Enquanto infectologistas, epidemiologistas e especialistas de diversas áreas da medicina tem se desdobrado para enfrentar a pandemia e diminuir os danos provocados pelo vírus, o presidente Jair Bolsonaro parece trabalhar para disseminar desinformação e contradição em torno dos imunizantes. Dessa vez, o alvo foi a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Na live desta quinta-feira (06/01), o presidente criticou o “poder” que a Anvisa tem frente à pandemia. “A nossa querida Anvisa, eu não vou comparar com outro poder, mas virou outro poder. É a dona da verdade em tudo. Inclusive, já se fala em dose reforço para crianças de 5 a 11 anos de idade”, destacou. Bolsonaro é contra a vacinação em crianças e já declarou que se dependesse dele, a população brasileira seria tratada à base de cloroquina e ivermectina, medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19.
Bolsonaro também apela para aqueles que estão ao seu redor durante a live. Haviam dez ali. 3 se vacinaram. O restante, não tomaram nenhuma dose. O presidente chegou a perguntar se o trio vacinado iria renovar as doses. Não, não iriam, foi a resposta. A partir daí, foi puro-suco de desinformação. Afinal de contas, sempre foi falado que os imunizantes impediriam o avanço da forma grave da doença. Infectologistas dizem isso o tempo todo. Mas Bolsonaro prefere que o levante da desinformação seja disseminado.
“O que estamos assistindo aqui? Estamos assistindo algo que ninguém esperava no Brasil. Estamos tendo episódios de Cruzeiro todos cumprindo os protocolos baixados pela Anvisa e apareceu um número considerável de pessoas contaminadas com covid. A vacina não garante que você não possa contrair o vírus. Não garante que você possa contrair o virus”, pontuou sem mencionar que apesar dos surtos registrados em embarcações brasileiras, ninguém está em estado grave ou chegou a morrer por conta da doença. Também não disse que parcela significativa dos que vêm morrendo por conta da Covid-19, são pessoas que não foram vacinadas.
Domingos Ketelbey
Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.