14 de novembro de 2024
Entrevista exclusiva • atualizado em 11/08/2022 às 16:43

Vilmar Rocha conta os bastidores que o conduziram para a candidatura ao Senado

Última opção para o PSD consolidar a candidatura ao Senado, Vilmar Rocha revela detalhes da caminhada até a convenção partidária
Vilmar Rocha foi o terceiro nome para o partido consolidar, enfim, a candidatura ao Senado Federal (Foto: Divulgação)
Vilmar Rocha foi o terceiro nome para o partido consolidar, enfim, a candidatura ao Senado Federal (Foto: Divulgação)

Pouco menos de dois dias antes da convenção do PSD, o presidente da legenda, Vilmar Rocha viu o então pré-candidato ao Senado e presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, Lissauer Vieira (PSD) desistir da disputa por não concordar com as múltiplas candidaturas ao mesmo cargo existentes na base. Teve de tomar uma decisão rápida e não estava nos planos alterar o traçado partidário planejado há dois anos: o professor decidiu então voltar ao campo e pedir votos para si mesmo disputando o cargo de senador da República.

Antes de tomar a decisão, no entanto, decidiu ligar para falar com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Afinal de contas, até pouco antes das eleições de 2018, ambos caminhavam juntos. “Com a autonomia que sempre tive no PSD”, disse. É que o tucano estava prestes a desistir da candidatura ao Governo de Goiás e estava reconfigurando sua rota: ou iria para o Senado Federal ou à Câmara dos Deputados. “Ele me disse que seria candidato a deputado federal”, contou Vilmar em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás. E estava disposto a seguir adiante.

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Não estava nos planos de Vilmar e do PSD recuar da candidatura ao Senado. Há quase dois anos, a legenda bateu o martelo e decidiu entrar no jogo eleitoral participando de alguma chapa majoritária. Por um ano, o partido trabalhou com a construção da pré-candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Não deu certo. E para Rocha, sua desistência foi algo frustrante. “O dia que o Meirelles disse que iria desistir foi um impacto muito grande. Passamos um ano trabalhando a candidatura dele. Foi uma decisão política dele, pessoal. O partido estava firme com ele. Então foi uma surpresa e eu tive que agir rápido”, destacou. 

Lissauer Vieira e Henrique Meirelles: dupla desistência nos planos do PSD (Foto: Divulgação)

Quando Meirelles saiu do xadrez político goiano, Vilmar viu-se diante da possibilidade de colocar seu nome à campo, mas avaliou que seria melhor apostar em Lissauer. Ao Diário de Goiás, ele relembra a conversa: “‘Lissauer, tem dois nomes. O meu e o seu. Só que eu acho que você está mais preparado politicamente neste momento. Você é o presidente da Assembleia, tem o apoio da maioria dos deputados. O nome é você’”, rememorou. 

Mas houve a segunda desistência e quase tudo a perder. “Fomos firmes com o Lissauer até ele desistir. Porque ele desistiu? Ele sempre defendeu a tese de ser o candidato único da base. O União Brasil e o MDB como era o entendimento e as conversas. Ele não topou ser o candidato com outras candidaturas. Eu resolvi topar e enfrentar”, cravou.

O ‘canto das Sereias’ que o PSD ouviu: ‘do PL ao PT’

Menos de quarenta e oito horas antes da desistência de Lissauer, o PSD de Vilmar Rocha bateu o martelo: independente das outras candidaturas ao Senado, a legenda iria permanecer na base do governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), nem que fosse lançando o projeto avulso. “PSD ouviu o canto da sereia de outras alianças, mas são alianças que não estão preparadas para governar Goiás”, destacou o futuro pré-candidato ao Senado.

“Fomos procurados por todas as forças políticas relevantes do Estado. Ficamos muito satisfeitos por isso demonstra a expressão política importante do PSD. Teve até alguém que disse algo que eu gostei. ‘O PSD é a noiva cobiçada dessa eleição’. Do PT ao PL. O próprio PL através do candidato a governador Major Vitor Hugo me procurou para fazer essa aliança”, revela ao Diário de Goiás. 

Vitor Hugo chegou a deixar “portas totalmente abertas” para seu projeto político à Lissauer. Mas o foco de Vilmar e do PSD, era mesmo o Senado. “Ele [Vitor Hugo] me procurou. Eu disse que queríamos a vaga de Senador e a maioria do partido deseja fazer essa aliança [com o governador]. Isso, inclusive valorizou o partido, do ponto de vista político, é um grande valor. Se as pessoas e as forças políticas querem fazer uma aliança é porque temos valor.”

