22 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 20/08/2022 às 18:03

‘Algumas pessoas achavam que Maria Machadão era uma figura folclórica’, comenta candidata a deputada federal

Maria Machadão quer estar na Câmara dos Deputados em 2023 (Foto: Divulgação)
Maria Machadão quer estar na Câmara dos Deputados em 2023 (Foto: Divulgação)

Às vésperas das convenções partidárias que definiriam as candidaturas para o pleito de 2022, Maria Nunes Perdigão ainda não sabia se entraria para o jogo político. Dona de uma das casas de entretenimento adulto mais famosas do Brasil, Maria Machadão (Avante) tinha receio da “hipocrisia” de uma parcela do eleitorado. A empresária, no entanto, bateu o pé e desde a última terça-feira (16/08) está pedindo votos com sua candidatura a deputada federal mais ativa que nunca.

Folclórica, havia até quem duvidasse da existência de uma mulher, avó e mãe por trás do apelido. “Algumas pessoas se surpreendem quando me veem como candidata. A receptividade tem sido muito boa, mas alguns até achavam que a Maria Machadão não passava de um personagem”, conta ao Diário de Goiás. Mas quando o eleitor relaciona o nome à pessoa, a postulante a deputada federal fica surpresa com a receptividade: “Tem sido surpreendente”, destaca.

Maria conta que antes de virar Machadão, trabalhava numa madeireira em Goiânia. Com a primeira edição da novela “Gabriela” em alta, lá em 1975, não foi difícil para seu chefe nesse estabelecimento passar a chamá-la pelo apelido. “A princípio eu não gostava muito, mas depois a coisa foi pegando, outras pessoas também começaram a me chamar de Maria Machadão e eu decidi usar pra valer”, pontua.

Mas os rendimentos no local eram baixos e Maria começou a fazer alguns bicos trabalhando a noite para ajudar a pagar as contas de casa. Os custos para se manter uma família não eram baixos. Durou pouco tempo os trabalhos noturnos. Logo ela foi convidada para tocar uma casa de entretenimento. O resto é história… Quase cinquenta anos se passaram e ela segue firme.

O que a motivou entrar para o jogo político e encarar o “conservadorismo e hipocrisia” do eleitorado goiano? “Para mostrar a realidade que todo o mundo vê e que ninguém aceita. Essa é a minha decisão”, destacou. “Venhamos e convenhamos, somos discriminadas. Nós mulheres em si”, pontua.

Machadão ressalta que há preconceito de gênero generalizado contra a mulher. “Não só as mulheres que decidem ir para a profissão do sexo, não. A mulher por si só é discriminada. A mulher apanha, a mulher luta para manter filhos. Tem que ter sujeitar a qualquer coisa para levar o pão de cada dia para casa. Eu quis entrar para mudar isso e conseguir esse espaço. Ela é merecedora de igual para igual”, pontua.

Maria Machadão, ao lado do governador Ronaldo Caiado (União)

É essa a luta que, caso eleita, vai representar na Câmara dos Deputados. “A minha vontade de lutar e representar principalmente as mães solteiras, principalmente, é muito grande. Lutar por leis rígidas contra violência de qualquer tipo contra a mulher. Aumentar pena de lesão corporal contra criança e adolescente. É isso que me motiva e que faz eu colocar meu nome à disposição”, destacou. 

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.