O volume de fake news que circulam nas redes sociais e nos aplicativos de mensagem aumentaram desde o primeiro turno, é o que apontam levantamentos feitos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e pelas instituições de pesquisa Palver, NetLab e Crowdtangle. De acordo com O Popular, houve aumento de 253% na média de compartilhamento de notícias falsas, diariamente, entre o primeiro e segundo turnos.
Os dados da porcentagem são referentes a pesquisa feita pela NetLab, considerando as notícias com temas de valores cristãos, de gênero e família, principais tópicos associados à fake news. A análise contou com amostragens de publicações feitas no WhatsApp, Telegram, Twitter, Youtube, Instagram e Facebook no período entre 15 de agosto e 15 de outubro.
Depois do primeiro turno, no dia 2 de outubro, as notícias sobre supostas fraudes nas urnas caiu 82%. As mensagens que associam irregularidades na votação despencaram depois do desempenho acima da média esperada para o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde a última segunda-feira (24), quando o ministro das comunicações, Fábio Faria, levantou a questão de fraude na campanha eleitoral de Bolsonaro pelas emissoras de rádio no Nordeste, a desinformação sobre fraude eleitoral voltou a subir, superando a do primeiro turno. A pesquisa da Palver apontou que a média diária de compartilhamentos de mensagens que incluiam os termos relacionados a ‘fraude eleitoral’ e ‘inserções no rádio’ aumentou 224% no WhatsApp.
Em entrevista ao O Popular, a coordenadora do NetLab, Marie Santini, explicou a estratégia da veiculação de mensagens sobre a suposta omissão da inserão nas rádios, a chamada “firehose of falsehoods” (mangueira de incêndio de mentiras). A metodologia consiste em bombardear os eleitores com notícias que estimulem a falta de confiabilidade no sistema, de forma que os deixem abertos a acreditar nas narrativas de desinformação.
“A história das rádios faz parte de uma campanha permanente, e a intensificação dessa narrativa na última semana prepara para um questionamento real dos resultados, com apoio dos eleitores”, diz. Santini ainda afirma que a desinformação das eleições de 2022 está mais sofisticada do que as de 2018, que usava basicamente grupos de WhatsApp e Facebook.
Este ano, a metodologia aplicada foi a do uso de multiplataformas, que inclui a geração de conteúdos que são veiculados em diversos canais. As mensagens são distribuídas em grupos de WhatsApp e Telegram para testar a eficiência da propagação, depois são feitos testes de anúncio dessas notícias no Facebook, de modo a ver qual tipo de linguagem reverbera mais. A partir daí, é possível segmentar o tipo de mensagem para o perfil de eleitor específico.
Depois disso começa o sistema de “mangueira de incêndio de mentiras”. A mensagens testadas passam a ser propagadas em diferentes tipos de veículos, por meio de diferentes perfis de influenciadores. Para Manoel Fernandes, sócio da Bites Consultoria, o bolsonarismo se especializou na amplificação de polêmicas pelas redes sociais de modo a desviar assuntos que sejam negativos para eles, dinâmica que ainda não foi completamente compreendida pela oposição.
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