04 de julho de 2025
DANOS MORAIS

Vereador aciona Márcio Corrêa na Justiça por danos morais após revelações da PC-GO

Domingos Paula, um dos 11 vereadores ofendidos por posts, representou na Justiça contra Márcio Corrêa, que está em viagem ao exterior
Márcio Corrêa foi acionado na Justiça por vereador que informou ofensas sexuais contra ele e funcionárias da Cãmara - Foto: arquivo / divulação
Márcio Corrêa foi acionado na Justiça por vereador que informou ofensas sexuais contra ele e funcionárias da Cãmara - Foto: arquivo / divulação

Um dos parlamentares à frente da mobilização para investigar a fundo a possível participação de autoridades de Anápolis, em especial do prefeito Márcio Corrêa (UB), na publicação de ofensas por um perfil anônimo em redes sociais, o vereador Domingos Paula de Souza (PDT) representou contra o prefeito na Justiça. Assim que soube que a Polícia Civil identificou indícios de envolvimento do prefeito, ele entrou com uma ação de indenização por danos morais contra Corrêa.

Ao Diário de Goiás o parlamentar relatou nesta segunda-feira (26) que as ofensas dirigidas a ele e às servidoras do seu gabinete foram muito graves. Ele afirma que já tinha representado contra os outros envolvidos. Com a notícia na sexta-feira (23), de que Corrêa é suspeito de comandar o grupo que fazia as difamações, ele acionou judicialmente também o prefeito. “Eu já tinha representado [contra os outros], mas até então a gente não sabia quem estava por trás”, salienta.

Ofensas sexuais ao vereador e a servidoras da Câmara

Na representação, Domingos cita frases de cunho sexual e ofensas à moral dele e de suas colaboradoras que foram publicadas, segundo a denúncia, no perfil “Anápolis na Roda”. O perfil está no centro dos ataques a diversas pessoas, entre políticos, religiosos e empresários.

Na semana passada o Grupo Especial de Investigações Criminais (Geic) da Polícia Civil (PC-GO) representou para que a 5ª Vara Criminal de Anápolis remeta os autos da investigação sobre o prefeito Márcio Corrêa ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), com urgência. O nome de Corrêa aparece no inquérito conduzido pelo Geic como integrante de um grupo de WhatsApp que coordenava publicações feitas por contas associadas ao perfil, aparentemente dando ordem para determinado post ofensivo.

Perícia levou a prefeito

A investigação foi impulsionada pela análise forense do celular do ex-secretário municipal de Comunicação, Luís Gustavo Rocha, preso na Operação Máscara Digital e exonerado na semana passada. A perícia digital identificou a existência de um grupo de mensagens intitulado “Café com Pimenta”, do qual participavam Márcio Corrêa, Luís Gustavo e o jornalista Denilson Boaventura ambos também alvos da apuração, junto com a jornalista e candidata a vereadora Ellysama Aires Lopes Almeida.

Domingos ironizou o prefeito ter viajado para o exterior em meio ao cenário turbulento em torno do nome dele. “Com essa operação da polícia, descobriu-se que o prefeito Márcio correu, né?”

O vereador integra a Frente de Acompanhamento da Operação Máscara Digital, que foi instalada nesta segunda-feira para apoiar as investigações e o andamento processual do caso no Judiciário. Além disso, o grupo já organizou uma audiência pública que será na próxima terça-feira (3), na Câmara.

Ele disse que está envolvido em mobilizar os colegas vereadores que ainda não assinaram o requerimento solicitando a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar o caso. Dos 23 parlamentares da Câmara de Anápolis, oito assinaram, mas dois recuaram nos últimos dias, segundo afirma. Ele explica que a coleta de assinaturas iniciou antes de a possibilidade de investigação de Corrêa se tornar pública, por isso, acredita, dois parlamentares da base do prefeito recuaram.

Entretanto, ele acredita que as oito assinaturas, o mínimo necessário para a CEI, serão alcançadas diante do tamanho do escândalo e do alcance das ofensas – segundo ele, só na Câmara, 11 dos 23 vereadores foram alvos de posts ofensivos.

Além disso, ele lembra que as ofensas publicadas ainda atingiram diversos líderes religiosos, como mostrou também o DG nesta segunda. Dessa forma, ele aposta na pressão do grande número de pessoas ofendidas. “São mais de cem vítimas como eu”, disse Domingos.

Mas o vereador afirma que a prioridade no momento é apoiar a investigação, diante do que ele chamou que ação para “denegrir a imagem da Polícia Civil, de falar que não foi verídica a forma que a polícia atuou”, citou ainda. 

Polícia resgatou conversas comprometedoras

Em print de conversa revelado pelo DM Anápolis, o contato do grupo de WhatsApp investigado que aparece com o nome do prefeito, envia um arquivo que os demais indicam ser vexatório para uma mulher. É Marcela Pimenta, médica que foi candidata a vereadora da cidade nas últimas eleições. Márcio Corrêa orienta: “Vamos soltar essa no Anápolis na Roda 3”. Denilson então responde: “Sim, cutucar ela”.

Na semana passada, antes dessas revelações, a médica concedeu entrevista ao Painel DM dizendo que acreditava no envolvimento de outras pessoas na estratégia de difamação. Ela já tinha denunciado os três primeiros investigados e cobrou o aprofundamento das investigações conduzidas pela Polícia Civil na Operação Máscara Digital.

“O problema é que o perfil não tinha nome, mas agora tem. Nomes, que certamente não são apenas esses três nomes. Certamente há mais gente envolvida. E eu peço aqui encarecidamente à Polícia Civil que não pare as investigações”, declarou. “Estamos diante de uma quadrilha”, disse na ocasião.

Marcela afirma na entrevista que foi alvo de mais de 20 publicações com conteúdos ofensivos e mentirosos, que abalaram sua vida pessoal e profissional. “Lamentei muito quando vi as publicações. Tenho todas salvas em uma pasta no meu telefone. Eu não seguia a página justamente para não dar palco para essa gente rasteira, que não dimensiona o impacto disso na vida das pessoas”, declarou.

Segundo ela, os ataques afetaram seu casamento e repercutiram entre pacientes, amigos e familiares. “Não eram brincadeiras. Foram postagens que destruíram ambientes familiares e de trabalho”.

Versão não foi enviada

A assessoria do prefeito Márcio Corrêa não retornou ao contato feito para ouvir a manifestação dele. Os outros três envolvidos não foram localizados ou não retornaram aos contatos já feitos pelo jornal. O espaço permanece aberto para a versão de todos eles.


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