O discurso da unidade das oposições em Goiás esbarra num ponto: na prática, a teoria é outra.
O deputado federal Ronaldo Caiado está sem lugar na terceira via de Vanderlan Cardoso e seu PSB, não tem vez na aliança PMDB-PT, por ser adversário declarado dos petistas, e pouca chance avista em raia própria na disputa pelo governo, talvez numa fragilizada aliança com o Solidariedade do colega deputado federal Armando Vergílio.
Logo, para Caiado só parece ter uma saída para tentar a reeleição ou uma vaga no Senado. Uma saída dolorosa. O retorno ao ninho da aliança com o PSDB.
Provavelmente por isso tem-se falado tanto que ou o deputado federal Vilmar Rocha será candidato a vice, e não ao Senado, ou terá de se contentar com a reeleição. Ou nada.
Na última semana, por exemplo, o presidente da Agecon/Agetop, Jayme Rincón, deixou claro, em entrevista à rádio Luz da Vida, que, hoje, a chapa majoritária é composta por Marconi Perillo (PSDB), José Éliton (PP) e Vilmar Rocha (PSD), no Governo, vice e Senado, respectivamente. Amanhã, porém, tudo pode mudar.
Tem espaço e vontade para a volta do democrata ao aconchego tucano. O próprio governador recentemente deixou claro isso ao jornal Diário da Manhã: “Não tenho problemas com Caiado”.
O que se vê, pois: a oposição que fala em se unir está jogando Caiado e o DEM, com seus minutos de TV e o restante de seus dotes, nos braços de Marconi Perillo.
Braços estes que abrigaram os benefícios de uma aliança partidária em sua campanha até os dias atuais.
Por ora, Caiado foge do assunto se apresentando como pré-candidato a presidente da República. Cuida da pauta nacional. No ano que vem é que decidirá o que fazer.
No tempo, novo e velho, o deputado vive situação inusitada com Marconi. Sempre critico, esteve a ponto de romper relações diversas vezes. Quando rompeu, reatou, ainda que fragilmente.
Agora, o discurso é mais duro.
Há quem diga que uma aposentadoria política seria menos vergonhosa ao democrata que um nova composição artificial com o tucano. O mesmo ramerrame da falta de recursos programáticos que acaba resultando na velha e acomodada polarização eleitoral.
Pra não sair da zona de conforto, PMDB-PT conforta a base do governador. E a questão é que ou a oposição busca unidade na prática, ou no ano que vem teremos mais do mesmo, com Marconi fortalecido pelos inimigos, que se derrotam mutuamente por antecipação, como se ninguém tivesse aprendido nada com 1998. Deu no que deu. No que tem dado.
Naquele ano, as oposições se uniram. Quatro anos antes, dividido, o mesmo grupo saiu derrotado. 16 anos depois, os derrotados não aprenderam a fazer oposição.
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