Subiu para oito o número de mortes após uma estrutura rochosa atingir quatro lanchas na região dos cânions da cidade de Capitólio, a 293 km de Belo Horizonte, no começo da tarde de sábado, 8. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais (CBMMG) confirmou que são oito mortos e 32 feridos no desastre até agora. O corpo da oitava vítima foi encontrado na manhã de hoje. Trata-se de uma pessoa do sexo masculino, segundo a corporação.
Conforme o major Rodrigo Castro, comandante da 1ª Companhia Independente de Bombeiros, o corpo foi encontrado pela primeira equipe de busca pouco antes das 10 horas da manhã. “Esse corpo foi encontrado submerso e inteiro e já trazido para a região do posto de comando. A Polícia Civil passa agora a fazer os trabalhos de identificação. Então, neste momento, contamos com oito óbitos já confirmados e carecemos ainda de localizar duas vítimas, em princípio, que ainda estão desaparecidas”, disse.
Ainda segundo informações, duas pessoas permanecem desaparecidas – no início, os bombeiros chegaram a divulgar 20 desaparecidos, mas depois atualizaram os dados. As buscas com os mergulhadores foram suspensas durante a noite de sábado. Segundo informações do governo de Minas Gerais divulgadas hoje, as buscas “foram interrompidas apenas com o trabalho dos mergulhadores, por segurança, devido à baixa visibilidade na noite de sábado, mas a ação foi retomada nas primeiras horas deste domingo”.
Conforme últimas atualizações do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, as operações foram retomadas às 5 horas da manhã. Ao todo, 50 militares, entre bombeiros militares e militares da Marinha do Brasil (MB), e 11 mergulhadores, especialistas nesse tipo de operação, participam dos trabalhos. “Quatro lanchas e três motos aquáticas da MB e do CBMMG foram lançadas no local de busca já delimitado, além do apoio de sete viaturas”, disse, em nota.
De acordo com boletim da corporação divulgado na noite de sábado, as vítimas fatais e os desaparecidos estavam na lancha chamada Jesus, uma das quatro impactadas pelo desprendimento da rocha. Os feridos das outras três embarcações já foram resgatados e conduzidos para unidades hospitalares da região, a maior parte já recebeu alta. No momento, o foco é nas três pessoas que continuam desaparecidas.
A Marinha do Brasil deve instaurar um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente.
Além disso, para agilizar a identificação dos corpos, a Polícia Civil do Estado de Minas Gerais informou que, a partir deste domingo, passou a contar com apoio oferecido pela Polícia Federal. “Temos mantido permanente interação com representantes da Marinha do Brasil, do Corpo de Bombeiros Militar, da Polícia Militar, da Defesa Civil e do Poder Público Municipal para execução dos trabalhos de responsabilidade e com competência da polícia judiciária, sobretudo com vistas a oferecer informações e atendimento aos familiares e amigos das vítimas. Os trabalhos da Polícia Civil continuam de forma ininterrupta para identificação das vítimas e liberação dos corpos”, disse por meio de redes sociais.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, houve um deslocamento de pedra. Anteriormente, a corporação apurava a relação da tragédia com uma tromba d’água. Desde ontem havia ocorrência de trombas d’água nas cachoeiras que desaguam no Lago de Furnas, e a Defesa Civil de Minas Gerais emitiu um alerta às 10h22 de sábado para a população evitá-las durante as chuvas. A região é chamada pelos operadores náuticos de “Mar de Minas” e, no local onde as lanchas atracam, os turistas podem tomar banho e se aproximar das cachoeiras no cânion.
Dos 32 feridos, 23 foram atendidos e liberados na Santa Casa de Misericódia de Capitólio, segundo o Corpo de Bombeiros. A unidade da Santa Casa de Passos confirmou ao Estadão ter recebido três vítimas, segundo os bombeiros em estado estável. Já a Santa Casa de Piumhi atendeu mais duas com fraturas abertas Outros quatro feridos ainda foram levados para a Santa Casa de São José da Barra e já deixaram o hospital.
Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), os corpos das vítimas fatais foram encaminhados ao posto de medicina legal do município de Passos. Eles estavam sem documentos e terão as impressões digitais coletadas para identificação.
Pelo Twitter, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), lamentou a tragédia e disse que o governo esteve presente desde os primeiros momentos do acidente. “Os trabalhos de resgate ainda estão em andamento. Solidarizo com as famílias neste difícil momento. Seguiremos atuando para fornecer o apoio e amparo necessários”, escreveu.
O prefeito de Capitólio, Cristiano Silva (PP), disse em vídeo publicado no Instagram estar “transtornado com esse desastre natural”. Corrigindo a primeira informação de que o acidente teria sido causado por uma tromba d’água, ele afirmou se tratar de um deslocamento de pedra. O prefeito também destacou a rápida mobilização da Marinha, do Corpo de Bombeiros do Estado, da prefeitura e das cidades vizinhas no resgate e atendimento das vítimas.
Segundo nota do Comando do 1º Distrito Naval da Marinha do Brasil, a Delegacia Fluvial de Furnas (DelFurnas) deslocou equipes de busca e salvamento para o local para prestar apoio às embarcações atingidas, no transporte de feridos para hospitais e aos outros órgãos que estão atuando no resgate. Um inquérito será instaurado para apurar as circunstâncias do acidente e analisará os aspectos sobre a segurança da navegação, a habilitação dos condutores envolvidos, o ordenamento aquaviário do local e a observância das normas e legislações sobre salvaguarda das pessoas que estavam no local. A Marinha comunicou que toda a área de interesse encontra-se interditada, para as devidas verificações.
Os mergulhos de busca por vítimas foram interrompidos na noite de sábado, mas a equipe continuou na região para retomar os trabalhos neste domingo. Ontem, uma aeronave que estava se deslocando até o local do acidente não conseguiu pousar por causa da chuva e do excesso de nebulosidade. O posto de comando da operação de resgate funciona no Clube Náutico do município de São José da Barra.
Além do alerta da Defesa Civil de Minas, minutos antes da queda do paredão em Capitólio, a Defesa Civil Nacional informou na véspera do desabamento que havia expectativa de um grande volume de chuva, superior a 100 milímetros por dia, para as cidades localizadas no oeste de Minas Gerais. O alerta era de nível vermelho.
Ainda no sábado, depois da tragédia, o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, chamou a atenção de agentes de Defesa Civil nos Estados para situações similares. “Os agentes devem se atentar, também, às especificidades de risco de sua região, tais como cachoeiras, rochas, falésias, entre outras”, afirmou.
Anderson Gazotti, proprietário de uma empresa de passeios de lanchas na região, não saiu com suas embarcações no sábado devido ao mau tempo, mas conta que a região onde o acidente ocorreu é o principal ponto turístico do Capitólio e mesmo com chuva, costuma ficar muito cheio. “É um local lindo e único, e cada vez mais procurado. Todas as empresas de passeio vão para lá”. Duas das lanchas que estavam próximas ao desabamento eram de conhecidos de Gazotti. “Mas tive notícias que todos estão bem e sofreram apenas arranhões, o principal foi o susto”.
Por Redação/Estadão Conteúdo