O Banco BMG ‘presenteou’ seus funcionários neste dia dos Pais anunciando uma extensão da licença-paternidade aos colaboradores. Se antes o futuro papai tinha 20 dias para aproveitar o início da criação dos filhos, agora eles terão o triplo deste tempo: 60 dias.
A notícia é alentadora em um país que fala sempre sobre valorização dos conceitos familiares e pode servir de exemplo para outras empresas adotarem medidas semelhantes mas por si só não adianta muito e também segue uma tendência adotada por corporações que buscam incentivar o funcionário em uma paternidade mais presente. É necessário que o futuro pai esteja disposto a colaborar a parceira em iniciar o seu maternar. Após o nascimento de minha filha eu sempre digo à amigos, colegas e familiares que uma licença-paternidade limitada a cinco dias é um desrespeito a quem está gerando uma nova vida.
Imagino no entanto, quantas mulheres ficam o dia inteiro, com barriga cortada, nos casos de cesárea, em recuperação, desconforto natural do pós-operatório e ainda tendo de amamentar a cria que nasce com quase seus 4 quilos. Na foto tudo é muito bonito. Na prática, é bastante desgastante. Conversando com mulheres que passaram por parto normal, alegam que a dor na vagina permanece acentuadamente por vários dias após o parto. Em ambos os casos, não é nada fácil.
Junto com as dores e cicatrizes, ainda há o desafio da amamentação. O parceiro pode ajudar muito nessa hora dando apoio para a parceira. Massagens nos seios e ajuda na hora da ordenha evitam que haja inflamação nos seios, bem comum nas duas primeiras semanas pós-parto.
Parceria é fundamental
Claro que todo o amor que se tem no filho torna todas essas dificuldades situações muito pequenas. Mas não romantizemos: o desgaste existe e poderia muito bem ser minimizado com a participação mais ativa do parceiro. E é nesta questão que iniciativas como a do Banco BMG se destacam. Mas quantos parceiros estão dispostos à ajudar a mãe e podem ajudar o princípio da maternagem?
Vendo relatos e até mesmo conversando com algumas mães solteiras e casadas, muitas citavam que o parceiro ou marido limitavam-se apenas a brincadeirinhas com o bebê e a fotinhas em redes sociais mesmo durante o período da licença-paternidade. Por isso que tão importante quanto iniciativas como as adotadas pelo BMG, estão numa presença mais ativa do parceiro. Isso claro, falando dentro do contexto de uma relação heterossexual, mas os desafios são muito próximos em outros formatos de relacionamentos afetivos.
Seja como for, nós como pais, precisamos refletir um pouco mais sobre como conduzimos a criação de nossos filhos dentro dos primeiros meses de nossas crias e a forma como tratamos nossas parceiras.
Programa Empresa Cidadã
A licença paternidade é regulamentada no Brasil desde 1988. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) diz que o empregado tem direito a cinco dias úteis remunerados que começam a contar a partir do primeiro dia de vida do nascimento do filho. No entanto, se a empresa do empregado fizer parte do Programa Empresa Cidadã o período de licença pode se estender em até 20 dias.
Em contrapartida, a empresa que oferece a licença-paternidade estendida, recebe algumas deduções fiscais na declaração anual de Imposto de Renda. O programa foi instituído por Lei desde 2008 e diversas empresas já adotam.