A nomeação da professora Angelita Pereira de Lima para assumir a reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG) gestão 2022-2025, deixou toda comunidade acadêmica e universitária surpresa, diante da indicação do presidente Jair Bolsonaro, contrariando o resultado da consulta, cuja vencedora foi a professora Sandramara Matias Chaves, eleita em junho de 2021.
Durante coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (11), a professora Sandramara disse que todo o processo de consulta à comunidade universitária não foi respeitado. Onde de acordo com ela, todo o projeto de sua chapa foi construído de forma totalmente coletiva.
”Criamos grupos de trabalho, foram criados inúmeros grupos que discutiram e construíram em cada setor da universidade um projeto de gestão no decorrer de todo esse processo da comunidade universitária. É um projeto de gestão que reflete as demandas, os interesses, as necessidades, as expectativas, os sonhos e anseios da comunidade. Nesse sentido, é revoltante o que aconteceu, exatamente porque esse processo não foi respeitado”, declara Sandramara Matias.
De acordo com Sandramara, apesar de não ter tido respeito por cada parte desse processo, a nova reitora professora Angelita Pereira, terá todo apoio tanto por parte dela, quanto por parte acadêmica da UFG.
”Com certeza, ela [Angelita] vai respeitar toda essa trajetória que foi percorrida no decorrer da consulta a comunidade universitária e também no conselho universitário. Mas o que fica para mim e toda a comunidade, é a revolta, a indignação de toda essa construção não tere sido respeitada”, frisa Sandramara.
Para Edward Madureira, ex-reitor da UFG, também presente na coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira, o sentimento é de indignação e revolta. ”Um desapontamento profundo, um desrespeito, acima de tudo, a universidade pública brasileira”, comenta Edward.
Durante sua fala, o ex-reitor disse que a UFG é mais uma vítima do que tem acontecido desde o início de 2018. Madureira, fazendo um breve retrocesso, explica que acompanha desde 1985 todo esse processo de reitoria da universidade.
”Desde 1985 nuca aconteceu nesta universidade uma situação em que o primeiro nome da lista não fosse o escolhido para dirigir a universidade. São 36 anos de respeito, em primeiro lugar, a democracia nessa instituição, de respeito a autonomia universitária”, completa Edward Madureira ‘É revoltante, nos deixa perplexos, indignados pelo o que aconteceu nesta madrugada”, reforça o ex-reitor.
Ele ainda explica que tudo foi feito dentro da legislação, ”mas infelizmente a gente convive com resquício do autoritarismo, da ditadura militar”, completa.
Edward explica que há muito tempo a lista não era tríplice, e sim sêxtupla que era encaminhada ao Ministério da Educação (MEC). Madureira explica ainda que não há ilegalidade no que foi feito quando Angelita Pereira foi nomeada por Jair Bolsonaro.
Formação da lista
Para os candidatos a reitoria da UFG, foi feito um edital público onde qualquer professor da comunidade universitária que atendesse as exigências do edital, cumprindo o que a legislação exige para o cargo de reitor, poderia ter se inscrito.
Edward afirma ainda que dentro deste processo, duas pessoas voluntariamente se inscreveram, e o conselho universitário a partir de seus conselheiros fez uma definição que foi a da professora Sandramara.
Madureira explica que não tem como você encaminhar uma lista que não seja tríplice. A lista tem que ser tríplice. ”O conselho vota e os três mais votados é que compõe a lista que é encaminhada para Brasília”, explica. O ex-reitor salienta que, por coincidência, tiveram três pessoas inscritas na UFG, onde a professora Sandramara Matias foi eleita com 64 votos, ficando em primeiro lugar da lista, ou seja, automaticamente seria a nova reitora. E a nomeada, Angelita Pereira, teve 1 voto, ficando em terceiro lugar na lista e nomeada por Bolsonaro.
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