O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu que nesta quarta-feira (02/06) era dia de aparecer na televisão aberta para fazer um novo pronunciamento à nação brasileira. Em meio à CPI que investiga possíveis omissões do governo federal e mais de 465 mil óbitos pela Covid-19, o chefe do executivo defendeu a realização da Copa América e criticou medidas de contenção à pandemia, como o distanciamento social. Nas janelas de apartamentos em Goiânia, o que se viu, foram os sons de panelas nos tradicionais “panelaços”.
Os “panelaços”, comuns quando as insatisfações eram com os governos petistas conduzidos por Dilma Rousseff, aos poucos reaparecem. Desta vez, com Bolsonaro. A diferença é que a ex-presidente teve um desgaste de treze anos do PT no poder do governo federal. Ela, seis anos (com uma reeleição).
Bolsonaro tem apenas dois anos e meio. Vai para o último tentando reunir os cacos de um país dilacerado. Hoje, lamentou “cada vida perdida”. Meses atrás, questionado sobre tantas mortes respondeu: “Quer que eu faça o quê, não sou coveiro”. Deve ouvir vários panelaços durante esse tempo.
Goiás elegeu com sobras Jair Bolsonaro. Foram 65% dos votos válidos em cima do candidato derrotado do PT, Fernando Haddad. Quase três anos após, o panelaço indica insatisfação. Afinal, a pandemia não perdoa. 86% da população brasileira conhece alguém que morreu por Covid-19 em uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública (CPS) da Universidade de Brasília (UnB) e pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD). 17% perderam um familiar e 22%, um amigo. O apoiador mais ferrenho de Bolsonaro perguntaria: “e ele é culpado?”. O tempo dirá, mas pelo barulho das panelas…