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Tribuna do Planalto: “Dificilmente teremos uma alternativa à polarização” Ikeda

Após derrotar os dois grupos históricos da política de Inhumas – o agrupamento do deputado federal Roberto Balestra (PP) e o PMDB do deputado estadual José Essado -, o prefeito Dioji Ikeda (PDT) está atrás de recursos para administrar o município. Segundo ele, várias obras foram realizadas com recursos próprios nestes primeiros cem dias de administração, mas, mesmo assim, verbas estaduais e federais são indispensáveis para a boa gestão. Ikeda espera contar com a ajuda dos dois ex-adversários para conseguir tocar o seu plano de governo. Com o PMDB, os ponteiros já estão acertados, já que o partido faz parte da base de sua administração. Em relação a Balestra, porém, ainda falta diálogo. “Quando ele quiser ajudar o município terá as portas abertas, embora algumas ações venham em desencontro a essa ajuda”, cutuca. Sobre a sucessão de 2014, o prefeito acredita que é difícil haver uma terceira via à polarização histórica da política goiana, apesar do PDT, seu partido, sinalizar para uma aliança com o empresário Vanderlan Cardoso (sem partido). Dioji Ikeda recebeu a equipe da Tribuna e concedeu entrevista em seu gabinete.

 

Tribuna do Planalto – O que já deu para ser feito na cidade, nesses cem dias de administração?

Dioji Ikeda – Iniciamos de uma forma bem intensa e importante. Já imprimimos um ritmo de gestão, de modo que temos uma equipe bem montada e metas bem traçadas. Quatro dias após a posse, fizemos a primeira edição da “Prefeitura com Você”, entregando uma unidade de saúde devidamente reformada. Depois fizemos outras ações, como uma grande maratona com várias modalidades e mais de 1800 atletas envolvidos. No carnaval, realizamos uma grande festa sem precedentes. Além de outras ações, como a operação tapa-buracos. Nós sabemos que no período de chuva não é fácil realizar obras, mas intensificamos o tapa-buracos. Tivemos o prazer de entregar três obras no aniversário de Inhumas: três boas áreas de lazer, com playground e academia.

 

De onde surgiram os recursos para essas obras?

Todas as obras, sem exceção, até o presente momento foram e estão sendo executadas com recursos próprios e a maioria delas feitas pela administração direta.

Como o senhor tem trabalhado a captação de recursos?
Nós temos uma equipe pronta só para trabalhar em projetos, um departamento de convênios e projetos voltados para captação de recursos federais. Toda secretaria tem um corpo tecnico. A captação junto ao governo federal tem sido frutífera ou pelo menos promissora. Já captamos junto ao governo federal cerca de cinco milhões de reais, que devem ser aplicados até o fim do ano aqui no município.

Como está a relação do sr. com os deputados Roberto Balestra (PP) e José Essado (PMDB), que representam Inhumas?
Institucional e respeitosa. Tenho muito respeito pelos deputados. O PMDB hoje compõe a nossa base de governo, o próprio deputado tem se colocado à disposição junto a Assembleia Legislativa e buscado colaborar com nosso governo. Com relação ao deputado Balestra, o respeito é o mesmo. O deputado já colaborou muito com Inhumas e tem meu respeito. Sempre digo que quando ele quiser ajudar o município terá as portas abertas, embora algumas ações venham em desencontro com essa ajuda. Então, todos eles têm as portas abertas e digo também que não é momento de discutir políticas partidárias, mas os interesses de Inhumas. Reafirmo que, quando nós perdemos algum recurso, por exemplo, quando um deputado do município deixa de mandar uma emenda para Inhumas, quem perde é a comunidade.

Há expectativas em relação a recursos provenientes do governo do Estado?
O governo inaugurou aqui no final de fevereiro a duplicação e iluminação da GO-070, além da barragem de captação de água. Naquela ocasião, nós tivemos ainda a autorização por parte do governo para a universalização do nosso sistema de esgoto, que eu entendo que é de suma importância para a saúde pública. Também há outros projetos que nós pleiteamos junto ao governo estadual e houve a sinalização por parte do governador em atender. Um deles que pleiteamos, é o recapeamento asfáltico por meio do Rodovida, programa que está beneficiando vários municípios e até agora, Inhumas não foi contemplada. Estou aguardando uma sinalização nesse sentido e também auxílio na saúde.

