Presidente do Instituto Rizzo e um dos principais fiadores da cultura e do meio-ambiente em Goiás, o empresário Leonardo Rizzo afirmou, nesta quarta-feira (16/03), em entrevista ao Diário de Goiás, que a luta pela transformação da antiga sede da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), em patrimônio cultural, existe há 38 anos e já houveram deliberações na Justiça a favor da destinação do prédio. Deste modo critica enfaticamente a possibilidade para que a área seja destinada ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), como defendido pelo presidente da Câmara dos Vereadores Romário Policarpo (Patriota) em sessão na Câmara.
Na esteira do comentário de Policarpo e do vereador Santana Gomes (PRTB) que criticou a destinação que o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) deu a área, Leonardo Rizzo também é diretor da Associação dos Protetores do Bosque dos Buritis afirmou se tratar de algo já deliberado pela Justiça, que não cabe discussão. “Eu garanto para você que o Romário Policarpo não tem 38 anos, que é a história da Associação do Bosque. Antes dele nascer já existia essa reivindicação. Não pode um homem público não saber daquilo que existe na sociedade. Que acordo é esse com o TCM?”.
Rizzo complementa. “Será que o TCM e o Romário (Policarpo) sabem que existe uma ação pública de 30 anos atrás, onde nós ganhamos o direito de derrubar todas aquelas extensões da Assembleia e já derrubamos, inclusive, a Caixego, que estava ali, só não derrubamos o restante porque a Assembleia não teria como funcionar? Foi por isso que arrumaram um outro espaço para a Assembleia”, ponderou, com a afirmativa de que a nova sede do Parlamento goiano foi criada com este intuito.
Rizzo alega entender a preocupação dos parlamentares com relação à existência de um acordo com o TCM, o que realmente existiu. Mas ressalta que “as coisas públicas não podem ser tratadas dessa forma. É preciso ter esclarecimento. Eu vi o vídeo do Policarpo dizendo isso. Eu já até mandei mensagem para ele e disse a ele que não estava entendendo. Ele como bom vilanovense não estava entendendo. Como pode ter um pensamento desses? A cidade tem história”, frisa, com a ressalva de se tratar de um prédio tombado. “O autor do prédio tem 94 anos. Vamos fazer um movimento de exaltação a essa decisão do prefeito”. Ele promete a participação de uma audiência pública na Câmara dos Vereadores, encabeçada pela vereadora Sabrina Garcêz (PSD) na próxima sexta-feira (18/03) para discutir a mudança do local.
Leonardo acentua o tom das críticas a alguns vereadores. “A Câmara não pode chegar lá e legislar sobre coisas que já são patrimônio do município. São coisas consagradas, ações que estão em curso”. Ao mencionar sobre o comentário de Policarpo em dizer que o prédio seria degradado caso fosse transformado em Palácio da Cultura, o empresário não titubeou. “Como pensar em um povo sem cultura e educação? Eu acho um absurdo o desrespeito que se tem com a cultura e com o meio-ambiente”, disparou.
Palácio fará o centro respirar cultura
De acordo com o empresário, a ideia de criar o Palácio da Cultura não foi criada recentemente. “Isso, para nós, é uma luta de 38 anos para conseguir isso. Nem existia o instituto Rizzo na época. O Instituto é do ano 2000. Em 88 a gente fundou a Associação de Proteção do Bosque, no intuito de levar o parque pra lá, com a escola de artes, que tem lá até hoje, para a Assembleia, e transformar aquilo em um museu, no Palácio da Cultura, como estão fazendo agora. Sempre foi esse o nosso projeto”, pontuou.
De acordo com Rizzo, foi necessário fazer uma parceria com a Prefeitura e pensar em uma área para a Assembleia, levando-a para a atual estrutura no Parque Lozandes, para então, ser finalmente colocado em prática. “Foi necessário ter uma área para a Assembleia. Agora que tá pronto, volta para essa ideia do Palácio da Cultura. O prefeito, com uma sensibilidade muito grande, entendeu e determinou que ele seja o Palácio da Cultura. Isso para Goiânia é de um alcance inestimável”, enfatizou.
O empresário destacou que a existência de um Palácio da Cultura num local centralizado e com a arquitetura existente coloca Goiânia de vez nos grandes centros de exposição do Brasil e pode atrair até mesmo grandes eventos e artistas para a região. “Também teria um museu à altura, teria escola de artes, seu segmento cultural, tudo em um lugar só. Então, o ganho para a comunidade, num modo geral, é gigante”, salientou, com a afirmativa de que a realização do projeto cria, ainda, uma sinergia com o centro da cidade, que contém grandes obras e importantes e históricos espaços.
Projetista do prédio defende destinação cultural ao espaço
Se alguns dos vereadores como o presidente da Casa, Romário Policarpo não gostou do anúncio da criação do Palácio da Cultura, outros represantes do segmento cultural e o próprio projetista do prédio, endossam a destinação da estrutura para atividades culturais. “Gostaria de assistir isso ainda em vida. A transformação disso ali, ao invés de Assembleia, atividades culturais”, afirmou o arquiteto Elder Rocha Lima. “Não acredito que eu tenha feito uma obra prima mas acho que foi razoável e obedeceu as tendências arquitetônicas e é um espaço glorioso para uma exposição de arte”, pontuou.
No entanto, defende pequenas alterações. “Agora tem um negócio: aquilo ficou cheio de puxadinho, precisa fazer uma limpeza ali. Antes de realmente formalizar aquilo [Palácio da Cultura] tem que dar uma eliminada naquilo que for possível. Tem que ter o mínimo de envoltória. O projeto de arquitetura não é feito só pela fachada, é feito por um todo, é o conjunto da obra que foi muito prejudicada”, destacou.
O premiado artista plástico Siron Franco também é um fiador da ideia. “Acho que devolver aquele espaço, limpar o que prejudica e plantar arvores, acho que tem que ter muita árvore. Precisa ter um acervo permanente, com gente especializada, um museu que tá lá já tem aparelhos de preservação de obras na temperatura certa, tem um acervo bom. Eu mesmo dei várias obras. Doei mais de 20 trabalhos para o museu e também ter um tipo de comunicação para as pessoas saberem qual o acervo. Isso é uma coisa facílima. Eu acho que seria bom pegar o acervo do MAG e levar tudo para lá hoje onde é a Assembleia. Tem que levar e plantar muitas árvores lá”. (Colaborou com edição e texto Mel Castro)