A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração (Dercap), em Goiânia, assumiu o inquérito da Operação Máscara Digital, que mira envolvidos em ataques virtuais – entre os quais é suspeito também o prefeito da cidade, Márcio Corrêa (PL). Quem conduzia o inquérito era o Grupo Especial de Investigações Criminais (Geic) de Anápolis – 3ª DRP.
A informação sobre a mudança de delegacia foi publicada pelo DM Anápolis. “Todos os autos do processo foram avocados pela Dercap, bem como documentos e materiais apreendidos, como celulares e computadores. Toda prova produzida pelas diligências agora está em Goiânia”. A reportagem do Diário de Goiás buscou mais informações com a assessoria de Imprensa da Polícia Civil, mas ainda não teve retorno.
Ainda segundo o jornal, a mudança é decorrente da edição de uma portaria interna da Polícia Civil, que dá à Dercap a autoridade sobre a investigação de crimes cometidos por prefeitos ou pelo governador do estado.
Não há, por enquanto, maiores detalhes sobre quando a portaria foi expedida e a motivação, já que no âmbito do Executivo, a Derccap aborda crimes contra a administração eventualmente praticados por prefeitos, enquanto o que foi apurado e divulgado pela PC-GO até o momento atinge a honra de políticos, religiosos e empresários da cidade, embora envolva servidores públicos – já afastados.
Procurada nesta segunda-feira (30) pelo DG a assessoria de Imprensa da PC-GO ainda não retornou às mensagens para esses esclarecimentos.
De todo modo, o ato pode sinalizar que o processo avança contra o prefeito ou os servidores afastados.
Por outro lado, ainda não foi divulgada qual avaliação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) sobre o pedido de autorização para a investigação incluir Corrêa objetivamente. Isto porque na fase inicial do processo, o prefeito só figurou por terem sido encontradas conversas atribuídas a ele entre os coordenadores de um grupo de ataques virtuais realizados pelo perfil ‘Anápolis na Roda’, alvo da Operação Máscara Digital.
Frase comprometedora seria de Márcio Corrêa, prefeito de Anápolis
No grupo de WhatsApp dos investigados, os policiais identificaram “mensagens” atribuídas ao prefeito Márcio Corrêa com a frase: “bora soltar essa no Anápolis na roda 3”, o que, segundo a investigação, “sugere possível instigação ou direcionamento de conteúdo publicado nos perfis investigados”.
Como Corrêa tem foro privilegiado por ser prefeito, é necessária manifestação da Procuradoria-Geral de Justiça do MP-GO e do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) sobre qual o alcance do inquérito.
No dia 5 a desembargadora do TJ-GO Rozana Camapum enviou o processo para ouvir a PGJ. No dia 10, o MP-GO informou que tinha 30 dias para definir as providências.
Operação em maio prendeu três pessoas
A Operação que acidentalmente alcançou o prefeito foi deflagrada em maio. Na época houve a prisão do ex-secretário de Comunicação da Prefeitura, Luís Gustavo Rocha, do ex-diretor de Comunicação da Câmara Municipal de Anápolis, Denilson Boaventura, e da comunicadora Ellysama Aires, que foi candidata a vereadora em 2024. Eles foram soltos no mesmo dia.
Luís e Denilson foram exonerados dos cargos após o escândalo. Nenhum dos três, nem suas defesas, nunca retornaram para dar a versão sobre os fatos.
Procurado nesta segunda-feira também o prefeito Márcio Corrêa não atendeu a chamada nem retornou à mensagem, assim como a assessoria de Imprensa da Prefeitura. O espaço permanece aberto para a versão dele e dos que já são investigados.
Leia mais sobre: Dercap / Márcio Corrêa / Operação Máscara Digital / Polícia Civil GO / Anápolis / Política

