05 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 22/07/2021 às 21:44

Após viralizar nas redes sociais com áudio “pistola”, estudante de agronomia se filia ao PT

Augusto Paiero ao lado da deputada estadual, Adriana Accorsi (Foto: Divulgação)
Augusto Paiero ao lado da deputada estadual, Adriana Accorsi (Foto: Divulgação)

O grupo de WhatsApp dos alunos de agronomia da Universidade Federal do Estado de Goiás (UFG) bombava em um debate sobre o retorno às aulas presenciais quando um aluno “estourou”. Não apenas no aplicativo mas em todas as redes sociais ao se revoltar com a forma como a conversa estava sendo conduzida. O estudante Augusto César, de 25 anos e que fazia viagens como motorista de aplicativo “soltou o verbo”: faltava empatia, os colegas viviam numa bolha, a pandemia era global e estava dizimando vidas.

Era maio de 2020. A pandemia se apresentava em sua primeira onda e ainda não havia mostrado todo o seu estrago que hoje é visto com tantas variantes aparecendo por aí e suas mais de 546 mil vítimas apenas no Brasil. “Vocês estão preocupados com entregar apartamento, véi? O cara aluga apartamento no bairro nobre de Goiânia… Tem gente naquela faculdade que só pega internet via 3G, só rede móvel, velho… Vocês pensam que só tem vocês naquela faculdade, por isso chama Universidade… Não é faculdade não…”, indagava em um dos áudios.

No dia-a-dia e nas viagens de Uber entre conversas com colegas, vê a força do bolsonarismo se esvair a cada dia. “Em 2018 praticamente toda a categoria apoiava o presidente. Eu até tive um pouco de medo quando o áudio viralizou”, confessou durante a entrevista. “Tinha muita gente com carro plotado [com adesivos da campanha de Jair Bolsonaro], isso tinha demais”, rememorou. “Hoje em dia, conversando com alguns motoristas, eu já vi que diminuiu demais”.

De lá para cá, além da pandemia, os seguidores de Augusto César aumentaram devido ao áudio. Hoje ele tem mais de 9 mil seguidores no Twitter e outros sete mil no Instagram. Por vezes, chega a ser reconhecido em algumas viagens do cotidiano que faz para pagar as contas por meio dos aplicativos. “Às vezes entra um passageiro e até pergunta… Eu até brinco: “Uai, Augusto Paiero?”, e aí dá uma viagem divertida, eu diria. Acontece até mais do que muita gente pensa. Eu acredito que por semana umas 10 pessoas me conhecem e eu acho bom demais”. Paiero, sua alcunha nas redes sociais, dado ao pito que costumeiramente faz uso.

O ativismo progressista, não começa com a pandemia. Augusto explica que teve lá uma certa influência familiar. “Eu venho de uma família de esquerda. Meu pai era muito politizado, meu tio era professor, filiado ao PT, eu já venho de uma família que vem disso. A gente vivia política dentro de casa”, destacou. Paiero nadou contra corrente num curso que ele próprio define como ‘elitista’. “Não chega a ser uma medicina, mas é um curso que se equipara a Engenharia Civil, Odonto, que são cursos elitistas”.

Isso influenciou uma filiação ao partido? Também mas vai além. “O governo atual se distanciou até da direita. Beira ao fascismo. Eu sempre tive um viés político muito parecido com o PT e eu quero entrar na luta para entrar na 2022 a gente tenha um presidente de novo, no caso, o nosso querido Lula. Vou tentar ajudar o máximo que eu puder. Ajudar o partido e o Brasil, né”.

Com quase dois anos desde o áudio pistola, filiado ao PT, Augusto pretende usar as suas redes sociais para passar mais informações e conscientizar politicamente seus seguidores. Ele já faz isso de forma bem humorada em seus posts. “O que eu puder fazer para tentar informar e fazer o Brasil sair dessa situação caótica, irei fazer dentro do que posso”.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.