Há pontos polêmicos na entrevista do deputado federal Thiago Peixoto (PSD) ao Diário de Goiás nesta segunda, 13. Ele definir PSDB e PMDB (governo atual e governos anteriores) como passado é no mínimo curioso, principalmente levando-se em conta que ele é da base do grupo que está no poder.
Mas o que talvez mereça mais atenção do que normalmente tem é a parte em que ele fala dos encontros que o PSD vai fazer pelo interior. O PSD vai ao interior para, segundo ele, ouvir a população.
Ouvir as pessoas. Thiago destacou bem essa palavra, observando que os políticos preferem mais falar. Precisamos ouvir, precisamos ouvir, insistiu o deputado.
O pressuposto é não só legítimo, mas louvável. Os políticos ouvem pouco a população, que por sua vez ouvem pouco o que dizem. Foi daí que a definição das disputas enveredou para recursos nada republicados como a compra de votos.
Não é preciso conversar. Basta negociar. É a regra que impera, na prática, em todas as eleições, fazendo com que aquilo que deveria ser regra – a conquista do voto, o merecimento pelas propostas, ideias, discurso etc. –, vire exceção.
Ouvir é uma arte, já disse alguém. A disposição dos partidos em ouvir deve ser comemorada sempre. Especialmente se não ficar da boca pra fora, se não for apenas mais um momento em que falar é apenas mais uma esperteza para literalmente levar a plateia na conversa.
Tem outro aspecto, nisso tudo. Creio que, estrategicamente, ouvir, conversar com o povo, falar o essencial sem querer enganar, são os recursos mais eficazes hoje para quem quer sobreviver na política.
Há uma indisposição enorme contra políticos, e isso só se supera com muito diálogo. As pessoas precisam voltar a acreditar e confiar na política, nos políticos. Coisa que não se conquista com dinheiro na mão.
E que os políticos estejam preparados mesmo para ouvir. Ouvir desaforos, ouvir o que não querem ouvir. Ouvir, e não apenas escutar. Ouvir para entender, compreender, aprender e se reinventar. Quem sabe daí nasça o Brasil novo.
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