02 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 09/08/2020 às 18:20

Dragões em Pirenópolis: escritor coloca filho como protagonista em livro de muitas aventuras

Sartori dedica seu livro ao filho, Daniel, que enfrenta dragões em uma fantástica aventura na trilha dos Dragões, em Pirenópolis
Sartori dedica seu livro ao filho, Daniel, que enfrenta dragões em uma fantástica aventura na trilha dos Dragões, em Pirenópolis

Ouvi dizer há certo tempo que existem escritores que se formam e àqueles que se descobrem. Com a paternidade, tenho vivenciado algo parecido. Como já disse outras vezes, não era algo que eu esperava mas no fim das contas, descobri que Cecília me escolheu para ser seu pai. Algo semelhante acontece com o biólogo e escritor Miguel Sartori, de 33 anos. 

Ele está lançando a obra digital “Daniel na Trilha dos Dragões”, disponível na Amazon, uma aventura fantástica em meio a dragões, vivida pelo garoto Daniel, numa trilha de cachoeiras em Pirenópolis. O personagem principal é inspirado em seu filho mais velho que tem quase três anos.  

Sempre ligado ao verde da natureza, Miguel escreve há 12 anos. Desde 2008, quando começou a escrever pequenos contos e crônicas, acabou descobrindo na escrita, uma nova paixão. No caso da paternidade, ela o tomou desde sempre. “Sempre quis ser pai”, pontua.

Nesse ensejo, conheceu a amiga que se tornou a sra. Sartori, sua esposa. Gabriela já desde antes do relacionamento começar, já atuava como uma espécie de leitora primária dos seus textos, dando pitacos e apontando possíveis melhorias. “Ela sempre foi muito parceira”, me conta numa conversa por telefone que durou aproximadamente 30 minutos. 

Gabriela é responsável pelo prefácio do livro que Miguel está lançando. É uma carta ao primogênito que inspirou aquele personagem peregrino que queria ir de encontro aos sete dragões. “A inspiração veio de um lugar que muito gostamos! Pirenópolis, Cachoeira dos Dragões. Fizemos a trilha das cachoeiras com você na barriga”, escreve.

E quase que a viagem e toda a inspiração vai por água abaixo. “Quando fizemos essa viagem, não sabíamos da gravidez. Seria difícil fazermos aquela trilha com trechos íngremes e pesados com ela grávida”, comenta Miguel. Não que o conhecimento da gravidez impedisse o livro, mas toda áurea dos Dragões em Pirenópolis dificilmente seria concebido da forma como foi. 

No livro, Miguel traz alguns ensinamentos que aprendeu ao longo da vida e queria de certa forma transmitir ao filho. De uma maneira poética e artística. Algumas coisas Miguel aprendeu pelo simples fato de viver, de forma empírica e com o cotidiano brasiliense, outras da terapia e ainda uma outra leva, do catolicismo. “Sempre fui muito devoto. Tenho uma crença muito forte”, pontua. 

No fim das contas, Daniel, o personagem se apega ao desejo de se aventurar e encontrar Dragões – são sete, assim como as cachoeiras – e quando encontra os sere mitológicos o protagonista passa a vivenciar uma outra aventura: a do autoconhecimento e inteligência emocional. Miguel quis aqui, transmitir uma mensagem especial ao seu filho. “É importante nominar as emoções. Conhecer a si mesmo é fundamental para o nosso processo de vivência”, pontua. 

De todo esse emaranhado de experiências quis externalizar tudo como presente eterno para seu primogênito. Daniel, que não desceu à cova dos Leões, mas enfrentou Dragões.

Daniel não desceu à cova dos Leões, mas enfrentou Dragões

Iniciativa social

O autor de “Daniel na Trilha dos Dragões”, Miguel Sartori, é parceiro do Movimento Vai na Fé, criado com o objetivo de mostrar que é possível acreditar no Amor, ter esperança e ter fé de que o mundo pode ser um lugar melhor. Além de ter essa consciência social, o escritor passou por uma experiência que marcou a vida de sua família e, por essa razão, assumiu o compromisso de doar o valor obtido com a venda do novo livro para a Afago-DF.

“Meu segundo filho, ao nascer, ficou um mês na UTI, quase vindo a óbito. Naquela ocasião, fiz a promessa de doar os valores da venda desse livro e de outro que escrevi para ele. Já conheço a Afago há vários anos. Dessa vez, fui tocado pelas dificuldades que tantos estão enfrentando durante a pandemia. Na impossibilidade de lançar o livro físico nesse momento, decidi adiantar a divulgação da obra e vender somente em formato digital para arrecadar fundos para a instituição”, justifica.

O segundo filho de Miguel, Matheus, nome apostólico não terá ciúmes do irmão mais velho quando se trata de uma obra. O escritor já escreveu um segundo livro para o caçula que será publicado em seu devido tempo. “Fala sobre as superações e vencer desafios. Talvez tenha sido até uma obra profética, já que o Matheus enfrentou essa barra logo ao nascer”, concluiu.

O escritor Miguel Sartori cria suas histórias desde 2008. Também é autor dos livros “O Semeador de Estrelas”, de 2013, e “João de Barro”, de 2017.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.