Áudios atribuídos ao cantor Sérgio Reis apontam uma convocação de caminhoneiros e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para irem a Brasília, em 7 de setembro, exigir a aprovação do voto impresso e a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). No áudio o cantor teria dito que ‘está tudo armado’ e que vai parar o país.
“Ou seja, nós resolvemos o seguinte: nos vamos manter o dia 7 de setembro calmo. Dia 8 vamos ao Senado. Eles vão receber um documento assim: vocês têm 72 horas para aprovar o voto impresso e para tirar todos os ministros do Supremo Tribunal Federal. Não é um pedido; é uma ordem! É assim que eu vou falar com o presidente do Senado: isto é uma ordem! Se vocês não cumprirem em 72 horas, nós vamos dar mais 72 horas, só que nós vamos parar o País. Já está tudo armado. O País vai parar. Tudo. Não vai trafegar ninguém nas estradas. Enquanto o Senado não tomar essa posição que nós mandamos fazer, nós vamos ficar em Brasília e não saímos de lá até isso acontecer, uma semana, dez dias, um mês, e os caras bancando tudo, hotel e tudo, não gasta um tostão. E, se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras, nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É isso que você quer saber? É assim que vai ser. Pronto. E a coisa está séria”, diz o trecho do áudio que seria do artista e ex-deputado.
O áudio viralizou nas redes sociais. O cantor vem sendo muito criticado pela ação considerada antidemocrática. Internautas chegaram a pedir a prisão de Sérgio Reis por apologia à violência.
Após a divulgação dos áudios, líderes dos caminhoneiros desmentiram o cantor e afirmaram que não tem nenhum envolvimento com ele. Alguns disseram que nem conhecem Sérgio Reis. Em discurso parecido, as lideranças disseram que não se envolvem em política, nem a favor e nem contra governo; nem a favor e nem contra o STF.
Um professor de Direito publicou que o Ministério Público Federal (MPF) deveria apurar esse fato para checar sua veracidade e autoria. “Há possível violação à Lei 7.170/1983 e à Lei 13.260/2016”, escreveu o professor.
Mesmo com toda movimentação nas redes sociais, durante esse fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro não se manifestou ainda acerca do assunto.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso foi arquivada nesta semana depois de ser rejeitada na Cârama dos Deputados. Bolsonaro e apoiadores queriam aprovar a proposta alegando que as urnas eletrônicas do sistema eleitoral brasileiro não são confiáveis. Jair Bolsonaro chegou a afirmar que as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas, mas disse também que não tinha provas dessa afirmação.
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