12 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 02/02/2022 às 16:03

Fora do MDB, Luiz do Carmo se afasta de Caiado e aproxima da oposição

O senador da República, Luiz do Carmo saiu do MDB e se afasta do governador Ronaldo Caiado (DEM) (Foto: Jefferson Rhudy)
O senador da República, Luiz do Carmo saiu do MDB e se afasta do governador Ronaldo Caiado (DEM) (Foto: Jefferson Rhudy)

O senador da República, Luiz do Carmo anunciou ontem (01º) a desfiliação do MDB e ruma a passos largos para caminhar nas eleições 2022 com um nome que hoje se apresenta como oposição ao governador Ronaldo Caiado (DEM). O democrata e o ex-emedebista eram aliados de primeira mão até pouco tempo. “Preciso estar junto de pessoas que me tratam bem e hoje quem está me tratando bem é o Gustavo Mendanha e vou te falar que até o ex-governador Marconi Perillo”, destacou Do Carmo ao Diário de Goiás ao ser questionado se caminharia com o prefeito de Aparecida durante o período eleitoral.

O aceno ao prefeito de Aparecida de Goiânia ficou ainda mais evidente no último final de semana, em Rio Verde. Presente na convenção das Assembleias de Deus do município, Do Carmo pediu ajuda para que os evangélicos reelegessem o presidente da República Jair Bolsonaro e encheu a bola de Mendanha. “Gustavo, você tem uma missão complicada mas se Deus quiser, a sua vitória [virá]. Vai ser o primeiro realmente governador evangélico do estado de Goiás”, disse ao possível pré-candidato ao Palácio das Esmeraldas.

Ao Diário de Goiás, Do Carmo pontuou que a frase não foi a formalização de um apoio, que poderá vir em breve. O que aconteceu em Rio Verde foi apenas elogio a um jovem político promissor. Se o seu futuro político está no PL, Do Carmo pediu parcimônia para cravar a nova legenda. Ele avalia que ainda tem tempo para definir mas que conversa com mais de um partido. “São vários. Não posso mencionar ainda”.

O agora ex-emedebista nunca escondeu que queria se candidatar para a reeleição ao Senado Federal. Também sempre insistiu que isso deveria acontecer junto com o governador Ronaldo Caiado (DEM), mas a demora do democrata em dar-lhe garantias de que isso aconteceria acabaram o incomodando e promovendo o afastamento.

Senador já havia revelado incomodo com Caiado

Do Carmo foi eleito para a primeira suplência do então senador Ronaldo Caiado em 2014. Quatro anos depois, assumiu a cadeira do Senado Federal com a eleição do democrata ao Palácio das Esmeraldas. De lá para cá, avalia que sua trajetória com os municípios deveria ser levada em conta e que Caiado não deveria ignorar seus feitos ao longo dos últimos três anos.

“Eu estou trabalhando muito e já fiz por merecer essa pré-candidatura ao Senado Federal”, defende. “Quando eu assumi há dois anos e pouco o mandato eu percebi os problemas dos municípios e consegui levar mais de 300 milhões em emendas. Hoje eu sou conhecido por 100% dos vereadores e prefeitos e tenho apoio deles e de secretários”, argumentou em entrevista ao Diário de Goiás concedida em novembro do ano passado.

Com tanta bagagem, talvez fosse natural que o governador Ronaldo Caiado (DEM) o colocasse como nome da chapa governista a reeleição. Apesar de já ter anunciado o presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, como pré-candidato à vice-governador, o democrata ainda faz mistério com relação ao candidato para o Senado. “Se ele antecipou o vice, ele também poderia ter antecipado também o nome para o Senado Federal”, avaliou Luiz do Carmo.Se a indefinição incomodava ou não, Luiz do Carmo não poupou palavras.

“Incomoda muito. Pelo vice, ele escolheu a mais de ano. Esse negócio quanto mais ele deixa para depois é ruim. Eu queria caminhar e quero caminhar com Caiado, mas deixa eu te contar: algumas coisas acontecem na política que não tem jeito de voltar. Por exemplo, o presidente Bolsonaro, eu vou [caminhar] com o presidente, vai que surge uma outra candidatura, como eu vou fazer? A minha preferência é pelo Caiado. Só que eu tenho de decidir minha vida o mais breve possível”, ponderou à época.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.