09 de agosto de 2024
Lênia Soares

Os políticos goianos e seus voos de pato

Sonhar com a presidência da República é fácil. Difícil é chegar lá. Não faltaram goianos para compartilhar, e propagar, o ideal de conquista do cargo máximo do Executivo brasileiro. Não passou de devaneios. Os devaneios não passaram do Rio Meia Ponte. Foi assim com Iris Rezende (PMDB), Maguito Vilela (PMDB), Henrique Meirelles (PSD) e Marconi Perillo (PSDB). Ronaldo Caiado (DEM) atravessou o rio. Foi candidato. Uma derrota histórica. Não menos histórica que a tentativa. Elegeu-se deputado federal. Atracou-se deste lado. A política goiana não encontrou o caminho certo para Capital Federal. Maldição? Explicações não faltam.

Uma das justificativas viáveis para abstração deste sonho político é o ranço da política Café com Leite, que assombra a sucessão neste país. Dos 38 presidentes que já ocuparam nossa República, 17 são de Minas Gerais ou São Paulo, 45 por cento do total. Os centros cafeeiros do Brasil. O Rio Grande do Sul, de Getúlio Vargas e Dilma Rousseff, ocupa o terceiro lugar com sete presidentes em nossa história política. Além desses, nenhum outro Estado emplacou mais que três nomes no alto comando deste país. Uma política que não deixou de ser oligárquica, no sentido etimológico do termo.

História – e retórica – à parte, a questão aqui pode ser mais prática. Ou melhor, pode ser a falta de prática. Os políticos goianos aprenderam andar com as próprias pernas recentemente. Até pouco tempo, o Palácio das Esmeraldas era almejado por pessoas que queriam o governo para realizarem cerimônias de casamento dos filhos na grande “casa verde”. Uma política prematura. Homens prematuros que ousam na esfera pública.

A história da política goiana, porém, não é feita somente de quimeras. Tivemos grandes nomes. Alguns com chances reais no cenário nacional. Iris Rezende foi um exemplo. Conquistou o governo do Estado com maestria. Governou e transformou-se em mito no imaginário dos goianos. Mil casas em um dia, asfalto e espaços de lazer para maioria da população. Só acha pouco quem nunca morou de aluguel com três filhos com bronquite, asma e outras doenças respiratórias, em uma rua de terra. Tornou-se grande em Goiás e no Brasil.

O PMDB errou com Iris. Lançou Ulysses Guimarães na vez que era do goiano. Foi a vez dos goianos. Passou. Nem Demóstenes, nem Marconi, nem ninguém viveu momento semelhante. De lá pra cá foram só sonhos. Motivos de piada para mineiros e paulistas.

O ex-senador foi cotado entre os democratas. Também teve seu auge. Poderia ser o candidato dos conservadores. Alguém tinha que perder para Dilma/Lula em 2014. Um planejamento estratégico. No PSDB a conversa é outra. Lá o sentimento de previsão de derrota é velado. Nem para perder Marconi venceria internamente o mineiro Aécio Neves e o paulista José Serra. Uma briga de gigantes. O governador de Goiás não entra nessa disputa.

Basta conversar com pessoas de outros Estados sobre o grande lançamento de Marconi Perillo como possível candidato à presidência da República. Essa conversa não passou do espaço de eventos da pecuária goiana, onde aconteceu o último encontro do PSDB com a presença de Aécio. Uma pergunta e uma resposta instantânea: O que acha de Marconi como candidato à presidência? – risos.

Hoje somos só piada na macropolítica. A incidência do Estado goiano na mídia nacional tem outros motivos. Os maiores atualmente são Cachoeira e Juquinha. A capital goiana é Doverlândia. Nosso codinome é Monte Carlo.


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