28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 12/02/2020 às 23:42

Reforma ousada

Foi realmente uma surpresa a divulgação da reforma administrativa do governo de Goiás para iniciar o ano de 2015. O governador Marconi Perillo tomou a iniciativa de fazer um pretenso enxugamento radical da estrutura da administração pública que, segundo disse o chefe do Executivo, deve alcançar 16 mil cargos extintos a partir de janeiro. Mas, certamente, tais decisões têm consequências políticas e objetivos na mesma linha.

A ênfase dada por Perillo ao fato de que assumia a total responsabilidade pela reforma foi um duro recado àqueles que possam vir a questionar o lançamento das ideias e atingir outros assessores dele. Marconi elevou o tom de voz para afirmar que só foi candidato a governador com a liberdade para reformar a administração e montar um governo com mais liberdade. Ele venceu. Agora, os aliados que aguentem as consequências.

A reforma é necessária. Uma consequência política direta é a diminuição de cargos comissionados e contratos temporários na estrutura do governo. A extinção direta dos cargos e funções comissionadas das secretarias extintas atinge aos indicados politicamente que, agora, sabem que não terão o emprego a partir de janeiro. Sim, eles vão reclamar bastante para seus aliados.

Mas, ou eles saem, ou o Estado não terá recursos para pagar os salários e reajustes para os servidores efetivos. A consequência seria pior. Por isso, é correto entender que a reforma administrativa anunciada ao fim do atual governo para começar o próximo, sob as mãos de Perillo, é aposta ousada com o foco na gestão. Como disse o governador, “corta na carne”.

Com menos secretarias para distribuir aos aliados, derrotados ou eleitos, Perillo terá mais descontentes do com pessoas animadas ao seu lado. O bolo será menor e vem muita gente para a festa, assim os pedaços serão pequenos. Mas, há que se entender que Perillo também faz uma aposta na criação de uma imagem para a política nacional como um governador que reduziu o tamanho do Estado.

A perspectiva agrada à estrutura do PSDB e coaduna com a visão de muitos líderes políticos e empresariais pelo país afora. Perillo, então, pode dizer ao país que aplicou uma visão moderna de gestão e, por isso, tenta alcançar a condição de ser uma referência para o país.

Por fim, um outro fato deve ser considerado: Marconi sabe que tem pouco tempo para alavancar uma gestão com foco na inovação. Por isso, anuncia uma reforma e começará a aplica-la no primeiro dia do próximo governo. Se dúvida, abre as asas para voltar com a tentativa de um voo nacional. 

 

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .