22 de novembro de 2024
Informativo • atualizado em 13/02/2020 às 00:31

Cidade de Goiás reconhece esforço de Marconi pelo título de Patrimônio Mundial

Quinze anos após o reconhecimento da cidade de Goiás como de Patrimônio Mundial, a comunidade vilaboense elege o governador Marconi Perillo como o principal artífice da mobilização que viabilizou a conquista do tão sonhado título junto à Organização das Nações Unidas (ONU). A partir desta quinta-feira (15/12) e até domingo (18), várias atividades, que incluem apresentações musicais, inaugurações de obras e rodas de conversa, vão marcar as comemorações do título internacional. 

Amanhã, dia 15, acontecerá a abertura solene das comemorações, na Praça do Coreto, em frente ao Palácio Conde dos Arcos, com a presença do ministro da Cultura, Roberto Freire. A cidade recebeu em dezembro de 2001 da Unesco em Helsinque, na Finlândia, o título de Patrimônio Histórico da Humanidade.

O governador Marconi Perillo, ao assumir o governo pela primeira vez em 1999, deflagrou uma série de tratativas com ativistas culturais do Brasil e do exterior, na perspectiva de viabilizar o sonho de garantir à Cidade de Goiás um título de tamanha grandeza. A partir daí, o governo de Goiás se voltou, com esforços decisivos e desmedidos, para a consecução deste ideal. 

Foi criada na época uma comissão de notáveis da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico e sob a coordenação do Movimento Pró-Cidade de Goiás, presidido por Brasilete Caiado, que possibilitou a criação do Dossiê de Goiás, o documento mais completo sobre a nossa história e elaborado no primeiro ano do novo governo estadual, cujo peso já fez pender, de início, a balança da Unesco da concessão do título. 

Mas a Unesco queria mais, queria de volta a cidade ao estilo antigo. A instituição exigiu um programa de preservação, com infra-estrutura urbana, saneamento e fiação subterrânea, seguido de um inventário do potencial turístico, elaborado pela Agetur, além da preservação da Serra Dourada e a total despoluição do Rio Vermelho. Mais de 20 milhões de reais foram investidos, por determinação do governador Marconi Perillo, com o foco de devolver a Goiás o seu caráter original, revigorando as raízes e reavivando a história da Vila Boa.

O empenho pessoal do governador tornou possível a realização do velho sonho da histórica Vila Boa e, mais que isso, a conquista do sagrado direito de ver a saga da Cidade-Mãe de Goiás estampada no livro dos grandes feitos da História Universal. Goiás, antes só dos goianos e, de forma incompreensível e inaceitável, até então tratado como província pelo chamado Brasil desenvolvido, seria, a partir de então, patrimônio da humanidade. “Tomaram-nos as riquezas, mas não o berço, o sangue dos antepassados, não a história”, disse Marconi duas vezes durante as transferências simbólicas do governo para a Cidade de Goiás.

Na liderança pessoal do governador estava a soma das vontades que se concretizaram, ideais transformados em obras, a modernidade, o desenvolvimento, a fraternidade e a justiça social. Mas não bastava conquistar um título, era preciso materializá-lo e cuidar para que não houvesse retrocesso. 

Antes da concessão do tombamento, por ação direta de Marconi, foi criado o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), hoje referência mundial, e que influenciaria positivamente na declaração de Patrimônio Mundial. Na época, o governador assumiu o compromisso e o resgatou plenamente: ampliar e modernizar as galerias de águas pluviais da cidade e instalar iluminação pública com fiação subterrânea, com uso de arandelas e candelabros usados no período colonial.

Um dos dramas vivenciados pela Cidade de Goiás foram as duas enchentes, uma delas de grandes proporções. Em janeiro de 2001, chuvas intermitentes deixaram 123 pessoas desalojadas, duas casas centenárias totalmente destruídas e 50 danificadas. Oito pontes foram interditadas no município por risco de desabamento. O temporal ocorrido na virada de 2001 para 2002, menos de um mês após a cidade receber o título da Unesco, deixou um saldo pior. Quarenta casarões tombados pelo órgão ligado à ONU, inclusive o da poetisa Cora Coralina, sofreram sérios danos. Vinte e três lojas à beira do rio viraram ruínas. A enxurrada danificou ainda calçamentos de pedras, postes de ferro e outros itens do conjunto histórico.

Por determinação do governador, era preciso reconstruir o que foi destruído. Obras emergenciais e de restauração, realizadas com dinheiro público, recuperaram o charme de Goiás Velho. Após 2002, técnicos de órgãos de defesa do patrimônio histórico e do meio ambiente fizeram relatórios e pareceres. O principal deles, elaborado pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios Históricos (Icomos, da sigla em inglês), da Unesco, apontou o assoreamento e a diminuição gradativa da vazão do Rio Vermelho como responsáveis pelo transbordamento dele e da destruição em suas margens. O conselho da Unesco pediu a suspensão de edificações na caixa de vazão do rio e a reconstrução das pontes tradicionais, feitas de madeira, no lugar das mais modernas, de concreto.