Mas as esquerdas e outras forças partidárias também foram atrás de Vilmar Rocha. “Nós nunca saímos da linha da tendência majoritária do PSD de fazer uma aliança majoritária com o governador. Fomos procurados por todas as forças políticas do estado. PT, inclusive nos últimos dias eu tive uma conversa com o Wolmir Amado e ele queria essa aliança. Com o Republicanos e mais ultimamente, um pouco antes da convenção, com o PSDB. Nós dissemos ‘não’”, destacou. “Vamos com o que a maioria do partido sinalizou e fizemos a união com o União Brasil e o MDB”, completou.

Convenção do PSD teve participação do governador Ronaldo Caiado: ‘Candidatura é para valer e não tem como voltar atrás’, avalia Rocha

Candidatura consolidada

Agora, Vilmar não tem como mais voltar atrás, o próprio garante. Sua candidatura está firmada e ele vai estar nas urnas nas eleições do dia 2 de outubro. “Está extremamente consolidada. Você e milhares de goianos terão a opção de votar em Vilmar Rocha em 2022 para o Senado Federal. Aqueles que conhecem minha história política sabem que não tem esse negócio de brincadeira. Eu vou naturalmente às urnas. Vou apresentar meu nome. Essa é uma decisão do partido e uma decisão minha pessoal. Então, não há a menor dúvida disso”, destaca.

Os principais trechos da entrevista concedida pelo candidato ao Senado, Vilmar Rocha, você pode ler abaixo:

Diálogo com Marconi Perillo

Poucos dias antes da convenção, o meu amigo e parceiro por vinte anos na política em Goiás, Marconi Perillo me disse que seria candidato a deputado federal. Só no dia da convenção é que à rigor, um dia antes, no dia 4, é que eu soube que ele seria candidato a Senador e ele mesmo anunciou que no dia seguinte às onze horas na convenção é que ele iria anunciar de fato. Eu já tinha startado desde que o Lissauer deixou de ser candidato e ele foi muito correto comigo, me comunicou, eu startei a minha candidatura para o Senado. Não tinha mais como voltar atrás. E aí tocamos a campanha para frente. Eu sempre no PSD eu sempre tive autonomia. O PSD é um partido autônomo. 

Apesar de em lados opostos, Marconi Perillo e Vilmar Rocha tem uma relação política que já vai para duas décadas. Ambos conversaram antes do martelo ser batido. (Foto: Arquivo/Governo de Goiás)

PSD é um partido autônomo: ‘Eu conduzo, eu não sou conduzido’, garante

Em 2016, nós apoiamos para Prefeito o candidato Francisco Júnior. À época eu era secretário de Estado da Casa Civil, mesmo assim, nós demonstramos nossa autonomia disputando a Prefeitura com o Francisco Júnior e o PSDB na época, lançou outro candidato. Só estivemos juntos no segundo turno.  Isso mostra minha autonomia política e do partido. Em 2018, você se lembra, o PSDB apresentou o candidato a governador e eu disse que não concordaria e não apoiaria esse candidato. À época, 2017 e 2018 eu era Secretario de Estado, mesmo naquela época, ficou claro para todos, que eu, tendo sua autonomia política e podendo fazer parcerias e eu sou um bom parceiro. Sou um bom companheiro, mas não sou seguidor. Hoje me deram uma frase de São Paulo: “Non ducor, duco”. “Eu conduzo, eu não sou conduzido”.

Candidatura consolidada

Está extremamente consolidada. Você e milhares de goianos terão a opção de votar em Vilmar Rocha em 2022 para o Senado Federal. Aqueles que conhecem minha história política sabem que não tem esse negócio de brincadeira. Eu vou naturalmente às urnas. Vou apresentar meu nome. Essa é uma decisão do partido e uma decisão minha pessoal. Então, não há a menor dúvida disso. Estou trabalhando intensamente para estruturar minha campanha politicamente. Tenho feito várias reuniões com todos os partidos e estarei na urna eletrônica. Os que conhecem a minha história, eu me preparei para isso. Nesse processo de dois anos para cá, o PSD sempre foi coerente e claro. Nós sempre dizíamos: o projeto do partido é estar na majoritária e ter um candidato a senador. Incialmente, foi o Meirelles, ele desistiu. Depois foi o Lissauer, ele desistiu. Mas a coerência e a clareza se manteve: o PSD vai estar na majoritária com um candidato a Senador.

