O impacto das eleições municipais nos trabalhos da Assembleia Legislativa (Alego) em 2024 desperta pouco receio na Mesa Diretora e entre deputados da oposição e da situação. O ano legislativo foi retomado na quinta-feira (15) e o próprio presidente da Alego, Bruno Peixoto (UB), mencionou superficialmente esse impacto em seu discurso inaugural do ano.
Entre as muitas mensagens na sessão que abriu o ano legislativo, o presidente citou apenas que espera que 2024 “não seja um ano impactado pelas eleições”. Entre os demais deputados, por enquanto, o sentimento parece ser o mesmo.
Por exemplo, na oposição, Antônio Gomide (PT) disse que alimenta uma expectativa de equilíbrio e diálogo, para fazer o bom debate. “Não adianta brigar, espernear. Todos os que foram eleitos aqui querem garantir que o debate seja o mais democrático possível”, pontua ele.
Data-base pode gerar impacto na Alego
As matérias mais difíceis neste ano serão as relacionadas à valorização dos servidores públicos na opinião do petista. “Por exemplo, pode haver dificuldades com a data-base. Não tivemos reajuste data-base de 2020, 21 e 22, então acho que se o governador trouxer a boa notícia de que vai pagar a data-base já é um bom negócio [para evitar polêmica]”, salienta.
Além disso, ele aponta a necessidade de a Assembleia se envolver no processo para garantir a autonomia econômico-financeira para a Universidade Estadual de Goiás (UEG). “Esse deve ser um bom debate a ser trabalhado aqui este ano, junto com a questão do meio ambiente, dando um olhar melhor para a Chapada dos Veadeiros, o Rio Araguaia e o desmatamento do Cerrado”. Para ele, estes são pontos sensíveis que vão exigir participação social e, assim, movimentar a Alego em 2024.
Sem reajustes de impostos
Já Clécio Alves (Republicanos) que ora vota a favor e ora contra as matérias do governo, 2024 deve ser se manter nessa linha. “No que depender de mim, vou fazer política voltada aos interesses da população. Vou dar apoio e ajudar no que for positivo, mas o que não for bom, como foi com o projeto de reajuste do ICMS, vou ser contra”.
Ele avisa que, se vierem neste ano novos aumentos de impostos, criação de taxas e privatização de rodovias: “Vou trabalhar contra e votar contra todos”. Da mesma forma, o republicano afiança que, nas matérias prováveis, “as que disserem respeito à valorização dos servidores públicos” terão o apoio dele.
Líder espera maturidade
Líder do governo, o deputado Wilde Cambão (PSD) disse que espera maturidade para que “as diferenças fiquem nas cidades”, ou seja, não motivem embates na Alego e assim as eleições causem menos impacto neste ano. “A diferença existe, temos diferentes ideias de gestão para as regiões que representamos. Mas aqui é a casa do povo. Aqui temos que ter harmonia, união, para entender que as matérias que vamos votar aqui são importantes para o povo goiano, para o Estado”, ponderou.
Para ele, o governo de Ronaldo Caiado já aprovou as matérias que geram mais desgaste, mais impacto e, neste ano eleitoral, a menos que surjam surpresas, temas ácidos não virão para a Alego. “As matérias mais difíceis lá atrás estão revertendo em entrega para a população. A menos que surjam outras que exijam [projetos mais impactantes], como foi com a perda de ICMS que obrigou o governo a algumas medidas até a aprovação do FundeInfra, devido à perda de arrecadação”.
Para o governista, os dados de equilíbrio das contas estaduais dão tranquilidade e não sinalizam para situações de embate em 2024.
Antecipação das pautas para fugir do impacto das eleições
Também para o deputado Cristóvão Tormim (PRD), que é da base de Caiado, o que vai determinar um ambiente de pacificação na Alego neste ano eleitoral será a “maturidade política, a união de forças estimulada pelo governador”.
Tormim acredita que o presidente da Alego, Bruno Peixoto, vai acelerar as pautas em virtude de as campanhas nos municípios exigirem o “desdobramento dos deputados para juntar as forças nas candidaturas”. Ele fala com a experiência de quem já disputou e venceu sete eleições para diferentes mandatos.
O deputado do PRD é mais um que não crê em pautas polêmicas este ano. Ele cita assuntos que têm surgido em conversas com os colegas deputados. “Entendo que teremos mais pautas propositivas, para levar benefícios, resolver a data-base de servidores, talvez um Refis para ajudar empresas atingidas pela pandemia”, avalia. O parlamentar finalizou afirmando que “ano de eleição com pauta complicada é complicado para todos, mas estamos à disposição”
Ano desafiador
Já a deputada Rosângela Rezende (Agir), disse que o ano eleitoral de 2024 promete ser ainda mais desafiador, especialmente para ela que cumpre seu primeiro mandato. “Não podemos deixar (as eleições) impactarem os trabalhos”, afirmou.
Em seguida, citou várias matérias que espera terem andamento este ano: na área ambiental, dos direitos da mulher, dos portadores de Transtorno do Espectro Autista, de infraestrutura e saúde.
Rosângela enfatiza crer que o período eleitoral venha gerar tensão e conflitos. Por outro lado, ela espera que este ano seja mais leve na Assembleia. Afirma isso baseada nas falas apaziguadoras do governador e do presidente da Alego no início do ano legislativo. Também pelo volume de pautas polêmicas de 2023.
Leia mais sobre: Alego / Eleições 2024 / Eleições 2024 / Política