23 de dezembro de 2024
Publicado em • atualizado em 04/08/2021 às 21:07

‘Compromisso com eleição de 2020 ficou para trás’, avalia cientista político sobre encontro de Cruz e Vanderlan

(Foto: Divulgação/Instagram)
(Foto: Divulgação/Instagram)

Se até meses atrás, o senador Vanderlan Cardoso (PSD) indicava que iria para o vale-tudo na Justiça Eleitoral por novas eleições em Goiânia, o encontro com o prefeito da capital Rogério Cruz (Republicanos), nesta terça-feira (03/08) indica que o pleito em 2020 ficou para trás e é visto apenas pelo retrovisor… De longe. “Não há um compromisso com o que aconteceu em 2020. A política passou por cima disso”, avalia o cientista político e professor Guilherme Carvalho.

Se os imbróglios ficaram no passado, a reunião – a segunda que ambos tiveram desde o pleito – foi diplomática e nada de outro mundo no meio político. “Hoje, o Vanderlan está Senador e o Rogério Cruz está prefeito de Goiânia e eles têm que desempenhar as funções institucionais deles deixando de lado as questões do âmbito eleitoral, sejam elas para correr para uma futura aliança ou não. É bastante natural esse encontro”.

Para Guilherme, há ainda outra visão: nem PSD e tampouco Republicanos possuem matizes ideológicas bem definidas. Não são legendas como PT, PSOL à esquerda ou mais recentemente, PSL à direita que “possuem compromisso ideológico”. “Não há então, um compromisso em manter posição disso ou daquilo. Ser adversário desta ou daquela posição. Eles se enquadram numa categoria de políticos ‘caçadores-de-gabinetes’. São políticos que fazem política para se manterem eleitos e todas as possibilidades estão abertas”, avalia.

Daí pode-se até imaginar PSD, de Vanderlan e o Republicanos, do Cruz em Goiás dividindo o mesmo palanque em possíveis alianças num futuro? “É possível uma vez que o próprio Rogério Cruz não integra mais aquele grupo emedebista”, crava.

Troca de elogios marcaram encontro

O encontro que aconteceu na tarde desta terça-feira foi marcado por trocas de elogios. Rogério Cruz, inclusive, disse que cancelou o contrato de empréstimo de R$ 780 milhões com a Caixa Econômica Federal a partir das pontuações feitas pelo senador da República. “De fato, foi algo que copiei de vossa excelência. O senhor colocou a importância do cuidado com esse contrato. Muitas observações foram feitas e não tive confiança para renovar o contrato”, destacou.

O republicano também agradeceu a presença de Vanderlan e deu sinais que haverá novos encontros. “Daqui para frente [a parceria] será mais duradoura e positiva porque a partir daqui para frente é trabalharmos juntos, como já vínhamos trabalhando em prol da cidade de Goiânia e do povo de Goiás. Só temos a agradecer sua vinda aqui e me sinto honrado do senhor ter vindo. Muito obrigado por sua presença aqui”, finalizou.

Cardoso, por sua vez, disse que pelo menos em três momentos “se surpreendeu” com a gestão do prefeito Rogério Cruz. Primeiro, pela forma como montou o secretariado. “Uma equipe que faz boa política”, apontando para o secretário de Governo, Arthur Bernardes, que também é filiado ao PSD. Em segundo, o cancelamento do contrato que o prefeito havia mencionado anteriormente. “Era um volume muito alto que poderia comprometer o futuro financeiro da Prefeitura de Goiânia. Isso não quer dizer que o prefeito Iris era um mau gestor, pelo contrário, eu acho que ele foi muito mal orientado nesse financiamento.”

O senador também destacou o protagonismo do prefeito em colocar em debate o Anel Viário de Goiânia. “Eu considero e disse que estava vergonhoso para nós políticos de Goiás e aqui de Goiânia esses anos todos discutindo Anel Viário, agora não tem como discutir o Anel Viário sem o prefeito de Goiânia estar à frente. E o senhor foi lá. E o interesse seu em fazer o Anel Viário acontecer e depois daquela reunião com sua presença já tivemos aqui pelo Ministério, depois veio o BNDES, o ministro apresentou a solução. Todos nós estamos unidos com a participação da capital sobre sua liderança junto com a bancada, nós vamos entrar para história.”

No fim das contas, avaliou que a política e os embates nas eleições em 2020 ficaram para trás. “A eleição passou. Tivemos embates na eleição, foi uma eleição atípica, mas eu quero colocar o mandato à disposição e o mandato à disposição. Sei que o PSD na Câmara não tem sido obstáculo nem oposição. Pode contar conosco no Senado Federal para ver as demandas que pudermos ajudar e destravar as obras importantes”, concluiu.

“Eu espero que a Justiça Eleitoral convoque novas eleições”

Em entrevista ao editor do jornal Diário de Goiás concedida em maio, Vanderlan Cardoso foi contundente em sua posição quanto a ação que pedia anulação do pleito. “Eu espero que a Justiça Eleitoral haja e convoque novas eleições que debata Goiânia e mostre os projetos efetivos para Goiânia”. 

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Na ocasião, Vanderlan disse que não havia sustentação para que Rogério Cruz permanecesse à frente do cargo. “Não tem condições nem legitimidade como está aí, ainda mais a composição que por último foi feita entre Prefeitura e Câmara dos Vereadores, em que a Prefeitura foi praticamente loteada”, destacou.

Entenda 

O PSD decidiu incorporar um processo encabeçado pelo PMN que questiona e pede a cassação do mandato do prefeito Rogério Cruz (Republicanos), que durante a campanha, era vice da chapa com Maguito Vilela (MDB). No entendimento dos pêssedistas, houve fraude eleitoral quando a coligação vitoriosa manteve o nome de Vilela, em tratamento à Covid-19 e que praticamente não participou da campanha.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.