Muitas cidades do interior não conseguem sobreviver com recursos próprios, sem ajuda do governo estadual ou federal. É possível administrar Inhumas sem contar com essas verbas?
São imprescindíveis. Nenhum município do interior, digo sem medo de errar, vive com as prórprias pernas. Temos alguns exemplos: Catalão, Itumbiara, Rio Verde, Jataí, Aparecida, mas o que sustenta esses municípios é o ICMS, a participação no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que são na verdade recursos pagos ao governo estadual e federal e que se convertem depois. Recursos do tesouro municipal são uma parte pequena do bolo tributário.

O sr. falou do Rodovida Urbano, que Inhumas ainda não foi contemplada, mas a cidade estava na planilha do governo até o ano passado, não?
Ano passado o governo contemplou a cidade com algumas obras do Rodovida Urbano, tanto que em alguns bairros o problema foi sanado, mas é muito pouco. Inhumas precisa de mais.

As obras ficaram aquém do que foi prometido ou o Rodovida não teve um critério determinado?
O programa foi executado na gestão passada, em setembro do ano passado. Normalmente esses programas funcionam da seguinte forma: apresenta-se um projeto com a demanda do município, o Estado analisa e devolve já com a execução, mas o que foi executado é muito aquém da demanda. Ainda temos aqui pelo menos 300 mil metros de recapiamento asfáltico para fazer. Então se houve execução aquém ou além do que o projeto previa ano passado não posso te dizer. Estamos com expectativa de que o governo nos atenda e que as principais vias, pelo menos, possam ser recapiadas e o problema sanado.

O sr. sente algum tipo de discriminação por ser prefeito eleito por um partido de oposição?
Eu tenho sido bem recebido pelo governo do Estado, já disse isso outras vezes. Não é meu papel meu opor ao governo, como eu tenho certeza também que o governo não vai se opor a Inhumas. E as questões partidárias entendo que serão discutidas no momento oportuno, junto ao meu partido e aos partidos que fazem parte dessa base. Então, até agora não percebi nenhuma dificuldade e nem retaliação. O que estamos aguardando é que os pleitos que foram apresentados se convertam em ações e parcerias que serão produtivas para Inhumas.

Esse ano os aliados do governador acreditam que é um ano chave para o governo. O sr. tem expectativa de que realmente esse ano seja mais fácil a liberação de recursos para municípios?
Sim. Nós temos expectativa positiva de que o governo realmente nos auxilie. Como eu disse, não há como pensar na administração de um município do porte de Inhumas sem o auxílio do governo. Tenho observado movimentação intensa por parte do governador, um entusiasmo que não é normal, mas no sentido de que é preciso colaborar com o Estado.

As promessas de campanha do sr. foram consideradas ambiciosas. O sr. conseguirá cumprir todo o plano de governo?
Talvez não sejam ambiciosas, mas sim pensar grande. Eu sempre pensei grande, sou filho de motorista e merendeira. Ser prefeito do município é, para mim, motivo de orgulho. São compromissos plenamente executáveis, de modo que já demos ordem de serviço para a execução da maternidade, do Parque Goiabeiras com a melhor equipe de planejamento de Goiás. Diante daquilo que é nossa proposta de fazer por Inhumas, esses projetos serão até pequenos, porque nós queremos é mais. Queremos que Inhumas não fique à margem do desenvolvimento da região metropolitana, mas que seja ícone nessa região que vai desenvolver muito nos próximos anos.

O sr. acha que Inhumas pode ficar um pouco aquém dos outros municípios da região metropolitana daqui a alguns anos, em relação ao desenvolvimento?
Nós tivemos outros municípios que se desenvolveram mais. Posso citar exemplos claros: Nerópolis, Guapó, Aragoiânia, Trindade. Então, acabamos perdendo espaço para outros municípios. Pensando desta forma, estamos formatando do ponto de vista urbano a implantação do nosso distrito agroindustrial numa região aqui estratégica, próxima a instalação do Porto Seco na cidade de Goianira e aguardamos que esse salto de desenvolvimento seja dado nos próximos dois anos.

