Os ventos da política nacional tem soprado cada vez mais forte para a consolidação de uma aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu adversário histórico, o ex-tucano Geraldo Alckmin. Um jantar realizado neste domingo (19/12) consolidou os rumores e deram força para que a chapa saia do papel, embora ambos os lados estejam ainda muito cautelosos com relação a um anúncio oficial.
Apesar de haver tempo para o registro das chapas e a formalização da aliança, o atual contexto dá força a dobradinha historicamente inusitada. Alckmin e Lula protagonizaram embates políticos na eleição presidencial de 2006 e estiveram em lados antagônicos ao longo dos últimos anos. Para petistas, a parceria poderia render a vitória do ex-presidente já no primeiro turno. O Diário de Goiás conversou com alguns líderes do partido em Goiás sobre a aliança em curso.
LEIA TAMBÉM: Carlos Bolsonaro explora passado de Alckmin e espalha vídeo com ataques a Lula
“O cenário político para tentar buscar uma vitória já no primeiro turno. É uma composição de um contexto que estamos vendo. Não dá mais para imaginar que as forças políticas vão divididas. O Brasil tem uma responsabilidade enorme de fazer com que a extrema-direita saia do poder. Está faltando comida no prato das pessoas. O que estamos fazendo é conversar para agregar a esquerda, temos a possibilidade de ter uma federação, mas também acenando para o centro. O aceno a Alckmin pode ser um programa de ação para melhorar a vida do brasileiro e vencer no primeiro turno”, avalia o ex-prefeito de Anápolis e deputado estadual, Antônio Gomide. “O aceno do presidente Lula é mais no sentido de fazer um programa agregando não só a esquerda, mas dividir o bloco de lá e trazer o centro junto à esquerda”, pontua.
Lula tem credibilidade para escolher o vice
Gomide avalia que o histórico de Lula junto ao país o credenciam para se tornar o grande “líder” e por isso, não vê de forma negativa, uma possível consolidação com um antigo rival político. “A credibilidade que o Lula tem no Brasil em termos de ações políticas e agora a possibilidade de ser o grande líder. Damos toda a credibilidade a ele para fazer essa composição. Não vejo nenhum motivo para questionar esse tipo de programa. A população brasileira vota nele porque acredita que pode trazer dias melhores”, destaca.
A presidente estadual do PT em Goiás, Katia Maria, também avalia que Lula tem a credibilidade necessária para definir quem o acompanhará numa gestão presidencial e que o debate agora é pregar à união. “O momento exige unidade dos progressistas e defensores da democracia para derrotar a fome, o desemprego e o facismo que tenta se apoderar do Brasil. O PT vai discutir projetos e compromissos com a reconstrução do país. O presidente Lula como candidato tem a nossa confiança para apontar a melhor chapa para tirar o Brasil desse pesadelo e o tempo vai definir o que será aproximação e o que se consolidará em alianças.”
A deputada estadual Adriana Accorsi (PT) também acompanha a tese de que Lula saberá escolher o seu vice e as fileiras petistas iram apoiar sua decisão. “Todas as forças democráticas e pessoas que se preocupam com o Brasil tem de se unir para derrotar o fascismo e o vice-presidente que o pré-candidato Lula escolher, vamos respeitar e apoiar. Confiamos no conhecimento e capacidade política do presidente Lula. Independente de quem será, pois ainda não está definido, confiamos no presidente Lula.”
Para Accorsi, Lula tem características necessárias para conduzir o país ao longo dos próximos quatro anos para, muito além do diálogo, retomar a ‘justiça social’ no Brasil. “Eu acredito que Lula é um grande estadista e preocupado com a situação trágica e catastrófica que vivemos no Brasil, está dialogando com todas as forças políticas que são democráticas, progressistas e se preocupam com o nosso país. É muito importante dialogar com todos que se dispõe. Vejo com admiração essa capacidade de aglutinação e acolhimento que o presidente Lula, por isso mesmo será um grande presidente que pacificará o nosso país e possibilitará a retomada do desenvolvimento do Brasil, com inclusão e justiça social.”
Manter humildade e ampliar apoios, avalia pré-candidato ao governo de Goiás
Pré-candidato ao governo do Estado de Goiás pelo PT, o professor Wolmir Amado enxerga grande possibilidade da aliança se consolidar. Para ele, há alguns indicativos e razões para que isso ocorra: “Primeiro, a eleição não está ganha e é preciso manter a humildade e ampliar os apoios. Segundo, a propensão à federação entre PSB e PT abre caminho para a composição da chapa majoritária. Terceiro, a participação de candidatos com posturas de centro-esquerda, em vistas à governabilidade”, pondera.
Amado ainda cita outros dois pontos em elogios ao ex-governador de São Paulo. “Quarto, o perfil de gestor eficiente, em Alckmin e quinto, a capacidade de Alckmin em ampliar novas adesões ao projeto político-eleitoral (como ocorreu nas eleições de 2018”, destacou. Apesar da avaliação, Wolmir destaca que tudo ainda está sendo construído vislumbrando o próximo pleito. “Mas é preciso dar passos no diálogo”, sacramenta.
(Edição por Domingos Ketelbey, com colaboração de Rafael Tomazeti)