Uma fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sobre o excesso de poder da Câmara dos Deputados não vai atrapalhar a votação do novo marco fiscal, que prevê a criação de um teto de gastos para o governo federal, na semana que vem, afirmou o presidente da Casa, Arthur Lira, nessa terça-feira (15). Ele disse que o governo e os deputados vão manter as relações, apesar da fala que ele classificou de “inapropriado” do ministro da economia.
“Nós nos surpreendemos. Como eu coloquei na minha nota, acho que foi inapropriado. Talvez um deslize do ministro numa entrevista. Não vejo motivo para além do que foi gerado”, declarou Lira em coletiva de imprensa no final da tarde.
O mal-entendido começou quando Haddad deu uma entrevista ao podcast do jornalista Reinaldo Azevedo, e falou que a Câmara “está com um poder muito grande” e que a Casa não poderia usá-lo para “humilhar” o Senado e o Poder Executivo. Ele se corrigiu posteriormente e disse que se referia à mudança do presidencialismo de coalizão nos últimos anos.
Crise política
A declaração de Haddad gerou uma crise política e uma reunião entre Lira, Haddad, técnicos da equipe econômica e líderes partidários, que estava prevista para a segunda-feira (14), foi adiada. Já na terça-feira (15), o relator do projeto na Câmara, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), anunciou o reagendamento do encontro para a próxima segunda-feira (21). “Não teve clima para a reunião [na segunda-feira]”, admitiu Lira.
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Lira afirmou que o projeto do marco fiscal sofreu “alterações importantes” no Senado, mas prometeu seguir com a votação na semana que vem, e negou que haja demora nas discussões. “Estão cobrando da Câmara uma coisa que está no tempo dela. Teve um contratempo ontem, mas vai ser resolvido na semana que vem”, falou Lira.
Apesar dos contratempos após a declaração de Haddad, o presidente da Câmara disse que o diálogo com o governo continuará. “Não temos interesse nenhum em manter acirramento de ânimos, mas o posicionamento foi necessário”, reiterou Lira.
Fonte: Agência Brasil
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