02 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 01/10/2020 às 16:20

Após suposto ato homofóbico, treinador retira time do campo nos Estados Unidos

O time de San Diego, comandado por Donovan, não aceitou as ofensas homofóbicas (Foto: Twitter)
O time de San Diego, comandado por Donovan, não aceitou as ofensas homofóbicas (Foto: Twitter)

Lembra-se de Landon Donovan? O ex-camisa 10 do Los Angeles Galaxy e da seleção norte-americana, considerado um dos maiores ídolos do futebol estadunidense hoje é treinador do San Diego Loyal, que disputa a United Soccer League, uma das várias divisões do futebol norte-americano. Mas ele demonstrou que não tolera homofobia. E abriu mão de um jogo em que a vitória estava em suas mãos como forma de protesto.

O time de Donovan ganhava uma partida contra o Phoenix Rising por 3 a 1 quando pouco antes do fim do primeiro tempo um de seus jogadores afirmou ter sofrido um ato homofóbico ao longo do jogo. É que Collin Martin, um dos poucos jogadores assumidamente gays, afirmou ter sido chamado de “batty boy”.

Amparado por colegas de equipe e Donovan, o treinador não aceitou o ato homofóbico. Ele exigiu que o árbitro expulsasse Junior Flemmings ou o técnico do Phoenix Rising o substituísse. Como não foi expulso, tampouco substituído, Donovan e os seus comandados abandonaram a partida quando retornaram ao segundo tempo. O jogo que estava ganho foi dado como abandonado e o time de San Diego perdeu por 3-0.

Em entrevista após o jogo, Donovan justificou que além da ofensa homofóbica, na rodada anterior, a equipe havia passado por episódios racistas. “Passamos por um incidente muito difícil na semana passada no jogo de Los Angeles e juramos a nós mesmos, à nossa comunidade, aos nossos jogadores, ao clube, à USL, que não aceitaremos a intolerância, calúnias homofóbicas – coisas que não pertencem ao nosso jogo”. Ele também destacou todo o time concordou com a saída da partida de forma unânime. “A equipe queria defender o que era certo”.

Outro lado

O jogador que proferiu a ofensa Junior Flemmings afirmou que não fez qualquer comentário homofóbico contra Martin. Ao contrário, condenou a ação do time de Donovan dizendo estar ‘desapontado’ com a atitude. “Não conheço Collin pessoalmente, mas respeito todos os meus oponentes igualmente. Collin também.”

Ele afirmou que está sofrendo ataques em suas redes sociais por algo que não fez e que respeita a comunidade LGBTQ+. “Fui atacado e ridicularizado online, sem oportunidade de me defender … Eu sou solidário com o movimento LGBTQ+.”

https://twitter.com/Flemmo_77/status/1311530599362953216?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1311530599362953216%7Ctwgr%5Eshare_0&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.tmz.com%2F2020%2F10%2F01%2Flandon-donovan-san-diego-loyal-usl-forfeit-homophobic-comment%2F

“Batty boy”

Acontece que a expressão que significa ao pé da letra “menino extravagante” é uma expressão utilizada para xingar um homem gay ou afeminado. O termo deriva da gíria jamaicana extravagante, que se refere a nádegas ou ânus. 

Algumas letras na música jamaicana apresentam hostilidade para com os homossexuais, usando a expressão para diminuir e humilhar os gays. 

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.