22 de dezembro de 2024
Lênia Soares

Pré-campanha nivelada por baixo

 

Guerra de bastidores, trocas de agressões, táticas oportunistas e muito protagonismo caracterizam a primeira fase dos debates da campanha eleitoral extemporânea em curso no Estado de Goiás.

A metodologia discursiva, que se nivela no abismo das picuinhas partidárias, é utilizada com o único fim de constranger, difamar e desequilibrar o adversário em níveis desastrosos no que diz respeito ao conteúdo político.

Os pré-candidatos a cargos públicos, em 2014, internalizaram os debates e transformaram o eleitor, peça fundamental no desfecho desta novela, em expectador a quem, se tudo caminhar bem, restará alguns direitos e benesses concedidos pelos ‘caridosos’ governantes.

A penúria intelectual dos governadoriáveis torna-se mais assustadora dentro de um contexto de manifestações constantes e claras demonstrações sociais de cansaço com o sistema público vigente no país.

Sobram alfinetadas entre pré-candidatos, e resgates de temas como os casos Caixego e BEG, Cachoeira Dourada, Mensalão, Carlinhos Cachoeira, Grampolândia… E faltam candidatos aptos a responderem pela gestão pública coordenando diversas atividades, zelando pela Constituição, tomando decisões de impacto coletivo e liderando a sociedade mediante um projeto que sirva de guia para o bem estar social.

Aliás, sinteticamente, faltam projetos. Faltam propostas. Faltam discursos propositivos para um povo cansado de explicações pouco convincentes sobre escândalos e corrupção.

Distante do pensamento de que o eleitor é passivo, e esquecerá todos os impropérios cometidos dentro do Executivo, o desastre das discussões está na limitação dos temas às paredes dos diretórios.

O PSDB tem cobrado, principalmente do PT e do PMDB, que apresentem propostas para o Estado. Inesperadamente, o mesmo PSDB emite uma nota agressiva contra o PMDB e toda a estrutura marconista começa a desenterrar temas de outrora.

Onde fica o aprimoramento das soluções? Onde estão as soluções? Ou, platonicamente, meus olhos – e os olhos de 79% dos goianos que reprovaram a gestão de Perillo, diga-se de passagem – me enganam, ofuscando a perfeição do coração do Brasil?

O que se vê é o governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), atacando de cá; o ex-governador, Iris Rezende (PMDB), respondendo de lá.

No contra-ataque, o vice-governador, José Éliton (PP), atira junto com o presidente do diretório estadual do PSDB, Paulo de Jesus, contra os adversários; e Samuel Belchior, presidente estadual dos peemedebistas, reverbera o discurso de Iris reiniciando o ciclo vicioso e indigente de agressões verbais.

Em termos de ter o que explicar, quem tem mais a dever: o PMDB, com casos antigos, ou Marconi, com Cachoeira e companhia limitada?

Talvez fosse o caso de mudar o assunto. Falar sobre democracia, quem sabe? Ou sobre as tão esperadas propostas factíveis para os goianos. Algo, enfim, que esteja em sintonia com os jovens que estão nas ruas cobrando, protestando, fazendo a hora acontecer.

Seja qual for o tema de destaque, o melodrama que está em cartaz impossibilita discussões que vão desde o desenvolvimento de Goiás à reforma política brasileira.

Pra não dizer que não falei de flores… Acredito em uma população superior à política cotidiana.

Que venha 2014!

 


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