A situação do prefeito Márcio Corrêa (UB) fica tensa em Anápolis com a formação de uma frente nesta segunda-feira (26) para acompanhar as investigações da Operação Máscara Digital, além de uma audiência pública com as vítimas na próxima semana e a coleta de assinaturas para instalação de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) na Câmara Municipal sobre as suspeitas a respeito do envolvimento de Corrêa.
Em meio ao desgaste, no domingo (25), o prefeito postou foto do embarque com a esposa, Carla Lima, com destino à Estônia, Finlândia e Cingapura. Ele faz parte da comitiva liderada pelo vice-governador Daniel Vilela (MDB). Corrêa escreveu: “Bora ali?” nos storys. Procurada, a assessoria dele ainda não retornou à mensagem que abre espaço para a manifestação de Corrêa.
A frente parlamentar fez a primeira reunião nesta segunda. Um grupo de vereadores atingidos pelas ofensas publicadas nos perfis investigados, o principal deles chamado “Anápolis na Roda” decidiu focar na coleta de assinaturas para a CEI e no agendamento de reuniões com autoridades.
Seis vereadores dos 23 atuais já assinaram. São necessárias oito assinaturas. Já assinaram: Rimet Jules (PT), Thaís Souza (Republicanos), Domingos Paula (PDT), Fred Caixeta (PRTB), Alex Martins (PP) e Luzimar Silva (PP).
Conselho de Pastores reage
Além de políticos, influenciadores e empresários, também houve difamação a pastores de igrejas evangélicas sediadas em Anápolis. O perfil teria publicado até fotos de pastores sem roupa.
Sobre essas ofensas, o bispo Mozart Soares, do Conselho de Pastores de Anápolis, se manifestou em nome da congregação após centenas de pedidos neste sentido. A nota repudia as publicações expondo pastores e outros líderes das denominações evangélicas da cidade, atingindo ainda pessoas, famílias e empresas locais sem medir consequências.
Agenda da Frente de Acompanhamento da Operação Máscara Digital
Nos próximos dias os vereadores de Anápolis que fazem parte da frente farão visitas oficiais ao delegado responsável pelas investigações e ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), para onde foi encaminhado o pedido de apuração envolvendo a situação do prefeito Márcio Corrêa.
Como mostrou o Diário de Goiás, a Polícia Civil solicitou a remessa do processo ao TJ-GO após indícios de participação dele nos ataques através dos perfis. Por ocupar cargo com foro privilegiado, o chefe do Executivo só pode ser investigado mediante autorização do Tribunal.
Uma das vítimas das postagens ofensivas, o vereador Rimet Jules (PT) destacou ao DG nesta segunda que as apurações serão fortalecidas com a mobilização que está sendo organizada. Ele destaca que outros vereadores também foram atingidos pelas ofensas assim que assumiram, quando ainda estavam indecisos em compor a bancada da situação e dar apoio, ou não, ao atual prefeito.
Ele avalia que os ataques visavam justamente forçar essa aproximação e afastar esses parlamentares de uma postura de oposição. A descoberta da ação organizada, entretanto, deixa lança a dúvida se esse apoio vai continuar sendo prestado caso a participação de Corrêa se confirme dentro do processo instaurado.
“A população exige respostas. Estamos diante de um caso gravíssimo, com uso criminoso da estrutura pública para atacar adversários, manipular a opinião pública e esconder falhas da gestão. O mínimo que podemos fazer é garantir fiscalização firme, ampla e transparente”, defende o parlamentar.
Audiência no dia 03
A frente também agendou uma audiência pública na Câmara, com a presença de autoridades, representantes da sociedade civil e “vítimas de calúnia, difamação e perseguição promovidas pela organização criminosa investigada pela Polícia Civil”, divulgou o vereador.
À frente dessas postagens que teriam envolvimento também do prefeito Márcio Corrêa a Polícia identificou o então diretor de Comunicação da Câmara Municipal, Denílson Boaventura, e o então secretário de Comunicação da Prefeitura de Anápolis, Luís Gustavo Souza Rocha – ambos exonerados logo após o escândalo –, além da jornalista e ex-candidata a vereadora, Ellysama Aires Lopes Almeida. Os três chegaram a ser presos no dia 16 e soltos no mesmo dia.
“A verdade precisa vir à tona. E quem sofreu na pele com os ataques dessa quadrilha digital precisa ser ouvido. A impunidade não pode vencer”, desabafou Rimet.
Segundo ele, a Frente de Acompanhamento se manterá mobilizada com a expectativa pela efetiva abertura da CEI na Câmara e aprofundar as apurações no âmbito do Legislativo municipal.
Versão de Elysama
Desde a deflagração da Operação Máscara Digital, o DG abriu espaço para os investigados, mas nenhum se manifestou.
Elysama enviou uma nota ao programa Painel DM desta segunda (26), conduzido por Lucivan Machado, Rafael Tomazeti e Carlos Antônio, onde afirmou que “a única relação” com a página investigada foi ser proprietária em 2024.
Segundo ela, após isso a mesma página pertenceu a várias pessoas com três nomes diferentes. “Nunca fiz login na página intitulada Anápolis na Roda. Meu maior erro foi mandar mensagem no direct para apagar postagens, pois recebi as intimações [mandando apagar as mensagens com ofensas] e enviava os processos que chegavam à página através do meu nome. Eu não sabia quem estava com a página. Se imaginasse quem era, mandaria no WhatsApp e não no direct. Tudo que estou falando consta no processo”, destaca.
A nota lida no programa segue afirmando que ela foi em todas as audiências que e delegacias onde foi intimada. “Sou divulgadora, criadora e gerenciadora de perfis de diferentes segmentos na cidade e jamais pensei que chegaria a esse ponto um perfil que tive acesso em 2024. Inclusive é fake news que meu celular estava logado no perfil”, sustenta também.
A jornalista reclama da operação policial: “Referente à operação, quebraram meu portão, colocaram arma em minha família, fuzil em meu filho menor de idade, dentro do banheiro. Policiais encapuzados. Minha filha de seis anos [agora] se recusa a voltar para casa. Fui algemada e presa. Agora, supostas vítimas vem com acusações inverídicas de que estou fugindo da cidade. Me poupem. Mas confio na Justiça”.
Além disso, ela garante que sempre esteve à frente do material que produz. “Não sou covarde, nunca me escondi através de perfis. Sempre assinei minhas matérias e divulguei meus vídeos, sejam contra pessoas físicas ou públicas. Não gasto meu tempo batendo em cachorro morto”, acrescente. No final disse que pode se afastar da cidade por 15 dias sem aviso prévio ao Judiciário.
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