23 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 11/03/2021 às 08:58

Em dois dias, Lula coloca Bolsonaro para trabalhar e faz presidente reconhecer gravidade da pandemia

Bolsonaro em evento que promoveu para assinar uma PL que facilita o acesso do Governo a vacinas. Usava máscara. (Foto: Reprodução/ TV Brasil)
Bolsonaro em evento que promoveu para assinar uma PL que facilita o acesso do Governo a vacinas. Usava máscara. (Foto: Reprodução/ TV Brasil)

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin que praticamente coloca o ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva de volta ao páreo eleitoral, fez com que o presidente Jair Bolsonaro abandonasse momentaneamente os discursos fantasiosos que vinha criando e caísse na real: há uma pandemia em curso no Brasil que já ceifou mais de 270 mil vidas. 

Ainda na segunda-feira (08/03), pouco depois da decisão de Fachin, Bolsonaro mudou o discurso em relação às vacinas e elogiou a Pfizer ponderou sobre a “agressividade das novas variantes”. Agora, o presidente quer acelerar o processo de compra e se colocar como protagonista na busca pelo imunizante. Suavizou até o discurso em torno do tratamento precoce, hidroxicloroquina e ivermectina… Agora é “tratamento opcional”.

Ontem, o filho do presidente da República, o senador Flávio Bolsonaro deu o tom de como será a nova fase do governo federal na condução da pandemia no Brasil. Como tudo na gestão do presidente se resume à analogias militares e matrimônios, o lema não poderia ser outro: Vacina para gerar empregos. “Nossa arma é a vacina”, com uma frase atribuída ao pai. 

Nesta quarta-feira (10), Lula convocou a imprensa para uma coletiva e fez um discurso efervescente. De máscara, pediu autorização para um médico para retirar enquanto falava. Lembrou que estava respeitando o distanciamento social necessário para retirar o acessório. Horas depois, Bolsonaro e toda a sua equipe ministerial, apareciam usando máscara, em evento que sancionou projetos de lei e que ampliavam a capacidade de aquisição de vacinas pelo Governo Federal. Em seu discurso, lembrou que sua mãe com 91 anos, havia se imunizado contra a Covid-19. Bolsonaro nem parecia Jair. Não teve críticas à imprensa, nem menção a cloroquina ou ivermectina.

(Bolsonaro aparece de máscara após discurso de Lula) 

Sequer sabemos se Lula de fato vai se candidatar, mas estando ele, no rastro político de Bolsonaro o presidente liga seu alerta e acelera o trabalho, esquecendo-se momentaneamente fantasias que cria entre seus seguidores mais apaixonados. Também passa a reconhecer, que de fato, existe uma pandemia em curso. Que tem ceifado vidas. E não é com “mimimi” que irá conduzi-la.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.