Conversas com outras forças políticas

Nós nunca saímos da linha da tendência majoritária do PSD de fazer uma aliança majoritária com o governador. Fomos procurados por todas as forças políticas do estado. PT, inclusive nos últimos dias eu tive uma conversa com o Wolmir Amado e ele queria essa aliança. Com o Republicanos e mais ultimamente, um pouco antes da convenção, com o PSDB. Nós dissemos ‘não’. Vamos com o que a maioria do partido sinalizou e fizemos a união com o União Brasil e o MDB.

O canto das sereias

Fomos procurados por todas as forças políticas relevantes do Estado. Ficamos muito satisfeitos por isso demonstra a expressão política importante do PSD. Teve até alguém que disse algo que eu gostei. ‘O PSD é a noiva cobiçada dessa eleição’. Do PT ao PL. O próprio PL através do candidato a governador Major Vitor Hugo me procurou para fazer essa aliança. 

Diálogo com Vitor Hugo

Ele me procurou. Eu disse que queríamos a vaga de Senador e a maioria do partido deseja fazer essa aliança [com o governador]. Isso, inclusive valorizou o partido, do ponto de vista político, é um grande valor. Se as pessoas e as forças políticas querem fazer uma aliança é porque temos valor.

Apoio de prefeitos

Tenho procurado eles e procurado outros. Estou trabalhando fortemente para ter o apoio dos prefeitos. Atrás de deputados, outras lideranças políticas para dar uma estrutura política para nossa campanha. Estou fazendo isso muito rápido, porque tem apenas três dias que definimos minha candidatura. Os outros estavam aí há muito tempo trabalhando. Estamos trabalhando para ter uma estrutura política e depois, com a campanha, com a rádio e tv e pela internet, vou levar a minha campanha para a sociedade e me colocar como alternativa aos candidatos que aí estão.

Vilmar Rocha recebeu apoio dos presidentes da AGM e FGM, respectivamente, prefeito de Goianira, Carlão da Fox (PSD) e prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves (MDB)

Desistências de Henrique Meirelles e Lissauer Vieira

Atrapalharam muito. O dia que o Meirelles disse que iria desistir foi um impacto muito grande. Passamos um ano trabalhando a candidatura dele. Foi uma decisão política dele, pessoal. O partido estava firme com ele. Então foi uma surpresa e eu tive que agir rápido. Chamei o Lissauer e disse: ‘Lissauer, tem dois nomes. O meu e o seu. Só que eu acho que você está mais preparado politicamente neste momento. Você é o presidente da Assembleia, tem o apoio da maioria dos deputados. O nome é você’. Fomos firmes com o Lissauer até ele desistir. Porque ele desistiu? Ele sempre defendeu a tese de ser o candidato único da base. O União Brasil e o MDB como era o entendimento e as conversas. Ele não topou ser o candidato com outras candidaturas. Eu resolvi topar e enfrentar.

Candidaturas avulsas pela base

É uma situação dos candidatos da base muito complexa dentro da nossa aliança. Até porque, por informações que eu tenho, Goiás é o único estado em que o governador em fase de reeleição, dos 27 Estados, é o único que tem três candidatos ao Senado na base. É um problema político? É. Vamos ver no decorrer da campanha como isso vai ser administrado. Mas é um problema complexo diferente, para nós, os três candidatos e até para a aliança.

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PSD atrás nas pesquisas

Eu tenho o maior respeito por todos os candidatos. Com relação às pesquisas eu tenho uma experiência política pessoal. Na minha eleição em 2014, eu sempre estive baixo nas pesquisas, quando chegou em setembro, eu comecei a subir e acabei chegando em 39% dos votos válidos, foi pau a pau, tive mais de um milhão de votos. A última definição que o eleitor faz é para o Senado. Presidente já está polarizado, governador também. Deputados estaduais e federais, cada um tem o seu candidato. Senador, não. Principalmente com o número que temos hoje de candidatos ao Senado que é outra coisa. Temos dez candidatos. O eleitor só vai prestar atenção nesses nomes a partir de setembro. Só no final, a partir de setembro é que o eleitorado vai começar a perceber os candidatos ao Senado e vai definir.


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