O deputado estadual e líder da bancada do PSDB na Assembleia Legislativa de Goiás, Túlio Isac, falou sobre o envolvimento de deputados tucanos na Operação Miqueias, deflagrada pela Polícia Federal para investigar crimes contra a Previdência Social.
Túlio admitiu a participação de correligionários e foi incisivo em sua recomendação: “É claro que deve existir deputados corruptos no PSDB. Existe gente que não presta em todos os lugares. Precisamos é descobrir quem são e manda-los para o ‘raio que o parta’”, declarou na tarde de quinta-feira, 3, na Assembleia Legislativa.
O tucano falou ainda sobre a instauração da CPI da Previdência e pediu para que os deputados da oposição não recorram à Justiça, em uma tentativa de impedir que a Comissão investigue contratos municipais.
Sobre a citação do deputado Samuel Belchior no inquérito da PF, o deputado sugeriu o afastamento do parlamentar do comando do PMDB. Segundo ele, sua presença “mancha a bonita história que o partido tem em Goiás”.
Confira a entrevista na íntegra:
Deputado, quais são os próximos passos para a instauração da CPI da Previdência?
Nós já recolhemos as assinaturas e a Casa está conferindo, neste momento. Acredito que dentro de 10 ou 15 dias deveremos ter a CPI instalada e com todos os membros definidos.
Esta Comissão tem como objetivo investigar contratos municipais. Anteriormente, a CPI da Delta foi impedida de realizar função semelhante. O senhor não acredita que pode ocorrer o mesmo?
Claro que sim. Exatamente por isso eu fiz um depoimento pedindo aos deputados para que eles não entrem na Justiça para impedir as investigações desta CPI. Precisamos investigar essas prefeituras para sabermos, de fato, qual o tamanho do rombo e quem são os envolvidos. Se os deputados entrarem na Justiça, ficaremos prejudicados como na CPI da Delta.
Independente de um hipotético mandado judicial, que impediria as investigações, o senhor acredita que cabe ao Legislativo investigar contratos municipais? Não seria da responsabilidade de outros órgãos, como o Tribunal de Contas dos Municípios, por exemplo?
Temos que investigar, sim. Principalmente porque tem deputado envolvido. Se tem parlamentar suspeito de agir como lobista nas prefeituras goianas, cabe ao Legislativo investigar.
O senhor tem criticado muito a permanência do deputado Samuel Belchior na presidência do PMDB. Quais os motivos?
O deputado Samuel Belchior não deixou a presidência. Eu não tenho nada a ver com o PMDB, mas acho que a presidência nas mãos de um deputado que foi citado em uma operação da Polícia Federal mancha a história do partido. O PMDB tem uma história bonita em Goiás e no Brasil, sempre que falarem da Operação Miqueias vão lembrar do envolvimento de um presidente do partido.
Durante a Operação Monte Carlo, muitos nomes do PSDB e outros, da administração do governador Marconi Perillo, foram citados na investigação. A maioria dos que foram citados continuam no governo. Isso não mancha a história do PSDB?
Olha, quanto a isso cabe ao governador Marconi Perillo responder. Se tinha realmente indícios de gente do governo envolvido na Operação Monte Carlo, o governador tem que responder os motivos de não ter afastado os mesmos de sua gestão.
E sobre o envolvimento de deputados do PSDB? Há suspeitas também de que existam políticos goianos da base do governo citados no inquérito. Como o senhor avalia?
Claro que tem. Tem gente que não presta em tudo que é lugar. Meu partido também tem gente desonesta, por isso temos que descobrir quem é para afastar do partido e mandar para o ‘raio que o parta’.
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