Não há como negar. O esvaziamento do Governo Itinerante é mostra clara de que o governador Marconi Perillo (PSDB) está cada vez mais sozinho. Não empolga nem aliados. Ninguém se anima a ir, assim como poucos querem tomar frente aos desgastes do gestor com denúncias e promessas não – quando muito, mal – cumpridas.
A situação é típica de fim de governo: ele manda e ninguém obedece. Ou melhor, obedecem aqueles que sintonizam – e recebem pela sintonia, diga-se de passagem – com a única forma de defesa do indefensável: o ataque. É o efeito minguada perspectiva de poder.
E se a ausência de autoridades no Governo Itinerante não convence – ainda há quem brigue com as imagens –, não faltam declarações da própria base evidenciando o fim de um governador que já foi, um dia, forte – na visão dos aliados – e autoritário – na definição dos adversários.
Hoje é cada um por si e reclamações cada vez maiores, como ouvidas contra o que é apontado como ‘arbítrio’ crescente do secretário de Gestão e Planejamento, Giuseppe Vecci, senhor absoluto do que pode e do que não pode na administração tucana.
O mesmo Vecci que já se apresenta como um possível pré-candidato ao governo do Estado e que determina a verba que sai, ou não, dos cofres públicos – reflexo da centralização com o programa PAI, que direciona gastos e obras prioritárias.
Na coluna Giro, do jornal O Popular desta segunda-feira, 13, o líder do governo na Assembleia Legislativa de Goiás, deputado Fábio Sousa (PSDB), confessa sua preocupação com o individualismo dos aliados.
Segundo informações do colunista, os secretários estão intensificando suas agendas de olho nas eleições de 2014, esquecendo-se que Marconi é um pré-candidato. “Sem contar que eles insistem em não serem acessíveis”, acrescenta o deputado.
O fogo amigo está declarado. Resta ao governador retomar o controle ou levantar a bandeira branca e perder uma eleição por antecipação, dentro de sua base.
Neste cenário, não espanta o apego ao show de Paul McCartney para conseguir um fôlego de mídia positiva. É a mostra clara do fracasso de um governo na opinião pública. Um governo que conta com a sorte – já que a vinda do ex-Beatle foi consequência da indisponibilidade do Distrito Federal –, mas não consegue contar com a própria palavra.
Em sua defesa, saem nomes como Túlio Isac, líder da bancado do PSDB no Legislativo que, somente na última semana, utilizou as retumbantes ‘pérolas’ como argumento:
Sobre a denúncia de espionagem ilegal feita pela revista Carta Capital: “Até a capa deles é vermelha, cor do PT. Tudo que dizem é mentira.”
Sobre a confiança do deputado Francisco Gedda (PTN) de que Marconi perderá as eleições em 2014: “Gedda quer tanto fazer parte da base, que devia ir passear na Base Aérea de Anápolis.”
Sobre as críticas do deputado Mauro Rubem (PT) ao governador: “O senhor só abre a boca pra reclamar do Marconi. Devia fazer igual a Daniela Mercury e sair do armário. Pode declarar seu amor ao governador” – disse enquanto fazia um símbolo de coração com as mãos.
Sobre as críticas do deputado Daniel Vilela (PMDB) contra Marconi Perillo: “O senhor é bonitinho, mas é ordinário.”
…
Basta, né?!
Leia mais sobre: Lênia Soares