25 de dezembro de 2024
Lênia Soares • atualizado em 12/02/2020 às 23:39

Quem tem medo de Marconi Perillo?

Era uma vez um governador que dava medo em Deus e todo mundo. Ele tinha o Poder. Ele exercia, com vigor, o Poder. E o Poder era o elixir de sua longa vida política projetada como inevitável, inquebrantável, inegável… Seu nome: Marconi Ferreira Perillo Júnior. Até que…

Até que veio o Cachoeira, uma sequência de erros desastrosos, uma terceira administração caótica e o estilhaçamento do cristal de uma imagem impávida, um colosso de homem público que, de repente, tornou-se refém dos próprios aliados em guerra por nacos e mais nacos do, outrora, império marconista.

Os companheiros perderam o medo. O povo perdeu o medo. E os únicos ainda a ter medo, a tal oposição rendida, não dava medo em ninguém

Os companheiros se mostraram tão destemidos a ponto de fazer de Marconi vítima de suas vontades.

Por exemplo: o tucano tenta, há mais de um ano, fazer uma reforma em seu próprio governo e não consegue.

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O ex-presidente da Assembleia Legislativa, prefeito de Catalão, Jardel Sebba (PSDB), e o atual Helder Valin (PSDB), indicam nomes para o primeiro escalão e vetam substituições com a desenvoltura de quem faz o que quer.

Quem vai contrariar? O governador? Este mesmo que tem dois pedidos de impeachment aguardando autorização dos deputados para serem julgados?

Nomes ligados a Cachoeira foram convidados a sair, mas permanecem. Como o secretário estadual de Indústria e Comércio, Alexandre Baldi, que tem a sustentar ainda um outro poder, o econômico, comandado por quem deu asas aos custos da campanha de 2010.

O povo perdeu o medo porque o respeito exauriu-se com a indignidade de um governante que desonrou o cargo conquistado pela vontade popular.

Os jovens eleitores foram para as ruas gritar: Fora, Marconi!

Os mesmos jovens que, sem medo, foram para as redes sociais. Lá – nas redes sociais -, Marconi Perillo não manda nem desmanda, e só obedecem aqueles que o seguem a soldo de ocasião.

No Twitter e no Facebook, os cidadãos reclamam das estradas esburacadas, da saúde claudicante, das obras inacabadas e das promessas não cumpridas (veja aqui).

No Twitter e no Facebook, a liberdade e a coragem de muitos é o que falam mais alto.

Os guardas-costas virtuais do “Chefe Maior”, mais os atiradores armados de teclado e motivados pelo brilho do aplicativo bancário, não desistem.

Atiram frases de efeito, agridem honras, ameaçam, inventam dossies, vigiam, alcaguetam, vasculham a vida alheira dos nomeados inimigos.

Os fins justificam os meios. E tudo fazem por aquele que os fortalece com verbas abençoadas.

Em outra ponta, o governo gasta mais de uma centena de milhões de reais com propaganda que não propaga nada além de verdades encomendadas, mas que enche veículos, principalmente dos cafundós, dos interesses nada esclarecidos. (Veja aqui)

Marconi Perillo faz mais: processa. Processa, processa e processo tudo e todos que ousam apontar os defeitos de sua administração. Foi assim com Eduardo Horácio, Henrique Morgantini, Vassil Oliveira, Luiz Carlos Bordoni, Carlos Bueno – todos, coincidentemente colaboradores do Diário de Goiás. E vem mais por aí.

Mas tanto barulho nas redes, tanta movimentação ativa e reativa, tanta balburdia numa base governista que já foi impecável e implacável, tanto e tudo querem dizer uma coisa só: acabou-se o encanto de Marconi Perillo e, com ele, foi-se o medo.

Quem tem medo de Marconi Perillo?

Ninguém. Marconi Perillo não mete medo em mais ninguém.

Por que temer um governador refém de fogo amigo que o consome?

Por que temer um governador que foge do debate, de entrevista, de eventos populares que seus seguranças não controlam?

Desde quando merece respeito e dá medo um governante que se deixa minar pela contravenção?

Como ter medo de quem não respeita a opinião alheia, não permite o contraditório e o único espaço para o diálogo que permite é o Tribunal?

Medo?

Medo quem mostra ter hoje é ele, Marconi.

Medo que se transforma cada dia mais em autoritarismo, arrogância e delírio de poder.

Marconi Perillo não é mais o mesmo. E povo, caro governador, também não.


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