Há alguns anos, o Instituto Brasileiro do Vinho divulgou uma ampla pesquisa do mercado em que mostrava que 5,7% das pessoas que apreciavam bebidas alcoólicas no Brasil preferiam vinhos finos, como o cabernet sauvignon e o merlot. Entre os que preferiam vinhos a outras bebidas, 11% se disseram admiradores de vinhos de mesa, mais comuns em supermercados.
Apesar disso, a pesquisa mostrou que o consumo de vinho fino tem um público mais intenso, que não apenas conhece os aromas e as texturas, mas sabe diferenciar as marcas existentes. Os vinhos de mesa já são de bebedores esporádicos.
Metade dos consumidores ouvidos pela reportagem mencionou rótulos de vinhos finos que mais aprecia. Desses, um em cada 10 prefere comprar vinhos estrangeiros.
O país, apesar de produtor de vinho, consegue satisfazer cerca 30% da demanda interna entre todos os tipos, o que permite que haja certa concorrência entre os produtos nacionais e importados. Em 2015, o Brasil foi o 16° maior exportador mundial de vinho e o 13° em valores recebidos (R$ 292 milhões). Esse dado significa um incremento na produção interna, já que em 2005 o total de exportações ficou na marca dos R$ 100 milhões.
Segundo estudos internacionais, 80% do vinho importado consumido no Brasil é “fino”, sendo que, nesse mercado, o Chile ocupa a primeira posição, com 45%. O cabernet sauvignon, enfim, aparece como o preferido dos brasileiros entre os “finos”.
A produção de vinhos com uva cabernet sauvignon é distribuída por diversas regiões do Chile: as vinhas precisam de dias quentes e uma drenagem adequada para amadurecer, além de solos de cascalho, onde as pedras retêm o calor e proporcionam o escoamento da água. Em alguns vales chilenos, essa drenagem é feita por meio do gotejo de degelo da Cordilheira dos Andes.
No país vizinho, esse clima é encontrado na região de Maule, entre Santiago – a capital – e o seu litoral imediato – Valparaíso e Viña del Mar –, que correspondeu a quase metade de toda a produção de vinhos do Chile em 2016, segundo o Ministério da Agricultura local.
Portanto, não é difícil compreender por que os chilenos exportam tanto sauvignon: se o vale de Maule é o que mais produz vinho no país e tem o clima ideal para o cultivo desse tipo de uva, é ele que domina o cenário: de acordo com o Ministério da Agricultura do Chile, 32% de tudo o que foi fabricado em 2016 era cabernet sauvignon. Outros 14% eram cabernet blanc, sua “mãe”.
A principal facilidade da cabernet é a sua adaptação a diversos territórios e, assim, a possibilidade de ser cultivada em diversos locais. Já se chegou a dizer que é a uva mais consumida do mundo pela sua presença em todos os continentes. Segundo a ampelógrafa brasileira Renata Pacheco, é possível “viajar ao mundo” com ela. “Podemos dizer que a cabernet sauvignon é a casta internacional para se avaliar vinhos, produtores ou regiões” diz. “Ao contrário das castas de terroir, que raramente vingam fora de sua região de origem, qualquer lugar sem calor ou frio extremos a recebe muito bem”, finaliza.
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