06 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 13/07/2021 às 21:32

“Monster Bus”: Dia do Rock com show à vista, EP Novo e o Santo Judas de Trindade

Metal pesado cantado em português sobre a cidade, o transporte coletivo e a sociedade
Metal pesado cantado em português sobre a cidade, o transporte coletivo e a sociedade

Quando a Monster Bus estava aquecendo os motores para um triunfal retorno aos palcos, então, apareceu uma pandemia no meio do caminho. É verdade que os integrantes até já tinham feito algumas apresentações, mas quando a rotina ia entrando nos eixos, eis que tudo parou e o calor com o público teve de ser interrompido. Com a vacinação em andamento e a retomada gradativa das atividades, no entanto, os shows aos poucos podem se tornar uma realidade. 

Pelo menos, shows sem público. É que a banda foi selecionada para participar da programação cultural do Teatro Sesc em um show que será agendada no segundo semestre de 2021. É o reencontro da banda com os palcos, distantes desde setembro de 2019, quando os metaleiros fizeram duas apresentações em Terminais de ônibus da região Metropolitana de Goiânia. 

Nessa terça-feira (13/07), dia do rock, o vocalista e um dos fundadores da banda, Cézane Eduardo Siqueira, o CZ, falou com o blog sobre as expectativas quanto à retomada de eventos. Na realidade, continuidade. Desde o retorno da Monster Bus em 2018, nunca deixaram de estar juntos. Seja compondo novas músicas, gravando videoclipes e EPs, além de tocarem nas tradicionais lives da pandemia. 

“A gente vem trabalhando muito desde o início da pandemia, já que não podemos fazer shows em função das várias restrições do poder público. Então focamos em produzir. Fizemos duas lives, gravamos um EP ao vivo acústico e acabamos de lançar isso em todas as plataformas”, destaca CZ. Mas agora, para além do passado, há rumos novos.

A tragédia das 530 mil vidas perdidas ao longo da pandemia rendeu inspiração para uma música nova: “Perdas e danos” estará no próximo EP, acompanhando outras três canções. “É em homenagem as pessoas que os integrantes perderam. Próximas à nós”, explicou. “As temáticas vão ser nessa pegada. Bem atuais.”

Para quem escreveu a trilogia do trânsito com o Eixo Anhanguera como protagonista, agora a banda decidiu ‘rodar’ por Trindade para pegar inspiração para outra canção do novo EP. “Será inclusive, a que música de trabalho. Vamos fazer um clipe em cima dela”, destaca. O apóstolo Judas Iscariotes caminhou com Jesus Cristo por algum tempo. Dada a confiança que tinha no filho de Deus, chegou a ser tesoureiro da trupe. Mas deu no que deu e a história cristã a gente conhece: 30 moedas de prata, beijo, traição e Cristo entregue aos soldados romanos. 

Não que seja uma música sobre Cristo e Judas, como disse, eles foram para Trindade buscar a fonte de toda a criatividade. É que a música se chama ‘Padre Judas’. “Vai contar um pouco da nossa visão em relação a tudo aquilo que aconteceu em Trindade. Os escândalos envolvendo o reitor da Basílica. Tem muita coisa com uma pegada bem rock’n roll bem heavy metal” explica CZ.

Como tocar num ponto tão sensível sem medo de processos ou até mesmo incomodar possíveis religiosos? “A gente teve uma temática voltada até mesmo para tudo aquilo que a religião propicia às pessoas. O excesso de fanatismo, tudo exagerado. Não podemos falar muito que é uma coisa ainda que está sendo guardada a sete chaves. Essa preocupação e cuidado a gente teve. Mas como a maioria das músicas que fazem essa abordagem social a gente tem uma pegada, uma temática voltada a essa coisa de poder dizer um pouco dessa forma bem fácil e gostosa do nosso público interpretar para também ter uma pegada bem rock in roll. O rock in roll dá essa liberdade. A música dá essa linha de dizer tudo que a gente sente e quer. Muitas bandas fazem isso e tem essa pegada crítica de transmitir e fazer uma reflexão. E é voltado para isso que preparamos esse EP”, concluí.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.