23 de dezembro de 2024
Publicado em • atualizado em 23/03/2022 às 10:41

Marconi Perillo diz que atual eleição lembra campanha de 1998

Marconi Perillo em evento no diretório do PSDB, na manhã desta terça-feira (22). Foto: Divulgação
Marconi Perillo em evento no diretório do PSDB, na manhã desta terça-feira (22). Foto: Divulgação

Dadas às proporções e suas características contextuais, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) avalia que o atual período eleitoral lembra, 24 anos atrás, quando em 1998 foi eleito ao Palácio das Esmeraldas pela primeira vez. O retorno ao tempo foi feito nesta terça-feira (22/03) em evento com jovens tucanos em um hotel no centro da cidade. Às palmas e numa retórica positiva, a juventude tucana legenda pediu para que Marconi se candidatasse mais uma vez e fosse ao debate contra o atual governador Ronaldo Caiado (UB).

Vamos ao contexto: de acordo com o ex-governador, às vésperas da eleição em 1998, ninguém queria enfrentar o então senador Iris Rezende Machado (MDB) que tentava mais uma vez chegar ao Palácio das Esmeraldas. Com a oposição fragmentada e enfraquecida, sobrou para o jovem deputado federal Marconi Perillo (PSDB) aquilo que poderia ser uma aventura política, afinal de contas, tinha reeleição garantida e sua candidatura ao Governo colocava o mandato em risco. De lá pra cá, o tucano ganhou aquela eleição e por quatro mandatos administrou o Estado de Goiás.

“Essa eleição me lembra um pouco a de 1998, guardada as diferenças. Naquela época todo mundo dizia que o Iris era imbatível mas que não votava nele. Nessa eleição as pessoas nem dizem que o atual governo é imbatível, elas dizem que o governo é forte, tem a máquina, é favorito, mas não votam. Esse ambiente e tipo de pensamento e reflexão tem aumentado muito”, destacou o ex-governador iniciando uma série de críticas ao governo ao qual chama de “fake”.

Depois entrou em mais detalhes com relação ao período. Ao lado do deputado Hélio de Sousa (PSDB), pontuou o receio que os candidatos tinham de enfrentar o ex-prefeito de Goiânia. “Em 1998, ninguém queria ser candidato a governador de Goiás para enfrentar o Iris. Caiado não queria, Lúcia Vânia não queria. Ficamos três dias com uma convenção parada porque ninguém queria. Todo o mundo temia enfrentar o governo. A máquina era fortíssima, a imprensa, os empresários, todo o mundo tava num projeto só e a gente sozinho do lado de cá”, rememorou.

Sobrou para Marconi, que abandonou o projeto de reeleição à Câmara dos Deputados para entrar na missão de derrotar Iris Rezende e o MDB. “Eu por exemplo, tava muito bem para ser candidato a reeleição de deputado federal, joguei de lado um projeto pessoal em função de um projeto coletivo porque achei que era importante estabelecer um contraponto, o contraditório, o debate, irmos para a luta, apresentar um projeto novo para o estado e graças a Deus que isso aconteceu, porque o estado mudou completamente daquela época para cá”, disparou.

Sem tempo para traidores

Pouco antes do meio-dia, enquanto Marconi Perillo discursava, a quilômetros de distância do centro de Goiânia, o ex-presidente do PSDB em Goiás, Jânio Darrot recebia o atual governador de Goiás, Ronaldo Caiado para anunciar apoio ao projeto de reeleição do democrata. Um dos articuladores da aliança foi o deputado estadual Chiquinho Oliveira, que por muito tempo esteve junto com os tucanos e até pouco tempo era filiado ao PSDB. A traição chegou a ser citada por algumas lideranças antes do ex-governador tomar o microfone para uso da palavra.

“Muitas pessoas ficam perguntando ou criticando os que aderiram, os que não resistiram ao canto da sereia. Eu não me preocupo com eles, nem com isso. São pessoas às vezes fracas de espírito, de liderança. Alguns, se acostumaram à sombra do poder durante os nossos 20 anos de liderança”, falou sendo interrompido por palmas. “Tem gente que não consegue aprender a ser oposição porque se acostumou com o poder e na minha vida foi tudo diferente. Eu fui governo, fui oposição, fui governo, oposição e eu me moldei na luta, no enfrentamento.”, disparou.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.