07 de agosto de 2024
Leilão • atualizado em 28/05/2024 às 15:07

“Eu assumi esse desgaste pensando no futuro do povo de Bela Vista”, diz prefeita sobre venda de imóvel

Em entrevista ao Diário de Goiás, Nárcia Kelly disse que as outras três áreas ficarão à disposição para a decisão do próximo gestor do município
Foto : Reprodução
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Após arremate de lance único, feito pela empresa Souza Moraes Empreendimentos Imobiliários Ltda, no valor de R$3,5 milhões, à área do antigo Hospital Dr. Jean Saba Matrak, leiloada pela Prefeitura de Bela Vista, em meio às críticas tecidas por adversários da atual gestora do município, Nárcia Kelly (PP) alegou ter agido em prol da população belavistense. A afirmativa foi feita em entrevista ao jornalista Altair Tavares, editor-chefe do Diário de Goiás,no fim da manhã desta terça-feira (29).

“Eu assumi todo esse desgaste, desde o ano passado, quando a gente decidiu este leilão, pensando no futuro no povo belavistense. Se eu fosse irresponsável, não estaria nem aí e me preocuparia apenas com a minha gestão”, enfatizou. “Como eu amo Bela Vista, resolvi assumir esse desafio pensando no futuro. E graças a Deus deu tudo certo”, acrescentou a prefeita.

Outras áreas colocadas à venda

Nárcia Kelly frisou que as outras três áreas colocadas à venda, que não receberam nenhum lance, não serão leiloadas em sua gestão. “Eu tomei a decisão de não republicar (o edital), porque demandaria muito tempo e muito esforço da equipe”, pontuou, com a afirmativa de que o foco da atual administração será voltado a outros projetos.

“Vamos efetivar apenas (o leilão) do hospital antigo, mesmo, e as outras três áreas nós vamos deixar para o próximo gestor, que vai assumir no dia 1º de janeiro, decidir se vai conseguir recurso para reformar ou se vai leiloar para investir em alguma área que o município necessite ou até mesmo na construção do cemitério, porque esse valor de R$3,5 milhões não vai ser suficiente para comprar a área e concluir a obra”, ponderou.

O imóvel arrematado é considerado o mais valioso dentre os prédios colocados à disposição pela Prefeitura de Bela Vista. O recurso, conforme Nárcia Kelly, é suficiente para desapropriar a área de 90 mil m2, para a construção do novo cemitério. 

“Nessa área, pelo que a nossa comissão avaliadora me passou, a gente vai precisar investir quase R$ 2 milhões. É uma área valiosa”, disse, com a afirmativa de que o restante do recurso será utilizado para dar início à execução do projeto. O próximo passo, de acordo com a gestora, será levantar um muro no local.

“Com a área compra e paga, iniciando as obras, deixando murada e o projeto pronto para o próximo gestor concluir a execução do cemitério, já vamos ter dado uma grande contribuição para Bela Vista”, pontuou a prefeita.

Críticas

Embora o projeto tenha sido aprovado pela Câmara dos Vereadores, em 2023, adversários da atual prefeita do município, Nárcia Kelly (PP), criticam a venda do imóvel, sobretudo por se tratar de algo feito em seu último dos oito anos de gestão. Os políticos ressaltam, ainda, que o imóvel poderia ser útil para outras prioridades da cidade, como Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou outros órgãos que hoje funcionam em locais alugados.

“Na verdade, estranhamente, não se sabe porque fazer a venda desses imóveis tão importantes para o município no último ano [do mandato]. São imóveis bem centralizados. A prefeitura paga aluguel de outros prédios, e está fazendo essa venda nesse momento”, questionou o ex-prefeito de Bela Vista (tendo Nárcia como vice) e pré-candidato ao pleito municipal, Eurípedes José do Carmo.

A defesa foi para a aquisição de outras áreas ou mesmo a reforma da atual unidade. “A Prefeitura tem diversos imóveis na cidade, que, inclusive, está pagando aluguel de diversos imóveis e está desfazendo de alguns imóveis importantíssimos, tradicionais da cidade, em pontos importantes da cidade. Eu não sei o porquê disso. A gente imagina que a Prefeitura tem condição – se realmente há necessidade, e eu creio que há necessidade sim – de construir esse Cemitério, de construir inclusive com recursos próprios”, salientou, em entrevista ao Diário de Goiás.

Também em entrevista a este portal, o ex-prefeito e pré-candidato ao Executivo municipal de Bela Vista de Goiás, Marcos Teles (PT), destacou que a venda de imóveis públicos deveria ser a última alternativa a ser tomada por uma gestão. De acordo com o político, existem outras possibilidades, mais viáveis, para solucionar o problema. 

“Na minha gestão, que era uma situação muito mais difícil que está hoje, nós fizemos uma ampliação no atual cemitério sem vender nenhum imóvel, nenhuma agulha do patrimônio público. Então eu penso que falta um pouco mais de gestão para resolver essa situação”, frisou.

A venda dos imóveis é apoiada apenas pelo pré-candidato apoiado pela prefeita, o presidente da Câmara Municipal, Dione do Cará (PP). Segundo o político, as críticas feitas ao processo não passam de “politicagem”.

“Tem gente querendo tirar proveito. Quem faz é criticado e quem não faz, critica. Acredito que essa frase é verdadeira. Na política, o que dói na gente às vezes é ver pessoas que não querem ajudar. Só querem tumultuar, criticar, não apontam soluções. São grupos políticos querendo manipular as pessoas, tirar proveito”, ponderou.

Falhas no processo

O leilão dos imóveis não tem o respaldo nem mesmo do vice-prefeito de Bela Vista, Juliano Moreira (PRD). Na última quarta-feira (22), o político, que também é pré-candidato à Prefeitura sem o apoio de Nárcia, apontou falhas no processo, que seria a realização de consulta popular

“Fico sem entender porque os 11 vereadores votaram a favor de uma lei permitindo a venda, mas uma lei que contém vícios”, apontou o vice-prefeito. Segundo ele, o Plano Diretor e a Lei Orgânica do Município de Bela Vista exigiriam a realização de três audiências públicas para que a população de Bela Vista pudesse se posicionar favorável ou contrária à venda. Tais audiências, entretanto, não aconteceram. 

Em nota enviada pela Assessoria de Imprensa da prefeitura de Bela Vista, a chefe da Procuradoria Municipal, Daniella Cunha, informou, porém, que não existe na Lei Orgânica, no Plano Diretor nem na lei federal, “nada que obrigue a realização de audiências públicas antes da venda de imóveis”.


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