Após uma primeira onda tenebrosa e uma segunda etapa da pandemia do novo coronavírus ainda mais aterrorizante, o presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (AHPACEG), Haikal Helou, nem gosta de fazer previsões acerca do futuro da pandemia, mas está confiante que com a vacinação caminhando a perspectiva é de que não haja uma piora, haja uma estabilização em como está hoje e vá caindo gradativamente, “o grau de contaminação, internações e de óbitos”.
A avaliação foi feita na manhã desta terça-feira (10/08) em entrevista à Rádio Bandeirantes Goiânia. “A doença não acabou. Ela está ai e ela está acontecendo, ela tem matado pessoas e a vacinação tem acontecido, isso é uma boa notícia. A perspectiva é que não piore, é que estabilize como está agora e vá caindo gradualmente o grau de contaminação, internações e de óbitos”, prevê.
Claro, muito dependerá de não haver uma terceira onda. “Tudo para nós é uma questão de perspectiva e comparação. Na primeira onda, chegamos a ter 100% de ocupação, achávamos que aquilo era o pior momento. Na segunda onda, chegamos a ter 136% de ocupação. Tínhamos pacientes de CTI internados em pronto-socorro, centro cirúrgico ou na RPA. Quando estabilizou como estabilizou em 80%, 85% achamos que estava tranquilo. 80% de taxa de ocupação é muito alta”, rememorou.
Não houve repique como o previsto
Apesar de um futuro um pouco menos pesaroso, o dia-a-dia do profissional na linha de frente ainda é turbulento e ainda há uma certa dificuldade para encontrar vagas em leitos de UTI. “Não houve uma queda substancial depois da segunda onda, mas não houve um repique como a maioria acreditava que aconteceria. Tem dias difíceis para conseguir uma vaga de CTI para pacientes de Covid-19, mas no geral, estamos mantendo a capacidade assistencial. Não tem morrido pacientes por falta de assistência”, pondera. O medo é período de férias, alguma variante, alguma coisa que possa aumentar o ritmo e frequência de contaminação e gastar essa reserva pequena de 10, 15% de leitos vagos. Se continuar do jeito que está, vamos dar conta. Se houver um repique, aí pode ser um ‘Deus nos acuda’.”
Claro, há sempre riscos, mas a tendência é de que não haja uma terceira onda como previsto. “O medo é período de férias, alguma variante, alguma coisa que possa aumentar o ritmo e frequência de contaminação e gastar essa reserva pequena de 10, 15% de leitos vagos. Se continuar do jeito que está, vamos dar conta. Se houver um repique, aí pode ser um ‘Deus nos acuda’”, avalia.
Vacinas estão colaborando para evitar a terceira onda
O que aconteceu para que não houvesse um repique da Covid-19 ou até mesmo uma terceira onda? Helou destaca que a vacinação começou a andar e isso foi refletido nos números tanto das internações como dos óbitos consequentes. Levantamento publicado nesta terça-feira (10/08) no Jornal O Popular mostra que de um grupo de 1 milhão de pessoas com o esquema vacinal completo apenas 0,1% morreram pela doença. Somente 0,3% precisaram ser hospitalizadas após o diagnóstico e 4,5% apresentaram casos leves.
“É importante que as pessoas se vacinem. É cientificamente comprovado que as vacinas são eficazes e seguras. Na medida em que ela vai progredindo e as pessoas vão se vacinando, temos estatísticas que mostram que o risco diminui consideravelmente. É importante essa mensagem”, destaca Helou.
O profissional afirma que vê com ‘estranheza’ o movimento de pessoas que estão buscando escolher as vacinas ou até mesmo se recusando a recebê-las. “Dá um estranhamento imenso você saber que pessoas teriam condições de se vacinar e não o fazem. Goiás está com um índice baixo de contaminação em grávidas. Tivemos grandes complicações com mulheres gestantes ao longo da primeira e segunda onda, hoje tem disponível e elas não procuram. Pessoas fazendo escolha de vacina, isso é um absurdo. A vacina está ali, você ajude a salvar você e seu familiar, seu colega de trabalho, vacinando não é uma coisa só individual é coletiva”, pontua.
Para não ter dúvidas de que não há imunizante melhor que o outro, Helou cita a própria categoria. Os médicos e profissionais de saúde que estavam na linha de frente, foram todos imunizados com a CoronaVac, do Instituto Butantan. “Nós da área da saúde fomos todos vacinados com a mesma vacina e houve uma diminuição brutal na internação de enfermeiros, técnicos, maqueiros, médicos. A vacina funciona. É importante que as pessoas entendam o seguinte: aqui como nos Estados Unidos, grande parte das pessoas que estão complicando e internando são as que não se vacinaram por um motivo ou outro. Não tinha vacina ou não quis ou não pôde na data. É importante que as pessoas vacinem”, sacramentou.
Secretaria Municipal de Saúde alerta para vacinação de gestantes e puérperas
Conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Goiânia tem aproximadamente 20 mil mulheres grávidas e, desse quantitativo, pouco mais de 4.997 gestantes procuraram a unidade para se imunizar com a primeira dose e pouco mais de 1,6 mil completaram o esquema vacinal. “Esse número ainda é muito baixo e precisamos que as grávidas e puérperas residentes na capital goiana vão até ao Ciams Dr. Domingos Viggiano para tomar a primeira dose da vacina contra a Covid-19”, solicita o secretário de Saúde de Goiânia, Durval Pedroso, acrescentando que a SMS reservou as doses para este grupo que é prioritário.
Conforme o secretário Durval Pedroso, como as gestantes e puérperas precisam receber as vacinas que não contenham vetor viral, como determina nota informativa da Secretaria Estadual de Saúde (SES) de número 13/2021, Goiânia tem priorizado que elas recebam os imunizantes da Pfizer ou da Coronavac. As que receberam a primeira dose da Astrazeneca, conforme a nota informativa, podem receber a segunda dose, após o intervalo habitual preconizado, preferencialmente com a vacina da Pfizer, e nos locais onde não estiver disponível, com a Coronavac.