Friboi além de querer ser candidato ao governo de Goiás, para isso vai se filiar ao PMDB, também quer ter empresas em diversos ramos, não quer concorrer com os irmãos. Junior do Friboi quer investir em mineração, construção e energia.
Por Rosenildo Gomes FERREIRA, da Isto é Dinheiro – 13/05/2013
Responsável pela internacionalização do frigorífico familiar, o primogênito do clã goiano, Batista Júnior, monta uma holding para investir em seus próprios negócios. Saiba quais são seus planos empresariais
O empresário goiano José Batista Júnior passou boa parte da adolescência “ralando” em uma das empresas do pai, José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, que na época era dono do Friboi, um pequeno frigorífico em Luziânia, no interior de Goiás. Fez de tudo um pouco. Desde ajudar a tocar a boiada, montado sobre um burrico, quando tinha apenas 14 anos, até dirigir o caminhão de entrega de carne pelas ruas de Brasília. Aos 20 anos, assumiu o comando do negócio, ajudando a transformar o Friboi na JBS, a maior potência de proteína animal do planeta. Hoje, a holding da família, a J&F, espalhou seus tentáculos pelos setores de cosméticos, comunicações, laticínio, financeiro e celulose.
Batista Júnior, dono da holding JBJ: “Quero usar minha experiência de gestão
para ajudar outros empresários a crescer”
Sob seu guarda-chuva, abrigam-se oito empresas, que empregam 200 mil funcionários e produzem uma receita global estimada em quase R$ 80 bilhões. Agora, aos 53 anos, o Júnior Friboi, como gosta de ser chamado, se lança em carreira solo. Para isso, ele está definindo os últimos detalhes da negociação de venda de sua participação na J&F, a holding que reúne os ativos da família e cujo controle é dividido entre os seis irmãos – três homens e três mulheres – e o pai. As negociações, de acordo com Júnior, ocorrem em um clima amistoso. “Deixo de ser um acionista controlador para me tornar um sócio investidor, livre para aplicar meus recursos onde quiser”, diz Júnior. “Inclusive nas empresas do grupo J&F.”
A decisão de trilhar um caminho próprio na cena empresarial e política (Júnior é um dos pré-candidatos ao governo de Goiás,) é fruto de uma série de conversas com os familiares. Em especial com os irmãos mais novos: Joesley, que comanda a J&F, e Wesley, CEO da JBS. Para tocar seus projetos, ele criou a holding JBJ, sigla composta pelas letras iniciais de seu nome. “Não quero investir em nenhum setor no qual tenha de concorrer diretamente com minha família”, afirma Júnior. Sua meta é focar, neste primeiro momento, nas áreas de energia e mineração, além da construção civil, com a qual já atua desde que montou a JFG Construções e Participações, em 2011, em sociedade com o genro Gabriel Paes Fortes, neto do fundador da carioca João Fortes Engenharia.
O assédio de potenciais parceiros tem sido grande. “Recebemos diversas propostas de negócios todos os dias”, diz Fortes, dono de 25% das ações da JFG. Júnior não revela o montante que deverá embolsar na transação, cujo desfecho está previsto para até o final de julho. Mas pode-se dizer que o que está em jogo é uma fatia de uma bolada de mais de R$ 8 bilhões, levando-se em conta apenas o valor de mercado da JBS e da Vigor, as únicas com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Desse total, Júnior pode embolsar mais de R$ 1 bilhão. Explica-se: na J&F tudo é dividido entre os seis irmãos e o pai, Zé Mineiro, segundo relatou o próprio Júnior em palestra no ano passado, em Águas de São Pedro (SP).
Parcerias: o genro Fortes (à esq.) e o sócio Araújo cuidam das estratégias para o setor imobiliário
Trata-se, porém, de uma estimativa conservadora, uma vez que o império construído pelo clã Batista inclui outras seis empresas (veja quadro ao final da reportagem). Já está decidido, no entanto, que o acerto de contas vai envolver dinheiro e ativos, que podem ser ações de empresas controladas pela J&F ou propriedades. Mesmo antes de colocar a mão em sua parte da herança, Júnior já começa a dar as primeiras tacadas por conta própria. Uma delas foi a recente aquisição, por um valor não revelado, do controle da Brasil Desenvolvimento Urbano (BRDU), formada pela CBL Desenvolvimento Urbano, de Vitória (ES), pela Terrano Empreendimentos, de Goiânia (GO), e pela Ginco Empreendimentos, de Cuiabá (MT).
Ao mirar o setor imobiliário, Júnior levou em conta alguns fatores técnicos e até intuitivos. “A busca por um teto ainda é a prioridade das antigas e das novas famílias”, afirma. “A máxima segundo a qual “quem casa quer casa” continua valendo.” A BRDU é especializada no desenvolvimento de loteamentos para todas as camadas sociais e possui empreendimentos que deverão totalizar um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1,5 bilhão até 2018, dos quais R$ 250 milhões apenas neste ano. Por sua vez, a JFG está envolvida em negócios com estimativa de faturamento de R$ 450 milhões em 2013. “O setor de loteamento deverá crescer, acompanhando o desenvolvimento das cidades de pequeno e médio porte,” diz Caio Portugal, presidente da Aelo, entidade que reúne as empresas do setor.
Além da compra de empresas, o primogênito da família Batista também estuda a formação de um fundo de private equity. Parte dos recursos necessários à empreitada será captada com investidores. “Quero usar minha longa experiência em gestão para ajudar outros empreendedores a crescer”, afirma Júnior. Experiência não lhe falta. Mesmo sem contar com uma educação formal – ele desistiu da escola após ter aprendido as quatro operações básicas –, Júnior se mostrou um estrategista e um gestor de primeira. Esteve à frente do projeto de internacionalização da JBS e acabou se mudando, em 2007, para Fort Collins, no Colorado, para comandar a JBS USA, controladora da marca de carne enlatada Swift.
A falta de formação acadêmica era compensada com a capacidade de montar times. Foi por isso que ele chamou seu genro Fortes para ser sócio da JFG, antes mesmo que ele se casasse com sua filha, Fabíola. Especialista em finanças, Fortes fez carreira em bancos de investimento. Júnior também manteve o antigo presidente, João Victor Araújo, no comando da BRDU. Com mais recursos em caixa, a meta do executivo e sócio, agora, é investir em loteamentos com perfil empresarial, compostos de hotel, torre de escritórios e shopping centers, em cidades do interior do Rio de Janeiro e de São Paulo. A primeira aposta será na região de Campinas (SP). “Estamos de olho em polos regionais de desenvolvimento”, afirma Araújo.