, Nando Reis colocava “Lindo Balão Azul”, de Guilherme Arantes no set-list de seus shows, inclusive colocando a música no CD ao vivo “Bailão do Ruivão”, gravado no mesmo ano com Os Infernais. A versão é não menos marcante. Nando Reis tem uma voz peculiar e o moderno arranjo deu um toque extraordinário para a composição de Arantes.

Dia desses, minha filha, uma neném de três meses que balbucia “abu” e “ahhhin” o tempo todo, não se sentia bem. Muito provavelmente estava com reações à uma vacina que havia tomado. A Vacina Meningocócica conjugada quadrivalente (ACWY) previne meningite e infecções generalizadas causadas por uma bactéria. Entre os colaterais, estão febre, perda de apetite, sonolência, irritabilidade, choro anormal, inquietação. Mas calma, paciência, pensa e não surta.

Muito irritada, com um choro anormal e inquieta, estava difícil controlar a pequena que não tem mais que meio metro. No desespero de tentar acalmá-la, lembrei de ter lido em algum canto que dancinhas entretém nenéns. ‘Será?’  Num lapso momentâneo, coloquei-a sobre a cama, abri o Spotify e lembrei de Lindo Balão Azul. A versão do Nando Reis era a primeira.

Com alguns segundos, o choro foi sendo substituído por um delicioso sorriso à medida que ouvia Nando Reis cantar e ver minha dança ‘bem doidona’. O que eu não esperava é que aquilo faria a pequena gargalhar descomunalmente por alguns minutos, algo que nunca havia acontecido e eu não pude sentir outra coisa senão uma das maiores alegrias que poderia vivenciar. Ver o show da sua banda preferida in loco (me lembro a primeira vez que vi Maiden, que êxtase), o título do seu time do coração (não sei se terei essa experiência com o meu), receber o primeiro salário, São momentos marcantes que nos levam ao êxtase da alegria e felicidade.

Nada do que citei no parágrafo anterior paga esta miscelânea de sentimentos em ver sua filhinha sair de um incômodo terrível e navegar pelos mares das gargalhadas infindáveis. Não deu outra. Eu e minha noiva caímos num incrível canavial de emoções que logo se converteram em lágrimas inesquecíveis. Dos momentos marcantes e únicos da vida, das músicas boas que alegram bebês. 


Domingos Ketelbey é repórter do Diário de Goiás, editor do Esquina Futebol Clube e pai recém-nascido. Escreve crônicas do cotidiano e também sobre futebol, política e cultura popular.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.