Matéria publicada pelo jornal Correio Braziliense, em 17 de janeiro de 2001, informou que um estudo da Agência Ambiental de Goiás, feito após a enchente de 2002, mostrou que haviam sido devastadas 80% das matas ciliares nos 15 quilômetros entre a nascente do Rio Vermelho e a área urbana de Goiás Velho. A maior parte do cerrado nativo deu lugar ao capim, fonte de alimento das 200 mil cabeças de gado de corte criadas em pouco mais de mil propriedades rurais. Garimpeiros que atuavam clandestinamente à procura de ouro no rio também colaboraram na degradação. Por onde passavam, deixavam danos, assoreando e mudando o curso do manancial. Alguns usavam mercúrio para separar a lama do ouro. O material tóxico era levado pelas enxurradas para o rio, matando peixes e plantas.

Por meio de decreto, o governador Marconi Perillo ampliou a Área de Proteção Ambiental (APA) da bacia de Serra Dourada em janeiro de 2000. Uma das mais importantes normas é o impedimento do desmatamento numa faixa de 30 metros das margens dos rios e afluentes. 

Outra obra de grande vulto é a duplicação da G0-070, também conhecida como Rodovia do Boi, que liga Goiânia à Cidade de Goiás. A duplicação avançou e o último trecho, entre o trevo de Mossâmedes e a Cidade de Goiás deve ser concluído em 2017. Mais de R$ 200 milhões foram investidos pelo Governo do Estado na duplicação. Numa parceria com a Prefeitura Municipal, o governador destinou recursos para criação do Lago das Acácias, o mais novo cartão postal da cidade.

Sobre as comemorações de 15 anos de tombamento, o superintendente de Cultura da Seduce, Nasr Chaul, afirma que a data tem um significado expressivo para o povo goiano e, por isso, merece ser celebrada. “Essa comemoração é importante porque Goiás é a única cidade no Estado que tem esse título de nível mundial, que premia a manutenção das tradições, cultura, natureza e arquitetura ao longo dos séculos”, comenta Chaul. 

Nars Chaul também destaca que o Governo de Goiás tem feito um extenso trabalho, por meio de várias secretarias, para manutenção e valorização da antiga capital do Estado, com obras de saneamento, iluminação e ações culturais. Uma delas é o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) que reúne cineastas e ambientalistas do mundo inteiro e este ano chegou à sua 18ª edição.

Segundo Marconi, “o título de Patrimônio Cultural faz jus à arquitetura, à cultura e à memória da cidade. Sendo o primeiro núcleo urbano fundado no território goiano, no início do século 18. Entre becos, casarões coloniais e quintais, entre procissões, igrejas e santos barrocos, entre alfenins e empadões está escrita a história goiana-brasileira e a história de todos os seus fabulosos personagens”.

Para a maioria da população da cidade de Goiás, o título de Patrimônio da Humanidade contribuiu muito para aumentar o fluxo do turismo. Acreditam que o interesse maior das pessoas em relação à antiga capital cresceu após o tombamento pela Unesco, aumentando a concentração do turismo religioso e o cultural voltado para a terceira idade.

Não há dúvida de que o título de Patrimônio da Humanidade mudou a rotina da cidade e seus habitantes observam com tranquilidade o movimento – principalmente nos finais de semana -, quando dezenas de ônibus chegam a Goiás lotados de estudantes de Goiânia, Brasília, Uberlândia e cidades do interior do Estado. São viagens de conhecimento, monitoradas por professores. 

Com a juventude estampada no rosto, os estudantes visitam as praças, os museus, as igrejas. A Casa de Cora Coralina, na ponte da Lapa, é de longe a atração preferida. A curiosidade em torno da vida da poetisa é enorme. Durante o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, o museu recebe mais de 300 pessoas em um só dia.

A curiosidade dos visitantes, que já era grande, com o título de Patrimônio da Humanidade ficou muito maior. Tradicionais moradores da cidade comentam que o título despertou o interesse dos proprietários em cuidar mais da fachada de seus imóveis. A pintura, em tonalidades adequadas, dá um efeito especial às casas do Século 18, realçado pela iluminação inspirada nos antigos lampiões de gás do Brasil Colônia.

Para coroar de êxito um momento tão rico da história de Goiás, este ano a cidade recebeu a Tocha Olímpica, com a presença do governador, em meio à alegria e  orgulho dos moradores, sobretudo dos que participaram do trajeto carregando o símbolo olímpico. Momento para marcar a história da cidade, que comemora também 15 anos como Patrimônio Histórico da Humanidade. “É o encontro de uma tradição milenar com outra centenária”, observava Marconi, na cerimônia de recepção da Tocha, no coreto em frente ao Palácio Conde dos Arcos.

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