Por Felipe Rosa Mendes
Com uma reação histórica, o Real Madrid eliminou o Manchester City nesta quarta-feira e buscou uma improvável vaga na final da Liga dos Campeões. Jogando no estádio Santiago Bernabéu, o time espanhol contou com o apoio da torcida para buscar uma virada espetacular no segundo jogo da semifinal. Após perder por 4 a 3 na ida, o Real saiu atrás no placar, mas arrancou dois gols, aos 44 e aos 46 minutos do segundo tempo, e anotou o terceiro na prorrogação, selando o placar por 3 a 1. No agregado, venceu por 6 a 5.
O brasileiro Rodrygo foi o nome do jogo, por ser o autor dos dois gols nos instantes finais da etapa final. Titular nos últimos jogos, o ex-santista começou no banco nesta quarta. E não decepcionou ao entrar em campo no segundo tempo. Os lances decisivos forçaram a disputa do tempo extra, quando Benzema confirmou a classificação em cobrança de pênalti. Discreto durante a maior parte do jogo, o francês também foi decisivo por dar assistência ao primeiro gol de Rodrygo.
A classificação histórica confirma a história de superação do time espanhol nesta Liga dos Campeões. Os comandados de Carlo Ancelotti saíram em desvantagem nas oitavas de final, contra o Paris Saint-Germain, mas fizeram valer o poder de fogo da equipe no Santiago Bernabéu. Nas quartas, venceram o Chelsea fora e seguraram uma sofrida derrota em casa, no limite do placar agregado para avançar.
Na decisão, o Real vai rever o Liverpool, na reedição da final da temporada 2017-2018. Na ocasião, os espanhóis venceram por 3 a 1, em jogo marcado por uma lesão precoce de Mohamed Salah e por falhas grosseiras do goleiro do time inglês. A final está marcada para 28 de maio, no Stade de France, na cidade francesa de Saint-Denis.
Depois do 4 a 3 da ida, o duelo desta quarta foi cercado de altas expectativas. Mas o City tratou de controlar o Real para decepcionar torcedores do mundo todo nos primeiros 88 minutos do jogo. O time inglês controlou a maior parte do jogo e desperdiçou seguidas chances para confirmar sua classificação. Mas sucumbiu nos minutos finais do tempo normal e na prorrogação
Os primeiros minutos no Santiago Bernabéu foram de total iniciativa do Real, que acelerava o jogo para tentar reverter a desvantagem do jogo de ida. Aos 4, Benzema já desperdiçava cabeçada sem marcação quase na pequena área. Sem se abalar, o time inglês também buscava o ataque, tornando o jogo franco nos primeiros 20 minutos.
Apesar do apoio da torcida e da necessidade de fazer ao menos um gol, o Real não conseguiu sustentar o ritmo alucinante no decorrer da primeira etapa. O time de Guardiola conteve a pressão e, aos poucos, passou a impor seu jogo. De Bruyne e Bernardo Silva perderam boas chances, dando trabalho a Courtois, o melhor jogador do Real nos primeiros 45 minutos. Foram três defesas decisivas. Gabriel Jesus fazia partida discreta.
Do outro lado, o Real apostava na correria de Vinicius Junior pela esquerda e pelo bom posicionamento de Benzema. Ambos levaram perigo em jogadas pontuais. O brasileiro mandou por cima do travessão, aos 17. Bem marcado, o atacante francês mal conseguia se movimentar no ataque. Na prática, o goleiro Ederson mal suou no primeiro tempo.
Preocupado, o time da casa voltou com tudo para a etapa final. Novamente acelerando as ações, o Real criou uma das melhores chances do confronto em jogada ensaiada logo na saída. Vinicius Junior, sem marcação dentro da área, bateu para fora.
Passado o susto, o City tratou de conter a pressão e retomar o domínio da partida. Desta vez, levou menos tempo para assumir o controle do jogo. O time inglês encaixava a marcação com certa facilidade, fechava os espaços do Real e administrava com eficiência a vantagem conquistada no jogo de ida.
O técnico Carlo Ancelotti, então, apostou em Rodrygo para ser o quarto homem do Real no ataque. Guardiola foi mais ousado e sacou De Bruyne para a entrada de Gündogan. Mas o City não deu tempo para o torcedor inglês se preocupar. No minuto seguinte, Gündogan iniciou a jogada que gerou o gol de Mahrez, que encheu o pé ao surpreender a defesa do Real, entrando na área livre, pela direita, aos 27 minutos.
O gol ampliou a vantagem do City no placar agregado, com 5 a 3. O Real precisava, portanto, marcar dois gols para igualar o duelo e forçar a prorrogação. Nada que a torcida não acreditasse ou que a equipe não tivesse feito nesta edição da Liga dos Campeões, nas quartas de final, contra o Chelsea.
E o roteiro se repetiu nesta semifinal, sob o comando de Rodrygo O ex-santista marcou dois gols em apenas dois minutos. Aos 44, escorou cruzamento de Benzema e empatou. Na sequência, Carvajal cruzou da direita e o brasileiro escorou de cabeça para as redes para festa da torcida que lotava o Santiago Bernabéu.
Os gols assustaram o City, que quase levou o terceiro antes do apito final, e forçaram a disputa da prorrogação. Abatido, o time inglês viu a situação piorar de vez logo aos 2 minutos da primeira etapa do tempo extra quando Rubén Dias derrubou Benzema dentro da área: pênalti. O próprio francês cobrou no canto, aumentou a vantagem do Real e confirmou a classificação à final.
Agora o Real tentará ampliar o recorde de troféus da competição europeia. O time espanhol soma 13 troféus, mais do que o dobro de títulos do Liverpool, campeão europeu por seis vezes, a última na temporada 2018-2019.
(Conteúdo Estadão)
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