22 de dezembro de 2024
Publicado em • atualizado em 14/09/2020 às 21:59

Na convenção do PSC, Wilder confirma Nega da Moda como vice; candidatos falam em racismo

"Essa palavra me persegue", disse Nega da Moda sobre racismo (Foto: Fernando Leite)
"Essa palavra me persegue", disse Nega da Moda sobre racismo (Foto: Fernando Leite)

Na convenção do PSC que formalizou a pré-candidatura à prefeitura de Goiânia, Wilder Moraes e consolidou Valdeci Ribeiro, a Nega da Moda (Avante) no cargo de vice, não faltou promessas de uma renovação de Goiânia. Moraes quer reconstruir o centro da cidade, que segundo ele está “morto”. “Mas não pela covid-19”. Por conta do abandono mesmo. Mas antes disso, sobrou para o Republicanos que abandonou o barco após o anúncio da legenda cristã em sustentar Valdeci no cargo. O evento aconteceu na Região Noroeste, nesta segunda-feira (14/09).

No entanto, ao longo da convenção, não faltou apoio à Nega da Moda. Se o Republicanos não gostou do anúncio em que formalizava Wilder ao cargo, os partidos que compõe a coligação junto ao PSC também não gostaram da repercussão. “Nos desrespeitaram. Desrespeitaram cada mulher”, afirmou Lea Klebia, vereadora e presidente municipal da legenda cristã.

Com representantes do Avante e o PMN no palanque, Moraes afirmou que se reuniu com todos os quatro presidentes dos partidos da coligação, incluindo o Republicanos e ficou definido que o indicado à vice seria uma mulher. “Depois da escolha da nossa vice que armou toda essa confusão. Não sei porque pois é uma mulher”, pontuou.

Wilder reforçou que mesmo após pressão para mudança, disse que não mudaria a indicada. “Então, Nega, eu não mudei seu nome por conta do partido não. Mudaria só por você ser negra e pobre? Você representa um segmento muito grande para Goiânia. Você representa a moda, a região da 44, o centro da cidade, a Bernardo Sayão, a 85, Taquaral que é a minha cidade que é a capital da moda da lingerie”, disparou.

A Nega ‘da superação’

Valdeci disse que seria breve em sua fala e assim o fez. Rememorou sua trajetória ao longo da vida. Na biografia da Nega, ela perde seu pai com dois anos de idade e aos 12 começa a trabalhar. Sua mãe teve oito filhos e logo teve de ajudar financeiramente sua casa. “Tenho muito orgulho da minha mãe”, salientou.

Nessas eleições, “foi abraçada por Wilder”, ela por sua vez, retribuiu. “Há 15 dias eu estava desistindo dessa campanha e ontem para surpresa o Wilder me convidou porque acredita no meu projeto e eu acredito no projeto dele. Nós trabalhamos para o povo. Nós não queremos mais asfalto, não queremos mais praças, queremos dignidade, trabalho.”

Ela não citou o Republicanos, mas disse que confidenciou à amigas que estavam preocupadas com a derrocada do partido que decidiu à toque de caixa apoiar o MDB que aquilo “era um livramento”. Emocionada, indicou que sofreu racismo no episódio.

“Alegre por esse momento, mas triste por outro. Em pleno século 21 ainda existe o racismo. Essa palavra me persegue. É uma palavra perversa. É uma palavra injusta. Não ao racismo. Eu tô aqui porque tem muita gente que queria estar aqui no meu lugar. Mas o meu prefeito é homem de palavra. Não é ratazana. É um político diferente. É o que vocês tem me pedido: vamos fazer o novo. Wilder está preocupado com Goiânia e a Nega da Moda está preocupado com todas as mulheres”, disparou.

“O centro está morto”

Wilder pontuou sua trajetória de destaque à frente do Senado Federal para destacar sua competência e preparo à assumir a cadeira que hoje é de Iris Rezende (MDB). “Fui o senador que mais trouxe recursos para Goiás”. Também relatou que fez sucesso durante o período à frente da secretária de Indústria e Comércio (SIC).

Destacou que vai industrializar ainda mais Goiânia. Na região Noroeste garantiu que levaria outras indústrias para lá. Mas foi o Centro da cidade o seu principal destaque. Falou em abandono pelo poder municipal. Disse que as lojas estavam se mudando de lá. Quer reavivar o velho centro e dar condições de segurança tanto para os lojistas como para as pessoas andarem por lá.



“O centro da nossa capital está morto hoje. Não por conta do covid. Mas por conta do abandono. Os políticos esqueceram do nosso centro. Quebrando as nossas lojas. Tirando a vocação que era o Centro sendo referência que era. Hoje, sente-se abandonado por todos. Hoje já estão abandonando a 85, a Bernardo Sayão, a Avenida 24 de outubro. E nós vamos devolver o centro da cidade”, afirmou.

Sua proposta para o sucesso? “Vamos criar um programa de incentivo, com cidade tecnológica, monitoramento da nossa Guarda Municipal, parcerias com a Polícia Civil e Militar e vamos tornar o Centro da Cidade um enorme shopping aberto”, ressaltou.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.