Há um mês, a filiação do ex-governador e ex-tucano José Eliton ao PSB dava novos contornos à chamada frente ampla de partidos e forças progressistas em Goiás. Vice-governador nas gestões tucanas e titular do Palácio das Esmeraldas entre abril e dezembro de 2018, o advogado se tornaria um elemento que poderia ampliar o leque de legendas que fortaleceriam em Goiás as candidaturas do pré-candidato a ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Apesar das resistências entre os setores à esquerda, o ex-governador vinha pavimentando seu espaço e resolvendo arestas, resolvendo impasses que tinha com outras legendas como o PSOL, que mesmo colocando obstáculos ao ex-tucano, já aceitava dialogar em prol de um palanque fortificado para uma candidatura que fizesse oposição ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e o presidente da República Jair Bolsonaro (PL).
Acontece que a dificuldade em montar uma frente ampla já nasce dentro dela mesma. PT, PV e PCdoB em Goiás, parecem que não estão conectados e foram à mesa para conversar apenas duas vezes desde que a configuração política foi aprovada. Como dar crédito a uma coligação oposicionista no estado e ao governo federal, se a sigla verde ainda faz parte da base do governador Ronaldo Caiado e até pouco tempo atrás, torcia para manter o apoio ao democrata?
O PT trabalha há quase um ano o nome do ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Wolmir Amado e sempre disse que aceitava abrir mão desta pré-candidatura caso outro nome pudesse ampliar os palanques. Nos bastidores, uma tentativa de conversas com Gustavo Mendanha foi iniciada. Mas a postura neutra do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia fez não avançar os diálogos. No fim das contas, o ex-emedebista abraçou o bolsonarismo e se filiou ao Patriota.
Ao mesmo tempo, um ensaio ao tucanato foi feito em conversas com o ex-governador Marconi Perillo que, à época, tergiversou o diálogo. Com a pré-candidatura nacional se consolidando (e mais tarde ruindo) do ex-governador de São Paulo, João Doria, as conversas acabaram minguando. Agora, a direção nacional do PT achou que seria interessante abrir diálogo com Perillo, mesmo com as resistências apontadas pelo tucanato. Presidente do PT em Goiás, Katia Maria diz que não há o que se falar nessa aliança em Goiás. Outros setores petistas dizem que é complicado imaginar essa dobradinha a não ser que Marconi vá atrás do partido, coloque de lado as disputas do passado e defenda com unhas e dentes o presidente Lula em solo goiano. Quem imaginaria esse cenário?
Com a demora em definir a pré-candidatura que encabeçará a Federação, o PT coloca toda a conversa de união entre os partidos em risco, afinal de contas, o PSB já avisou que apesar de apoiar Lula e Alckmin, não caminhará com as mesmas diretrizes do PT local. Trata-se de um risco. Se o PSB decidir voltar em uma pré-candidatura ao Governo, seja lá qual o nome escolhido, consequentemente daria forças a Ronaldo Caiado.
Em vez de unir, a frente ampla em Goiás está dividida. As esquerdas em Goiás, tais como as células, mais vêm se dividindo do que unindo. Enquanto demoram a anunciar suas decisões, sentam juntos em reuniões esporádicas e fazem troca de recados pela imprensa, a direita se fortalece e o governador Ronaldo Caiado caminhará, consequentemente, para sua reeleição estadual.