Esse plano de desenvolvimento seria uma espécie de Plano Diretor para Inhumas?
Não. O plano diretor já existe. O que estamos propondo é uma alteração deste plano por meio da confecção de um plano urbanístico a ser inserido no Plano Diretor, com as devidas alterações legais.

Por que Inhumas foi ultrapassada por esses municípios em questão de desenvolvimento? Qual foi o motivo?
Motivo simples: comparação. O investidor que vem aqui para a região metropolitana, com certeza não vai ver só Inhumas. Então, se estão optando por outros municípios é porque está faltando algo em Inhumas. E esse algo é preparar mão de obra, preparar terreno, preparar a estrutura do município de um modo geral para receber essas empresas e adotar uma política de continuidade, porque a dificuldade que as grandes empresas têm enfrentado é que aqui entra gestão e sai gestão e altera-se tudo. E nós pegamos ideias da gestão passada, como a implatação de pólos industriais, confeccionistas e estamos ampliando isso. Agora é criar um distrito agroindustrial para que nós possamos preparar o muncípio para receber essas grandes empresas que hoje estão indo para Aparecida, Nerópolis, Trindade.

O sr. está satisfeito no PDT ou estuda mudar de sigla como outros prefeitos?
O PDT é minha casa, fui muito bem recebido no partido. O que não aceito e nunca aceitei são imposições, mas desde que as deliberações sejam democráticas não vejo problemas. O PDT cresceu, nós hoje estamos com 11 prefeitos à frente de grandes municípios. Sou um admirador do trabalho da deputada Flavia Morais e tenho convicção de que quando for o momento oportuno para discutirmos o processo eleitoral do próximo ano, iremos sentar de forma madura para discutir abertamente.

O PDT está inserido em um processo hoje que é a tentativa da construção de uma terceira via de candidatura ao governo. É por aí mesmo? O sr. já participou de alguma conversa?
Isso ainda não foi deliberado dentro do partidário. Eu sei que há movimentação do presidente, dialogando com lideranças, mas isso ainda não foi colocado junto ao partido para que seja deliberado. Eu entendo que é uma conversa preliminar, o presidente do partido tem legitimidade para isso, mas tenho certeza que no momento que a decisão for tomada, será feito de forma bem aberta.

O sr. acha que ainda é possível trabalhar uma união entre oposições. Como o sr. avalia o processo?
Eu diria que dificilmente nós teríamos uma via alternativa que não seja a polarização política: situação e oposição. Meu entendimento é esse e vejo que teremos duas grandes forças. O governador está muito bem articulado, com uma equipe de trabalho que realmente está focando 2014, e a oposição com algumas dificuldades, mas que são superáveis. Primeiramente, tem que se agrupar. A oposição tem feito mais oposição à oposição, que ao governo. Então, entendo que essa organização ocorrerá brevemente e o embate será polarizado. Não vejo espaço para que a oposição se divida.

O sr. acredita que há espaço para um diálogo entre o PDT e a base do governo, ou o sr. acha que o PDT já sinaliza como oposição?
Há espaço sim e eu tenho pregado isso sempre. Hoje nós temos maturidade o bastante para discutir isso e essa independência que o PDT tem, nos dá essa condição de dialogar abertamente com essas forças políticas, sem nenhuma dificuldade.

Com os dois lados?
Sim, tem condições. O que não podemos deixar é que questões pessoais interfiram nos interesses do partido.

Parece que no cenário nacional o partido já tem uma posição mais definida de caminhar com a presidente Dilma. O sr. acredita nisso?
Acredito que sim. Estive há pouco tempo na convenção nacional do PDT em Brasília, onde o ministro Manoel Dias estava presente e a sinalização é neste sentido, de caminhar junto com o governo federal. Até porque o PDT ocupa hoje uma pasta importante do governo federal, que é o Ministério do Trabalho. Isso tem seu peso. Acredito que haverá parcerias leais.

Marcley Matos

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